Este croquete de carne japonês tem fila de espera de 32 anos; saiba por quê

Uma porção do croquete de carne do Asahiya, um açougue familiar na cidade de Takasago — no oeste do Japão —, é tão cobiçada que existe uma longa fila de espera por ele: é só pedir hoje e receber daqui a 32 anos.
Feitos de bife Kobe, um corte de carne de alto padrão da raça Tajima do gado Wagyu (também conhecido como o boi japonês preto), eles possuem os benefícios associados tipicamente à este tipo de peça: alto nível de marmorização — a infiltração da gordura na musculatura — com maciez, consistência e sabor amanteigado.
Não à toa, os quitutes conquistaram os japoneses da região de Hyogo há décadas.
Segundo a CNN americana, o Asahiya começou a produzir croquetes logo após a Segunda Guerra, embora sua experiência com carne a essa altura já fosse longa: o açougue foi fundado em 1926. No entanto, o que era uma delícia local se tornou mais popular quando o estabelecimento passou a comercializar o petisco pela internet no início dos anos 2000.
São seis os tipos de croquetes oferecidos pelo Asahiya, de acordo com o seu site. E todos são disputados, com filas de espera que variam de três semanas aos tais 32 anos para o mais cobiçado, o Croquete "Extreme".
Ao redor da carne A5 (maior gradação na escala de qualidade deste tipo de bife) de uma fêmea de três anos, há uma casquinha de batata. Ela é preparada à base do vegetal cultivado em solo fertilizado com o composto de estrume do gado Wagyu, sem nenhum aditivo químico ou conservante no produto final.
A porção "dos sonhos" possui apenas cinco unidades, que é vendida por 2.700 ienes ou R$ 105. Achou caro? É bom lembrar que uma peça de bife Wagyu pode custar milhares de reais, justamente devido ao longo processo de criação do gado, apenas comendo pasto e em condições ideais de engorda, para a carne manter sua maciez.
A história do croquete 'de ouro'
"Começamos a vender produtos na nossa loja online em 1999. Na época, oferecemos os Croquetes 'Extreme' como um teste", contou à CNN americana Shigeru Nitta, neto do fundador do açougue. Ele cresceu acompanhando visitas a ranchos de criação de gado e leilões com seu pai, assumindo a loja em 1994, quando tinha 30 anos.
Sua ideia de anunciar os croquetes nasceu como uma estratégia para atrair clientes online para sua carne de primeira, de altos preços.
"Vendíamos os Croquetes 'Extreme' por 270 ienes (R$ 10,50) cada. A carne neles, sozinha, custa cerca de 400 ienes (R$ 15,50). Fizemos croquetes gostosos e acessíveis que apresentavam o conceito da nossa loja. Era uma estratégia para ter clientes provando os croquetes e esperando que eles comprassem nosso bife Kobe depois da primeira mordida".
Para não ficar no prejuízo, eles só fabricavam cerca de 200 croquetes a cada semana, na cozinha ao lado do açougue.
"Só vendemos o bife criado por pessoas que conhecemos. Nosso balcão só vende carne produzida na região de Hyogo [destino famoso pelo Wagyu], seja bife Kobe, carne de porco Kobe ou frango Tajima. Este é o estilo desde antes de me tornar o dono", explicou Nitta.
No início do negócio, o avô de Shigeru Nitta costumava ir até Sanda — área em Hyogo famosa pela criação de gado — de bicicleta com um carrinho de mão para buscar as peças que iriam à venda, apenas dos pecuaristas de sua confiança.
O sucesso
Pouco após seu lançamento, o petisco agradou tanto que ganhou atenção da mídia japonesa. A popularidade, desde então, só cresceu e o açougue parou de comercializá-lo em 2016 quando a espera atingiu 14 anos. No entanto, os pedidos nunca pararam, o que fez com que Nitta retomasse a produção no ano seguinte, mas com preços maiores.
Desde então, ele já teve que ser reajustado outras vezes. "Desde que a exportação de bife Kobe começou, os preços da carne já dobraram, então o fato é que a produção de croquetes continua gerando prejuízo", explica. Apesar do aperto, ele deixou de produzir 200 croquetes por semana para fabricar 200 por dia.
Eles são vendidos congelados, para que o cliente possa aquecê-lo em casa e comer quentinho. Mas não há planos para produzir mais ou mais rápido e encurtar a fila de espera. "Eu sinto muito que as pessoas tenham que esperar. Quero fazer croquetes mais rapidamente e enviá-los tão cedo possível, mas se eu fizer isso, o açougue vai falir".
Ele mantém a produção porque cerca de metade daqueles que experimentam o croquetinho disputado compram o bife, mas garante que sua principal motivação não é o marketing, mas sim tornar o bife Kobe conhecido. "Quando começamos a vender pela internet, recebi muitos pedidos de ilhas remotas e isoladas. Muitos só tinham ouvido falar dessa carne pela tevê."
Para ele, o momento mais inesquecível de sua jornada de divulgação dos produtos de sua terra foi quando recebeu um pedido de um paciente com câncer que queria provar os croquetes.
"Ouvi que os croquetes eram a motivação do paciente para seguir em frente com a cirurgia. Foi o que mais me surpreendeu", contou Niita ao veículo dos EUA. Após a operação, ele recebeu uma ligação do homem, que dizia que "esperava viver muito sem reincidência do câncer", após provar seus croquetes. Desde então, ele é um cliente fiel da casa.
"Fiquei muito emocionado", relembra o açougueiro.
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