Casa alugada vira laboratório criativo e ganha a cara de casal de moradores

"Chamamos essa casa de laboratório porque fazemos mil experimentos aqui. Sabe aquele lugar bagunçado onde o cientista pode derrubar coisas na bancada?" — é assim que Jorge Felipe Oliveira começa a apresentar o lar que divide com a esposa, Thais Melo, a filha, Flora, e as pets Cora e Serena.

Embora seja alugada, a casa oferece liberdade criativa, ingrediente importantíssimo para a dupla, já que ele está à frente do escritório Ori Design de Interiores (@ori.interiores) e ela trabalha com artes manuais.

Apês para se inspirar

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"Nos encontramos nas Artes e essa casa diz muito sobre quem somos, nossos gostos e intenções", conta.

É claro, por ser um imóvel de aluguel, fazia sentido investir em coisas que possam ser levadas para outra casa e em tinta, recurso econômico para fazer grandes mudanças. "Não precisa trocar piso ou revestimentos, mas é possível fazer com que a casa nos represente de outras formas. Mobiliários mais soltos, plantas e objetos compõem bem os ambientes", aponta.

Um aluguel em São Paulo leva no mínimo 30 meses de contrato. Durante esse tempo todo você vai olhar para uma casa que não te acolhe, que não te representa?"

Referências que guiaram a decoração

Estudioso do universo da casa, Jorge se deixou guiar por duas influências para chegar às figuras geométricas que estão na maioria dos espaços.

"Meu trabalho tem referência de duas escolas do Design Ocidental: a primeira é a Bauhaus, no sentido conceitual, aproximando o artesão e o designer, no caso, eu e Thais. Nós mesmos fizemos as luminárias, bancos, mesas de cabeceira e instalamos as prateleiras do ateliê", conta.

Outra inspiração é a escola Memphis, surgida no fim dos anos 1970, que rompia com os padrões estéticos. Aliás, padronizar é algo avesso a esta casa. Cores, objetos e arte popular brasileira se aliam a plantas da Mata Atlântica, sem se ater a combinações herméticas.

"Temos uma relação forte com plantas. Tentamos incluir a brasilidade nativa nos ambientes, além da produção artística, já que nossa linguagem está inserida numa decoração que tem influências europeias como Bauhaus e Memphis", explica Jorge.

O último espaço que passou pela criação no "laboratório" foi a cozinha. "Vínhamos de uma cozinha antiga e padronizada. Geralmente experimentamos estampas só no frontão da pia. A ideia aqui foi envelopar as paredes sem seguir o caminho mais comum de mudar revestimentos ou pintar azulejos", aponta.

Colorido e vibrante, o lar de Jorge, Thaís e Flora é uma ferramenta de autoconhecimento também. "A casa está associada ao nosso humor. Tem dias que amo esse quarto e outros em que vejo a sala com olhos renovados, deslumbrado com a beleza de um ângulo", diz Jorge. Está aí um exercício que ele recomenda: olhar para a casa e enxergar a beleza — ou então, buscá-la.

Dicas do Jorge para ter uma casa descolada

• Injete cor. "O caminho das cores é muito interessante. O leque de tonalidades é gigante, basta entender a sensação que você quer que sua casa transmita. Compreendendo isso você pode encontrar suas cores."
• Plantas, sempre. "Elas são capazes de fazer uma mudança completa após a camada de tinta. Se você colocar 3 plantas num espaço, já estará em um lugar diferente."
• Adesive. "Em áreas com restrição maior, como azulejos, adesivos são uma boa solução. Aplicamos na cozinha e amamos o resultado."
• Estude sua casa. "Entenda a funcionalidade de cada ambiente e como você vai habitar aquele espaço. Isso torna muito mais fácil a tomada de decisões."

@s que me inspiram

@lottlott

“Acompanho Michell há muito tempo e sempre achei a produção dele impecável na cenografia. As composições são deslumbrantes, ele é talentoso ao extremo.”

@HermetoPascoal

“Hermeto é o bruxo da música nacional e uma forte influência para mim. A compreensão dele em relação à música é um ponto interessante, ele observa tudo e consegue produzir a arte dele, com uma percepção sensível e desconstruída.”