Feliz 2017? Por que a Etiópia está sete anos atrás do Brasil
Em 11 de setembro de 2024, no calendário usado pelo Brasil, a Etiópia vai comemorar o ano novo. Mas a data "diferentona" para o Réveillon não é a única coisa que desafia a nossa forma de contar o tempo: o dia deve marcar a chegada de 2017 ao país africano.
A maior parte do mundo vive de acordo com o calendário gregoriano, assinado em 1582 pelo papa Gregório XIII, mas a Etiópia, que tem maioria cristã ortodoxa, adota o calendário Ge'ez, segundo a embaixada etíope nos Estados Unidos.
Esse sistema tem um cálculo alternativo da data do nascimento de Jesus, que para os etíopes aconteceu de sete a oito anos depois do que o calendário gregoriano afirma. A Igreja Católica Apostólica Romana ajustou o cálculo dos anos bem antes da criação do novo calendário, em 500 d.C, mas os etíopes sempre mantiveram a contagem descrita por documentos mais antigos, segundo especialistas ouvidos pela CNN internacional.
Além disso, a divisão do ano também é diferente: são 12 meses de exatamente 30 dias e um 13º "mês" com cinco ou seis dias adicionais, para que o calendário se encaixe com o ciclo do Sol. Em setembro, junto ao Ano Novo, se celebra o fim do tradicional período de chuva - e o início das colheitas nas áreas rurais.
Na véspera do Réveillon, vitrines de lojas e fachadas de shoppings são decoradas com as cores amarela e marrom, uma referência à adey abeba, flor endêmica que só se colhe naquela época do ano e que dá nome à capital da Etiópia.
Outros eventos comemorados no calendário gregoriano tem uma data e comemoração diferentes na Etiópia: o Natal, por exemplo, é em 7 de janeiro. Na Etiópia, ele não conta com luzes coloridas e enfeites. A maior simbologia da data é o jejum de 43 dias que muitos fiéis costumam seguir à risca, todo ano, desde 25 de novembro. Durante este período de preparação para a data, espera-se que eles não consumam alimentos de origem animal nem bebidas alcoólicas. Alguns fazem apenas uma refeição por dia.
"Nós somos únicos. Nunca fomos colonizados. Temos nosso próprio calendário, nosso próprio alfabeto, nossas próprias tradições culturais", comemorou Eshetu Getachew, CEO da agência de turismo Rotate Ethiopia Tours And Travel, à CNN americana.
A Etiópia sofreu seis anos de ocupação militar italiana mas, ainda assim, é definida como uma das duas nações africanas que nunca foram colonizadas - ao lado da Libéria. Apesar da contagem diferente, escolas e empresas internacionais com unidades em cidades etíopes têm a tendência de seguir o calendário gregoriano, para evitar confusões.
Dia começa às 6h, não à meia-noite
Além dos dias e meses, o relógio na Etiópia também corre de forma diferente, com o "marco zero" do dia às 6h e não à meia-noite.
O que para nós é seis da manhã, é meia-noite para o sistema etíope. A ideia é que essas doze horas vão correr do amanhecer até o pôr do sol.
"Honestamente? Eu não sei porque o horário na Europa muda à meia noite, já que todo mundo dorme", opinou o fotógrafo etíope Abel Gashaw à CNN.
*Com informações de RFI
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