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Viagem ao exterior caiu 80% em 2 anos; SP é destino mais visitado no Brasil

Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos: estado foi o mais procurado por viajantes domésticos em 2021 - Werther Santana/Estadão Conteúdo
Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos: estado foi o mais procurado por viajantes domésticos em 2021 Imagem: Werther Santana/Estadão Conteúdo

De Nossa

06/07/2022 11h00

A pandemia de covid-19 mudou bastante não só as condições como a forma com que o brasileiro viaja. A conclusão é da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua de Turismo 2020-2021, um estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a respeito do cenário do setor no último ano, divulgada nesta quarta (6).

O número de viagens caiu 41% na comparação entre os anos de 2019, anterior à chegada do coronavírus do Brasil, e 2021. Há três anos, foram realizadas 20,9 milhões de viagens e 21,8% das casas no país tinha algum morador que viajou. Em 2020, este número caiu para 13,9% e, em 2021, para 12,7%, com um total 12,3 milhões de viagens feitas no país.

Apesar de palpável o impacto da pandemia, o principal motivo levantado pelos entrevistados para desistir de um trajeto durante o período não foi, diretamente, a covid-19, mas sim a falta de dinheiro no bolso, uma realidade decorrente da situação sanitária. Em 2020, 33,3% dos entrevistados não viajaram por questões financeiras, em 2021, o percentual foi de 30,5%.

Em 2020, 19,2% responderam não ter necessidade de fazer uma viagem no momento; este número foi de 20,8% em 2021. Já para 9,6% faltou tempo e expressivos 20,9% manifestaram "outro" motivo — entre eles, impossibilidade de pegar um avião, necessidade de isolamento ou estar atualmente lidando com uma infecção pelo coronavírus.

O dinheiro, e não a covid-19, foi o principal motivo para deixar de viajar em 2021 para a maioria dos brasileiros - Getty Images/iStockphoto/lucato - Getty Images/iStockphoto/lucato
O dinheiro, e não a covid-19, foi o principal motivo para deixar de viajar em 2021 para a maioria dos brasileiros
Imagem: Getty Images/iStockphoto/lucato

Quando se leva em consideração a situação financeira do entrevistado, as prioridades mudam: preocupações com a pandemia impediram as viagens de 44,8% daqueles que ganham quatro salários mínimos ou mais. Já para 44,4% daqueles que recebem até meio salário mínimo, os custos foram a principal razão para não viajar.

Apenas os mais ricos viajam mais por lazer

Do total de viagens de 2021, 85,4% foram por motivos pessoais — sejam eles por descanso, saúde ou outra razão. No ano do trabalho remoto, apenas 14,6% foram profissionais.

Algum morador viajou em 2021 em um terço (33,1%) dos endereços em que a renda por pessoa na casa era de quatro salários mínimos ou mais. Mas a situação era bem diferente nas residências em que o ganho por morador estava abaixo de meio salário mínimo: apenas 7,7% destas casas abrigou algum viajante durante o último ano.

Viagem por lazer foi mais comum apenas entre os mais ricos em 2021 - iStock/Getty Images - iStock/Getty Images
Viagem por lazer foi mais comum apenas entre os mais ricos em 2021
Imagem: iStock/Getty Images

Ou seja, o número de domicílios brasileiros mais ricos com viajantes foi mais de quatro vezes maior que os mais pobres em 2021.

Ao olhar mais de perto o motivo das viagens por classe social, 35,1% das viagens dos brasileiros mais pobres — aqueles endereços em que a renda foi de menos de meio salário mínimo por morador em 2021 — foi por motivo de saúde e apenas 14,3% por lazer.

Nas residências mais ricas do país, em que a renda por pessoa é de quatro ou mais salários mínimos, 57,5% das viagens feitas no último ano foram por diversão e 4,4% para tratamento de saúde.

Viagens ao exterior despencaram; SP foi destino favorito

Como esperado, especialmente diante das dificuldades impostas pelos protocolos sanitários em aeroportos, as viagens internacionais caíram significativamente nos últimos dois anos de pandemia.

Em 2019, 3,8% de todas as viagens realizadas no Brasil tiveram como destino o exterior. Este índice foi de 0,7% em 2021, uma queda de mais de 80%. E os viajantes realmente se mantiveram mais longes dos aeroportos em tempos de covid: cerca de 57,2% das viagens de 2021 foram em carro particular ou de empresa, 12,5% em ônibus de linha e 10,2% de avião.

O carro foi o principal meio de viagem do brasileiro, que deixou o avião de lado durante a pandemia -   -
O carro foi o principal meio de viagem do brasileiro, que deixou o avião de lado durante a pandemia
Imagem:

Os gastos com o turismo nacional, aqui mesmo dentro do nosso território, também caíram no período. Em 2020, já durante a pandemia, os brasileiros abriram a carteira e injetaram R$ 11 bilhões em viagens nacionais com pernoite. Em 2021, o valor foi de R$ 9,8 bilhões.

São Paulo foi o destino mais buscado pelos viajantes brasileiros: uma em cada cinco viagens (20,6%) teve o estado como ponto de chegada. Minas Gerais ficou em segundo lugar com 11,4% e Bahia em terceiro com 9,5%.

Não à toa, os estados que receberam os maiores gastos das viagens foram São Paulo, com R$ 1,8 bilhão; Bahia, com R$ 1,1 bilhão; e Rio de Janeiro, com R$ 1 bilhão.