Além da Liberdade: outros lugares de SP para ver a cultura japonesa 'raiz'
Se alguém deseja conhecer a cultura japonesa em São Paulo, a primeira opção é unânime: visite a Liberdade. Mas fugir do óbvio vale a pena, até porque o bairro nipônico hoje é altamente influenciado por outras culturas asiáticas, como a chinesa.
Outros locais da cidade, como a Japan House, visitada por Isa Scherer no programa "À moda da Isa", conservam as tradições do país do sol nascente com mais fidelidade em ótimas opções de passeios, cursos e gastronomia. Assista ao episódio no topo da matéria para conferir como é o centro cultural na Avenida Paulista e, abaixo, veja lugares "raiz" que a reportagem de Nossa conheceu.
Um pouco de história
Em 1908, o navio Kasato Maru aportou em Santos para trazer o grupo inicial de japoneses após um acordo imigratório com o governo brasileiro.
Além do bairro da Liberdade, os pioneiros se fixaram em regiões como a Vila Nova Cachoeirinha, na Zona Norte, e o Carrão, na Zona Leste, onde a presença é grande dos originários de Okinawa. Ao longo do tempo, reuniram-se também na Zona Sul e próximos da Paulista.
As 47 províncias japonesas estão representadas na capital paulista espalhadas em associações chamadas de "kenjinkai ".
De luta a treino de memória
Tudo de Okinawa
Na Vila Mariana, a atração é a programação da Osaka Naniwa Kai.
Fundado em 1965, o centro se destaca pela agenda de atividades feitas por voluntários apaixonados pela cultura do arquipélago, como Mônica Oka, de 29 anos, professora e integrante da seleção brasileira de kendo.
Durante a visita de Nossa, foi possível conferir de perto as aulas do esporte, que surpreende pelo uso de uma armadura e capacete para proteger dos golpes de uma espada de bambu. Crianças e adultos de todas as idades interagem em uma harmonia espantosa para uma "luta".
Originário do finalzinho do século 19, quando o país começou a ter mais contato com a cultura ocidental, o kendo foi criado para manter viva a arte de espada dos samurais, que estavam em extinção. Mônica afirma:
Quando eu pratico kendo, sinto que é um espelho da forma como ajo na vida. Se eu titubeio, não tenho iniciativa, apanho e acordo. É um processo intenso de autodescoberta".
Os gritos dados quando se aplicam os golpes se tornam uma ótima válvula de escape para quem passa o dia trabalhando estressado. O espaço oferece aula para iniciantes e disponibiliza uniforme.
Além do kendo, está na programação aberta ao público geral aulas de Rizumu Taisso, tipo de ginástica aeróbica dançante, e Karuta, jogo de cartas que se utiliza da coletânea de poemas clássicos para treinar a memória, os reflexos rápidos e a resistência física e mental.
O saquê como ele é
Compras e cursos
Os amantes de saquê correm o risco de ficar "traumatizados" numa degustação na Mega Sake, espaço 100% dedicado à bebida fermentada de arroz no Jardim Paulista, bairro vizinho ao Paraíso e à Vila Mariana, onde se concentram multinacionais japonesas e, por isso, expatriados e nikkeis.
Mas calma, a surpresa é boa: a sensação é de provar um saquê pela primeira vez. Na loja com cara de escola de Fabio Ota, primeiro brasileiro a ter o Master Sake Sommelier e mais onze outros títulos internacionais no currículo, vende-se bebidas importadas refrigeradas a -5ºC.
Isso garante um sabor mais suave, com notas aromáticas que são imperceptíveis quando a iguaria é transportada incorretamente.
"Uma garrafa nunca pode encarar mais do que 15 graus de temperatura. Imagine passar dois meses em um contêiner aos 50 graus até chegar no Brasil".
A maior parte do saquê vem, literalmente, cozido. Desta forma, o sabor do álcool é mais acentuado, encorpado, se é frutado, fica enjoativo".
Vale dar o match com algum dos oito rótulos oferecidos de forma exclusiva e selecionados graças a visitas de Ota pelas principais fábricas japonesas. O resultado de tamanha dedicação: após 13 meses de trabalho, a Mega Sake atende 130 restaurantes importantes da cidade, como o DOM, do chef Alex Atala.
Formado em direito e ciências contábeis, Ota trabalhou em grandes multinacionais, como a japonesa Casio, onde conheceu Aya Tamaki, esposa e sócia responsável pelo trâmite de importação das bebidas, que costumam chegar em contêineres de 14 mil unidades por vez.
Ota viajou ao país pela primeira vez aos 13 anos ao lado do avô, que era jornalista. Desde então, apaixonou-se pela cultura a ponto de trocar uma vida profissional estável no mundo corporativo para ter seu negócio dedicado ao saquê.
No momento, ele planeja a abertura de outra unidade, além da expansão dos cursos para especializar funcionários de bares a servir a bebida adequadamente aos clientes.
Vai lá também >>
Japan House. Avenida Paulista, 52 Bela Vista. 10h/18h (sáb. 9h/19h; dom. 9h/18h; fecha seg.). Entrada gratuita
Naniwa-Kai - Associação Cultural dos Provincianos de Osaka. Rua Domingos de Morais, 1581, Vila Mariana. 8h/21h (fecha de sex. a dom.)
Mega Sake. Alameda Joaquim Eugênio de Lima, 1416, Jardim Paulista. 10h/19h (fecha sáb. e dom)
Vai deixar saudade!
À moda da Isa Scherer
Relembre os outros episódios de 'À moda da Isa'. O programa que reúne rolês atrativos e receitas criativas foi que foi ar no UOL Play e está disponível sempre que quiser no YouTube de Nossa!
Assista como é garimpar no brechó, fazer aula de cerâmica e passear na Japan House, no centro de SP, no Ceagesp, na exposição imersiva do Van Gogh e no Beco do Batman com Isa Scherer.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.