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Tailândia fecha ilha de Phuket para conter covid-19 e separa famíllias

Ilha de Phuket, na Tailândia - Getty Images
Ilha de Phuket, na Tailândia Imagem: Getty Images

De Nossa

17/08/2021 13h57

O governo tailandês anunciou no dia 30 de julho que fecharia os acessos aéreos e marítimos à ilha de Phuket, um dos pontos turísticos mais cobiçados do país, entre os dias 3 e 17 de agosto para conter o avanço da covid-19 e preservar o chamado Phuket Sandbox, programa de turismo para vacinados das autoridades da Tailândia.

No entanto, o "selamento" da ilha, como veículos internacionais o chamaram, ocasionou a separação de famílias e incerteza nos residentes.

A garçonete Saowanee Sittirak, de 38 anos, que trabalha no tradicional restaurante de frutos-do-mar Kan Eang Pier, contou ao Insider que seus pais e irmãos vivem em Nakhon Si Thammarat, a 260 km a oeste de Phuket, e ela não tem como visitar a família, hábito que mantinha mensalmente, já que ela seria impedida de voltar e poderia perder o emprego.

"Neste momento, não podemos sair da ilha. Antes, não tínhamos tantas infecções, mas com a variante delta, Phuket precisou se proteger. E eu não posso parar de trabalhar, preciso sobreviver". A garçonete ganha o salário mínimo local de 336 Baht por dia, algo em torno de R$ 53. Por causa da pandemia, explicou à publicação, perdeu muito de sua clientela. Seus ganhos hoje são cerca de metade do que recebia antes do início de 2020.

Já o profissional de saúde Terry Surin, de 35 anos, deveria ser realocado de Chiang Mai para Phuket para trabalhar por três meses em um centro de reabilitação a partir do fim de agosto. Para não perder o emprego quando o lockdown foi decretado, ele teve que correr.

"Eu e minha equipe tivemos que, de repente, nos deslocar até Phuket sem saber até quando as restrições durariam, algo que até agora não sabemos direito". Com outros três colegas, ele fez uma viagem de dois dias de carro. "Chegamos aqui antes de a fronteira fechar na noite do dia 2 de agosto. Foi uma correria."

A Tailândia teve ontem (16) seu sexto consecutivo dia batendo a marca de 21 mil casos de covid-19 registrados em 24 horas, segundo a Johns Hopkins University. É o maior pico desde o início da pandemia, com uma alta expressiva desde o início de julho.

No entanto, enquanto Phuket tem 91% de sua população vacinada com ao menos uma dose e 70% completamente imunizada, os índices são significativamente menores em outras regiões. Em todo o país, segundo o Insider, apenas 8% de todos os habitantes estão totalmente protegidos e 25,8% recebeu uma dose. Então é justamente o tráfego de tailandeses entre diferentes regiões que preocupa as autoridades de saúde desde que os números da covid-19 começaram a crescer também na ilha.

De acordo com a Secretaria de Saúde Pública de Phuket, em 15 de agosto os hospitais da região estavam com ocupação de 71%. O jornal local Phuket News informou hoje (17) que o lockdown chegaria ao fim à meia-noite, no entanto, restrições seriam mantidas já que 55% das pessoas testadas desde o fechamento das fronteiras haviam sido diagnosticadas com o vírus.

A região em torno do mercado central, afirmou o prefeito Saroj à publicação, deve continuar fechada até o dia 22. As liberações de circulação devem acontecer em etapas segundo avaliação do comitê de contigência, mas visitantes internacionais, além daqueles que têm casa ou trabalham na ilha poderão voltar a partir de amanhã (18).

No entanto, pouco muda para os residentes que querem rever a família já que os custos de sair de Phuket para visitar os parentes seriam altos por conta do preço dos voos no momento, além dos protocolos, que exigem documentação e testes de covid-19 que, segundo o Insider, custam cerca de 2.000 baht [R$ 315] cada e são realizados múltiplas vezes durante a viagem.