"Usei biquíni pela primeira vez aos 22 anos e me senti dona do meu corpo"
"Sempre fui uma criança maior do que outras da sua idade. Com 11 anos já tinha 1,75m. Meu corpo se desenvolveu mais rápido do que o de outras pessoas da minha idade. Eu também me achava gorda, apesar de, quando era mais jovem, ser midsize. Além disso, a minha família é religiosa. Tudo isso influenciava muito a forma que eu via o meu corpo. Então, até os 22 anos, biquíni era algo que eu não me sentia confortável em usar.
A minha família sempre teve o costume de passar as férias na praia. No entanto, minha mãe nunca usou — e acredito que nunca vá usar — um biquíni. Cresci vendo ela usar camiseta e shorts na areia. E eu fiz o mesmo durante a infância e, depois, quando virei uma jovem adulta.
Não tinha vontade de usar biquíni, mas sentia falta da praticidade de poder dar um pulo no mar sem ter que ficar usando uma roupa encharcada. Quando era pequena, fazia isso sem problemas, mas já não tinha paciência para isso quando cresci. Ficava incomodada por não conseguir usar algo tão trivial por conta da minha relação com o meu corpo. E eu colocava vários empecilhos para não usar uma roupa de banho, como se fosse o fim do mundo.
Em 2017, comecei a minha carreira como cantora e também a pensar no meu corpo não como algo errado. Foi um processo de amor próprio, de olhá-lo com mais carinho.
A partir daí, fiquei refletindo no porquê de eu não usar biquíni nem maiô. Nem mesmo entrar no mar, algo que eu gostava de fazer, com roupa eu entrava por causa dessa minha pira com o meu corpo. Nessa jornada, me perguntei: por que não usar um biquíni?"
Aos 22 anos, eu e minha família estávamos em Matinhos (PR), uma das praias que sempre íamos, quando decidi comprar meu primeiro biquíni. Fui com a minha irmã mais nova até o centro da cidade. Primeiramente, fomos em uma loja de fabricação regular e não encontrei nada do meu tamanho. Mas, depois, encontrei duas de roupas de plus size e comprei a parte de cima em uma delas, enquanto a parte de baixo foi em outra.
Não fiquei muito ligada na estética. Queria um biquíni confortável e no qual eu me sentisse bem. A barriga era uma questão que me incomodava na época, então comprei uma com calcinha de cintura alta. A parte de cima, por sua vez, precisava segurar bem meus seios, para que eu não mostrasse nada quando fosse para a água.
No dia seguinte, fui para a praia com o biquíni e um shortinhos por cima da parte de baixo. Estava super feliz em viver essa experiência. E o mais legal foi que a minha família não falou nada. Percebi que esse medo do julgamento deles era algo que estava na minha cabeça, já que eles não estavam se importando. Quando cheguei na praia, tirei o shorts e fiquei: 'meu deus, e agora?'
Entrei na água e, com a ajuda da minha mãe e da minha irmã, tirei algumas fotos, fiz alguns vídeos. Não foi confortável logo de cara, estava sempre olhando para ver se alguém estava me encarando, mas, aos poucos, fui me soltando. Prestando atenção em mim, em como eu estava me sentindo naquele momento.
Foi uma coisa muito importante para mim. Aquele ano foi transformador, fiz muita coisa nova e que, antes, eu sentia que meu corpo me impossibilitava.
Foram pequenos passos. E o biquíni era uma exposição total. Eu me senti poderosa, dona do meu corpo. O meu ou o julgamento dos outros não importavam. No ano seguinte, comprei uma calcinha de cintura baixa, porque já não ligava para mostrar a barriga."
Nunca fui muito à praia, então tenho poucos biquínis. O primeiro que tive nem faz mais o meu estilo, é muito colorido, mas guardo-o por uma questão sentimental. Atualmente tenho outros modelos, além de maiôs diferentões, que fazem mais o meu estilo. Agora quero ter mais biquínis fashionistas, mais modelos para dar muito close na areia."
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