Colar com dente de tubarão extinto é achado em destroços do Titanic
Um colar de ouro com pingente feito a partir do dente de um tubarão pré-histórico — e, portanto, já extinto — foi encontrado nos destroços do Titanic após o escaneamento tridimensional do navio naufragado, informou a CNN americana.
A joia exótica está no fundo do oceano há mais de 100 anos, desde que o malfadado transatlântico afundou em 1912, segundo a Magellan, empresa à frente do mapeamento e investigação do estado da embarcação.
O dente em questão seria de um Otodus megalodon, ou simplesmente um megalodonte que viveu nas águas do planeta há mais de 23 milhões de anos e era mais rápido do que qualquer das espécies vivas na atualidade.
O animal também era grande o suficiente para comer uma baleia orca inteira em apenas cinco mordidas, de acordo com a publicação.
"Surpreendente, lindo e de tirar o fôlego"
Foi assim que Richard Parkinson, presidente da Magellan, qualificou o achado de sua equipe a 3.800 metros de profundidade. Veja o dente no centro das imagens abaixo:
"O que não é largamente compreendido é que o Titanic está em duas partes [no fundo do oceano] e há um campo de 7,8 km² entre a proa e a popa. O time mapeou a área com tamanha minúcia que pudemos ver estes detalhes", disse à ITV, canal do Reino Unido.
Ao jornal The Daily Mail, a empresa anunciou que planeja usar inteligência artificial para identificar o dono do colar (e de outros objetos) a partir de imagens conhecidas dos passageiros no momento em que embarcaram e contatar os descendentes das 2.200 pessoas a bordo do Titanic.
As imagens podem revelar o que aconteceu com o Titanic?
O Titanic foi bastante estudado desde que seus destroços foram encontrados em 1985. Mas sua enorme extensão e a localização em áreas remotas dos mares só rendem imagens parciais e nem sempre claras do navio.
Graças ao novo mapeamento, cientistas agora podem contemplá-lo inteiramente — ao menos, tanto quanto for possível, já que o navio se partiu em duas porções ao afundar. A proa e a popa estão separadas, no fundo do oceano, por 800 metros. Há, contudo, destroços neste espaço, onde foi encontrado o colar.
Como foi realizado o escaneamento?
Em primeiro lugar, equipamentos subaquáticos controlados remotamente por um time a bordo de um navio especializado passaram mais de 200 horas capturando imagens do comprimento e da largura do Titanic. Em seguida foram utilizadas um total de mais de 700 mil imagens de todos os ângulos para realizar uma reconstrução 3D fiel do navio.
Gerhard Seiffert, líder da expedição da Magellan, garantiu à BBC que foi o maior projeto de mapeamento que já fez. "A profundidade, de quase 4 mil metros, representa um desafio, e você tem correntes de água no local também. Não podíamos tocar nada para não danificar os destroços", enumerou.
"Outro desafio foi ter que mapear cada centímetro quadrado — mesmo as partes desinteressantes, como no vão de destroços em que você tem que mapear a lama —, mas você precisa preencher [as lacunas] entre todos estes objetos interessantes", explicou.
Os resultados encontrados
O mapeamento revelou tanto a escala do navio como alguns detalhes, como o número de série de uma de suas hélices. A proa, agora coberta de estalactites de ferrugem, ainda é "instantaneamente reconhecível", segundo a BBC, mesmo após mais de um século. É possível ainda ver o vão no deque onde esteve antes uma grande escadaria.
Já o estado da popa é mais complexo, já que esta porção teria sofrido mais danos ao afundar. Mas nos destroços ao redor do navio é possível encontrar porções metálicas da decoração, estátuas e garrafas nunca abertas de champagne. Há ainda objetos pessoais dos viajantes, como dúzias de sapatos.
A corrida contra o tempo
Parks Stephenson, expert que estuda o Titanic há anos, acredita que o grau de detalhes oferecido pelo projeto da Magellan com a Atlantic Productions pode oferecer novas ideias sobre o que aconteceu com o Titanic na noite do naufrágio.
"Não entendemos bem o caráter da colisão com o iceberg. Não sabemos nem mesmo se o navio colidiu a estibordo, como é mostrado em todos os filmes — ele pode ter "ancorado" [colidido por baixo] no iceberg", sugeriu a BBC. Ao estudar o estado da popa, ele acredita que pode ser revelada a dinâmica de como o Titanic afundou.
Um dos maiores desafios para pesquisadores é o fato de que a erosão marítima e a fauna e flora locais estão degradando, cada vez mais, as partes restantes daquele que foi o maior transatlântico do mundo. As novas imagens obtidas, contudo, oferecem um retrato "congelado" no tempo do Titanic e permitirão um estudo mais aprofundado durante anos.
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