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O vestido mais 'quente do momento' reproduz a nudez e custa R$ 3 mil

O "naked dress", criado por Jean Paul Gaultier e a artista Lotta Volkova, é a roupa mais desejada do momento, segundo pesquisa - Reprodução/Joshua Bratt/The Sunday Times
O "naked dress", criado por Jean Paul Gaultier e a artista Lotta Volkova, é a roupa mais desejada do momento, segundo pesquisa Imagem: Reprodução/Joshua Bratt/The Sunday Times

De Nossa

10/08/2022 04h00

A celebração do corpo vem se tornando cada vez mais uma tendência na moda. As armaduras sensuais da Schiaparelli, as peças reproduzindo corpos nus na Semana de Moda de Paris e a ascensão da marca Y/Project, já vestida por Anitta, são alguns dos exemplos.

Nesse caminho, o "naked dress" — "vestido nu", em tradução literal — se destaca: de acordo com a Lyst Index, plataforma de pesquisa no mercado da moda, a roupa é a mais "quente do momento", ou seja, a mais pesquisada entre o público feminino.

O look ficou atrás apenas de acessórios, como a bolsa da Diesel e o tênis da collab entre a Adidas e a Gucci — a grife, por sinal, conquistou o 1º lugar entre as casas de moda mais poderosas do mundo e desbancou a Balenciaga.

O vestido, a única peça "vestível" no top 3, é uma criação da Jean Paul Gaultier, mas não sozinha.

O modelo foi desenvolvido em uma colaboração com a artista Lotta Volkova, conhecida por sua abordagem hispter da moda, e estava disponível em duas versões: uma para a pele branca e outra para a negra.

Fora de estoque no site oficial da grife italiana, a peça anteriormente poderia ser comprada por 590 euros, aproximadamente R$ 3 mil, e estava disponível dos tamanhos PP ao XL.

Naked Dress | Jean Paul Gaultier x Lotta Volkova - Reprodução/Jean Paul Gaultier - Reprodução/Jean Paul Gaultier
Naked Dress | Jean Paul Gaultier x Lotta Volkova
Imagem: Reprodução/Jean Paul Gaultier
Naked Dress | Jean Paul Gaultier x Lotta Volkova - Reprodução/Jean Paul Gaultier - Reprodução/Jean Paul Gaultier
Naked Dress | Jean Paul Gaultier x Lotta Volkova
Imagem: Reprodução/Jean Paul Gaultier

Com um aumento de buscas em 436% no último trimestre de 2022, o vestido nasceu da reinterpretação de algumas peças de arquivo da coleção Primavera/Verão de 1996 da Jean Paul Gaultier, intitulada "Cyberbaba". Nela, o corpo, em tamanho real, protagonizava os looks das roupas.

Um deles, inclusive, colocava o corpo do homem sobreposto ao da mulher — como um questionamento sobre o papel da masculinidade na sociedade. Outros deles vestiam como se fossem tatuagens em um corpo ainda virgem de tinta.

Em comunicado oficial enviado à imprensa, a estilista Lotta Volkova falou sobre a experiência de poder fundir seu trabalho ao da grife francesa: "O que me impressionou foi extrema excentricidade, visão intransigente, sagacidade e celebração festiva sem fim de moda, cultura, música e culturas underground que formavam um mundo extraordinário de Jean Paul Gaultier".

A artista Lotta Volkova - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A artista Lotta Volkova
Imagem: Reprodução/Instagram

Para ela, a colaboração é uma viagem ao passado com os pés no presente, uma passagem de tempo que a inspirou para produzir a peça tão popular, como reportou a Lyst Index em seu relatório.

"Foi uma honra incrível poder descobrir os arquivos, fetichizar e reimaginar as icônicas coleções de Jean Paul Gaultier no contexto de 2022, reintroduzindo-as em um guarda-roupa contemporâneo".

Volkova ganhou notoriedade no mundo da moda ao trabalhar na Vetements, etiqueta fundada por Guram Gvsalia e Demna Gvsalia. Depois disso, se uniu a Demna para atuar como stylist do diretor criativo na Balenciaga — o que pode explicar muito sobre suas técnicas nada convencionais.

Hoje em dia, além de criar suas próprias roupas, ela também assume o styling de desfiles de grandes grifes, como a Miu Miu e a Blumarine.

Para a Jean Paul Gaultier, Volkova, a mente ultra criativa, aplicou sua habilidade natural de dar às peças de moda nostálgicas uma atualização moderna, incluindo roupas de baixo inspiradas em espartilhos e peças sob medida com detalhes no estilo S&M — no melhor da moda fetichista.

O "vestido nu", por sua vez, não é inédito. O look foi apresentado pela Gaultier na coleção de Outono/Inverno 2014. À época, a modelo apareceu na passarela com o visual coberto por um sobretudo e uma máscara de látex, como temos visto recentemente nos desfiles da Balenciaga.

Jean Paul Gaultier | Outono/Inverno 2014 - Divulgação - Divulgação
Jean Paul Gaultier | Outono/Inverno 2014
Imagem: Divulgação

O sucesso do "naked dress"

Y/Project | Outono/Inverno 22 - Divulgação - Divulgação
Y/Project | Outono/Inverno 2022
Imagem: Divulgação

Os "vestidos nus" estão entre os grandes favoritos das celebridades nos tapetes vermelhos de premiações e exploram diferentes perspectivas — desde aqueles que deixam o corpo à mostra, literalmente, com o uso de tecidos transparentes, até os estampados com a forma humana, como o de Jean Paul Gaultier.

O primeiro deles — ou o mais memorável na história — foi o utilizado por Marilyn Monroe, em 1962. O look ganhou notoriedade neste ano ao ser reutilizado por Kim Kardashian para o Met Gala 2022. A influenciadora chegou a ser acusada de danificar a peça.

Marilyn Monroe, em 1962, com o vestido usado por Kim Kardashian para o Met Gala 2022 - Getty Images - Getty Images
Marilyn Monroe, em 1962, com o vestido usado por Kim Kardashian para o Met Gala 2022
Imagem: Getty Images
Kim Kardashian no Met Gala 2022 com o vestido do acervo de Marilyn Monroe - Kim Kardashian - Kim Kardashian
Kim Kardashian no Met Gala 2022 com o vestido do acervo de Marilyn Monroe
Imagem: Kim Kardashian

Entre as grifes que apostaram nesses modelos em seus mais recentes desfiles estão a Y/Project e a Balmain. Nessa última, o tecido se molda ao corpo a partir da sombra dos modelos. O contraste do preto e branco é um testemunho do "naked dress" mais sóbrio, embora ainda sensual e luxuoso.

Balmain | Outono 2022 - Divulgação - Divulgação
Balmain | Outono 2022
Imagem: Divulgação