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Fetiches, corpos livres e o novo elegante: o que marcou o 3º dia da SPFW

A estreante Bold Strap apresentou peças inspiradas pelo surrealismo fetichista, enquanto a Meninos Rei mostrou que todos corpos podem ocupar as passarelas da moda brasileira Imagem: Divulgação

Gustavo Frank

De Nossa

19/11/2021 09h23

O segundo dia de desfiles da Sâo Paulo Fashion Week nos mostrou um olhar mais positivo sobre o mundo do "lado de fora", nos apresentando roupas mais alegres e festivas, enquanto o introspectivo fica cada vez mais para trás dentro do universo da moda. Já o terceiro dia, por sua vez, mostrou como nós, como indivíduos, participamos efetivamente dessas tendências ao vestirmos, além das roupas, a nossa própria pele.

Logo no primeiro desfile isso foi destacado pela Meninos Rei, que faz parte do projeto Sankofa. Com estampas africanas e repletas de cores, a marca falou sobre respeito. Respeito às entidades como Exu, Pomba Gira, Tranca Rua, entre outras.

Para isso, enalteceu diversos corpos que normalmente são marginalizados assim como essas entidades. O mood da coleção captou as ruas, a liberdade dos corpos num lugar de democracia, com uma leitura mais urbana, moderna e baseada no agora.

O desfile contou ainda com a participação de celebridades, como os atores de "Verdades Secretas 2", Icaro Silva e Rainer Cadete.

A dançarina e influenciadora, que defende o body positive, Thais Carla, também esteve presente na passarela do Pavilhão das Culturas Brasileiras, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo.

Meninos Rei | SPFW N52 Imagem: Divulgação/SPFW
Thais Carla | Meninos Rei Imagem: Divulgação/SPFW

Ainda no universo das celebridades, que parece ter sido uma iniciativa adotada por diversas marcas, a marca de Walério Araújo levou o ator Luciano Szafir para suas passarelas. O ator desfilou nas passarelas com uma bolsa de colostomia, em consequência das complicações após vencer a covid-19.

Luciano Szafir | Walério Araújo Imagem: Cauê Moreno/Divulgação

Celebrando seus 30 anos de carreira, Walério homenageou a coluna "Noite Ilustrada", escrita pela jornalista Erika Palomino entre os anos 90 e 2000.

A coleção trabalhava muito com a alfaiataria, uma das características fundamentais das criações do estilista, em cores neutras, como cinza, branco e preto. Tudo passava longe da sobriedade: explorando encaixes e recortes diversos e utilizando do upcycling de peças vintage.

Fetiche sem gênero

Bold Strap | SPFW N52 Imagem: Divulgação/SPFW

Os diferentes corpos foram inspiração também para a Bold Strap. Estreante na temporada, quem assume a marca é Pedro Andrade, que a criou após não encontrar uma jockstrap — uma cueca que deixa as nádegas de fora — com qualidade no mercado. Então, decidiu, por si só, fazer a sua própria linha.

Para a SPFW, o diretor criativo se inspirou no surrealismo fetichista de artistas como Hans Bellmer, trazendo uma reflexão da teoria queer, brincando com os limites do binarismo, sobre "o que é feminino ou masculino".

Para a coleção "Bold Ball", elementos tradicionalmente "femininos", como o corset, a lingerie e a pérola, vestiam corpos que podem que performar o gênero como quiser.

O novo elegante
E rock n' roll

João Pimenta | SPFW N52 Imagem: Divulgação/SPFW

Sempre trabalhando com coleções sem gênero, como já detalhou em entrevista para Nossa, João Pimenta focou na normalidade procurada pelas pessoas de todo o mundo após os impactos dos últimos tempos, para a edição N52, com a modernidade espelhando as novas maneiras do cidadão ser local e global.

Para isso, o estilista resgatou a elegância e sofisticação dos clássicos, mas adaptados e incorporados com materiais maleáveis que garantem conforto e funcionalidade, acompanhando uma paleta de beges, marrons, cinzas, pretos e branco para trazer a espontaneidade junto da segurança.

Com uma pegada mais grunge, Weider Silveiro trouxe novas inspirações na silhueta feminina, apresentando uma visão mais despojada, mas ainda elegante.

O xadrez esteve presente nas peças, sendo a principal estampa da coleção, além de tons de preto e off-white. O rosa entrou na cartela de cores para trazer um novo ar ao estilo, acompanhando o sportwear das malhas, trazendo modelos em malhas plissadas em Jersey, moletom, matelassê e tricôs. Tudo isso agregando mais movimento e liberdade às suas criações.

Novos e velhos tecidos

Ronaldo Silvestre | SPFW N52 Imagem: Divulgação/SPFW

Com o foco em "O Divino", a nova coleção de Ronaldo Silvestre, apresentada para nessa edição, foi cheia de trançados, tramados, cestarias e plumagem com cores vibrantes.

Para os tecidos, o estilista apostou na sustentabilidade, trazendo retexturização, materiais reciclados e resíduos têxteis para criarformas atemporais e orgânicas.

Já a ÀLG, marca de Alexandre Herchcovitch mais acessível e voltada para o streetwear, olhava para o futuro: ""Essa foi uma coleção que comecei a desenhar a partir da matéria prima", afirmou o estilista.

Para a coleção, foi desenvolvido um tecido, junto a Branyl, extremamente leve e de alta tecnologia, usado normalmente para a composição de calçados Além da transparência, o material tem como, um dos intuitos, permitir a troca de ar interno e externo quando vestido.

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