Da periferia aos EUA: chef Rodrigo Oliveira leva o sertão a Los Angeles
Ao longo de 20 anos, o chef Rodrigo Oliveira seguiu o legado do pai na Vila Medeiros e fez o Mocotó ser conhecido em todo Brasil. Agora, seu trabalho de valorização da gastronomia brasileira cruza a América e chega a Los Angeles, na Califórnia (EUA).
A estreia na carreira internacional aconteceu com a abertura do restaurante Caboco na quarta (8). O novo projeto está localizado no Art District (1850 Industrial Street), bairro no extremo leste da cidade que ganhou uma forte cena cultural após ter os edifícios industriais revitalizados e ocupados por galerias de arte e estabelecimentos descolados.
A cidade parecia tão familiar, mesmo nunca tendo visitado antes. Acredito que pode ter sido as similaridades com São Paulo".
"Eu percebi que poderíamos trazer algo novo para a cena e nós poderíamos também aprender muitas coisas novas com chefs incríveis", diz o cozinheiro.
Rodrigo é o chef executivo da casa enquanto Victor Vasconcellos, que trabalhou em lugares como Beco do Bartô e Feed, na capital paulista, e mudou-se para Los Angeles, está à frente do dia a dia no fogão.
A cozinha do novato estadunidense tem como base a gastronomia tradicional brasileira, mas conta com requintes da alta gastronomia e criatividade.
Marcam presença no cardápio moqueca de caju, carne de sol com alho assado e pimenta biquinho e pirarucu no tucupi. Para beber, caipirinhas e cachaças.
Mas não é só de importação que viverá o Caboco. A proposta inclui a utilização de ingredientes locais. Por isso, Victor dedicou-se à pesquisa de fornecedores e de produtos, cuja oferta é marcada pela sazonalidade.
Nesse sentido, adaptações foram inevitáveis. Na receita do clássico dadinho de tapioca, por exemplo, saiu queijo de coalho e entrou um blend de queijos americanos. Já na mocofava os embutidos e o feijão foram substituídos pelos de lá.
Custo de 2,6 milhões
Após duas mudanças de endereço, o Caboco foi finalmente instalado no espaço onde o restaurante Church and State funcionou por uma década. O custo da montagem, de acordo com a VEJA SP, foi de 500 mil dólares — o equivalente a R$ 2,6 milhões.
Para dar brasilidade ao espaço, a designer americana Alexis Readinger visitou os estabelecimentos de Rodrigo — o Mocotó, o Mocotó Café e o Balaio IMS — e incluiu no projeto obras de dois paulistas: grafites do artista plástico Speto (Paulo Cesar Silva) e imagens do celebrado fotógrafo de gastronomia Sergio Coimbra.
Fada-madrinha dos negócios
Rodrigo e Victor detêm 40% do negócio. O restante é do sócio majoritário Bill Chait, restaurateur no comando do grupo SIII LA e conhecido por endereços de sucesso na região, como o Bestia, o République e o Broken Spanish.
A proposta partiu de Bill, mas Rodrigo garante, em entrevista à VEJA SP, que os brasileiros participaram ativamente de todo o processo de criação do Caboco, que começou em 2017.
De pai para filho
A história do Mocotó começa pouco antes de 1980, ano em que nasceu Rodrigo. Foi no bairro da Zona Norte da capital paulista que, em 1974, o patriarca Zé Almeida estabeleceu sua casa do Norte ao lado dos irmãos Gercino e Gilvan. Cinco anos depois, já em "carreira solo", começou o Bar e Lanches Alcino - dez mesas e um balcão servidos com as criações de uma modesta cozinha.
Com o "caldinho" como carro chefe, nascia na boca dos clientes o "Bar do Mocotó" e, ao longo dos anos, o interesse de Rodrigo pela alquimia dos quatro únicos pratos servidos por lá: feijão de corda, favada, sarapatel, e, claro, do famoso caldo de mocotó.
Após se aventurar pela Engenharia e Gestão Ambiental e com resistência e desconfiança do pai, Rodrigo promoveu mudanças físicas no comércio e anunciou seu novo desejo de carreira e o ingresso no curso de gastronomia da Universidade Anhembi Morumbi.
Com uma bagagem de imersão na cozinha familiar e viagens de norte a sul do país, se criou o chef Rodrigo que, em 2001, deu o pontapé inicial no "Mocotó da Vila Medeiros" que conhecemos hoje.
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