Topo

5 motivos para assistir à "Julia", série sobre a "Palmirinha americana"

Sarah Lancashire dá vida à Julia Child em nova série da HBO Max Imagem: Reprodução/HBO

Gabrielli Menezes

De Nossa

19/05/2022 04h00

Julia Child (1912-2004), espécie de Ofélia e Palmirinha dos Estados Unidos, vive um momento de renascimento. A apresentadora e culinarista que já foi interpretada por Meryl Streep no filme "Julie & Julia" (2009) ganhou novas produções em sua homenagem.

Em 2021, o documentário "Julia" (disponível no YouTube) contou a sua história por meio de imagens de arquivo inéditas e depoimentos de chefs. Neste ano, seu legado inspirou a competição culinária "The Julia Child Challenge", que entrará no streaming Discovery em 28 de junho e (spoiler!) teve uma brasileira como campeã, e a série "Julia", que fisgou o coração e o apetite de foodies do mundo todo.

A produção original da HBO Max acabou de sair do forno: o último episódio estreou em 5 de maio na plataforma. No total, são oito capítulos de duração média de 45 minutos que apresentam com charme e bom-humor os bastidores do "The French Chef".

Imagem: Reprodução/HBO

O pioneiro programa de culinária comandado por Julia Child foi colocado na TV aberta em 1963, dois anos depois do lançamento do livro "Dominando a Arte da Cozinha Francesa" (Mastering the Arto of French Cooking), no qual a americana esmiuçou as receitas e as técnicas culinárias francesas que aprendeu na Le Cordeu Bleu, de Paris, quando o marido e diplomata Paul Child foi trabalhar na França.

Com a ajuda da pesquisadora Joana Pellerano, que promove um curso sobre a série, listamos 5 bons motivos para dar o play e se divertir com "Julia".

1.
A irreverência de Julia rende cenas hilárias

A personalidade da cozinheira é uma atração por si só. E os espectadores entendem isso logo no primeiro episódio graças à brilhante interpretação da atriz britânica Sarah Lancashire, que — pasme! — não deixa saudade de Maryl Streep.

Imagem: Reprodução/HBO

Julia não tinha nem televisão em casa quando foi convidada para ir ao programa "I've Been Reading", em 1962, falar sobre o livro de culinária. Mas seguiu a sua intuição e levou consigo uma chapa elétrica, uma frigideira e alguns ingredientes (ovos, manteiga, sal e pimenta) na bolsa.

Em certo momento da entrevista, ela procurou uma tomada, ligou o aparelho, esquentou a frigideira e preparou ao vivo uma omelete francesa cremosa, explicando ao público tim-tim por tim-tim.

O apresentador, boquiaberto de vergonha ao ver alguém montar uma cozinha improvisada no seu programa culto, esboçou um quase-sorriso apenas ao provar uma mordida. Ao contrário do que pensava o host, a audiência gostou da cena e a emissora recebeu um número inédito de cartas: 27.

A partir dessa situação, Julia segue uma jornada irreverente em busca do seu próprio show.

2.
The French Chef lançou recursos

Julia Child com uma ave inteira nas mãos Imagem: Reprodução

Até a década de 1960, quando a TV norte-americana engatinhava, a cozinha não era vista como entretenimento — só como propaganda. A série acompanha a construção do programa que foi pioneiro ao colocar forno, pia e fogão no estúdio de gravação e, ainda, ao enfrentar desafios próprios do formato.

Isso significa dar um jeitinho de colocar um espelho sobre os armários do cenário para a câmera captar a receita de um ângulo melhor, fazer testes e mais testes para explicar em 30 minutos como preparar um pão do zero e lidar com a desaprovação por barreiras culturais ao apostar num prato inusitado, como molejas (timo bovino).

Muitos desses truques se estabeleceram como padrões técnicos ou impulsionaram novas soluções. Ver o nascimento de "The French Chef" é ver o nascimento de todas as produções audiovisuais de gastronomia que vieram depois, mesmo com o passar do tempo e a mudança da mídia.

3.
Faz todo mundo querer cozinhar e comer

"Gosto de cozinhar com vinho. Às vezes até coloco na comida..." (Julia Child) Imagem: Reprodução/HBO

Julia fez a clássica cozinha francesa ser interessante para espectadores norte-americanos na época em que a comida enlatada ganhava holofotes e as receitas consistiam em abrir várias embalagens para juntar o que tinha dentro.

Cozinheiros, apresentadores e pesquisadores a consideram uma pessoa chave para direcionar a culinária dos Estados Unidos em prol de uma alimentação mais natural com ingredientes frescos. O segredo? Traduzir receitas difíceis de um jeito fácil e divertido que estimule as sensações e dê vontade de comer.

Portanto não espere assistir à série e passar ileso pelo desejo da gula. O capítulo "Pães", por exemplo, em que o marido Paul (David Hyde Pierce) e a editora Judith (Fiona Gascott) passam o episódio todo tentando fazer a mágica da panificação acontecer, promete ser desafiador para os amantes de carboidrato.

4.
Discussões atuais são colocadas à mesa

A série levanta questões importantes nos dias de hoje. Entre elas o machismo da cozinha profissional em contraposição à distância dos homens na cozinha de casa e o entendimento da culinária doméstica como antagonista do movimento feminista.

A contraditória postura homofóbica de Julia também é colocada em jogo quando ela vai a uma balada LGBTQIA+ com o amigo e chef-televisivo James Beard e se mostra desconsertada ao ver a drag chamada Coq au Vin vestida com as mesmas roupas que cozinheira usava nas gravações.

5.
Poder feminino serve de motivação

Julia estreou "The French Chef" aos 51 anos Imagem: Reprodução/HBO

As personagens femininas da série inspiram quem assiste. Entre os destaques estão a proativa e visionária produtora Alice Naman (Brittany Bradford) e a irônica e divertida Avis DeVoto (Bebe Neuwirth), melhor amiga da protagonista.

Julia, com seus 51 anos, 1,88 metros de altura, cintura larga e voz estridente, não tentou ser outra pessoa em frente às câmeras, senão ela mesma. Fez o "The French Chef" acontecer apesar das barreiras.

Mesmo sem o apoio inicial do marido, o ímpeto de Julia fez a relação dos dois se transformar num relacionamento mais moderno para aqueles tempos. E se no começo a emissora desacreditava na ideia, depois de ela insistir e até pagar pela primeira temporada do programa, os diretores enxergaram as oportunidades do show.

Mais que vontade de cozinhar e comer, "Julia" dá fome de vida ao contar a história de uma mulher recheada de si.

Motivo bônus!

A HBO Max confirmou a renovação da série de comédia. A data de estreia não foi confirmada, mas é certo que "Julia" terá uma segunda temporada.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

5 motivos para assistir à "Julia", série sobre a "Palmirinha americana" - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade