Pão e trabalho: projeto leva esperança a moradores em situação de rua em SP
Segundo pesquisa conduzida pela Rede Penssan, mais da metade dos brasileiros conviveram com algum grau de insegurança alimentar nos últimos meses de 2020. Foram 116,8 milhões de pessoas, das quais 19 milhões passaram fome.
Antes mesmo da divulgação dos dados, iniciativas foram colocadas em prática para tentar aliviar essa realidade. Em ação desde outubro, o Pão do Povo da Rua, do Instituto de Pesquisa da Cozinha e da Cultura Brasileiras (IPCB), entrega pães e esperança à população em situação de rua de São Paulo.
Na Praça Princesa Isabel, a kombi que transporta 2.500 unidades por vez é esperada diariamente às 9 horas com fila por quase 450 pessoas que vivem nos arredores.
"Eles sabem que ali tem um espaço de comida saudável. Também levamos outras doações, como ovo cozido e chocolate", conta Ricardo Frugoli, professor de gastronomia e mestre doutor em hospitalidade à frente do projeto.
Também no centro, a cozinha de produção do projeto foi instalada num espaço cedido pelo padre Julio Lancellotti dentro da Pastoral do Povo da Rua. Lá, os voluntários pilotam equipamentos doados por uma padaria artesanal que não aguentou a crise em decorrência da pandemia.
Entre o grupo, há dez pessoas que antes eram alimentadas pela iniciativa e agora têm a chance de aprender sobre panificação e receber um salário. "Além de acolher na rua, a gente tenta acolher na produção. Pessoas em situação de rua são capacitadas e reabilitadas socialmente", fala Ricardo.
Sônia Soh, que morava sob o viaduto Santa Ifigênia, é uma das novas funcionárias.
"Você fica sem perspectiva de vida quando está debaixo de um viaduto, sem carteira de trabalho, sem experiência e vivendo numa pandemia".
Hoje, estou cheia de esperanças e sonhos. Agradeço a oportunidade de começar uma nova história".
A proposta é que, quando a crise passar, Sônia e os outros nove sejam encaminhados para trabalhar como assistentes de panificação.
"Pão de rico"
A receita é sempre a mesma e foi pensada por Adriana Aranha, da Triticum Panificação, exclusivamente para a ação.
"O Ricardo me procurou quando recebeu a doação das máquinas. A ideia foi criar um pão nutritivo e macio, por causa da falta de dentição. Mas, acima de tudo, queríamos que fosse um pão muito saboroso".
Adriana decidiu juntar farinha integral para que as pessoas se mantivessem saciadas por mais tempo. Manteiga entrou na receita para dar a textura. Já o açúcar e o chocolate garantem mais sabor.
"Tentamos entregar o pão do rico para o pobre. Queremos que eles comam o pão a qualquer hora, mesmo sem recheio", explica Ricardo.
Fechados em embalagens especiais, os produtos têm a validade de cinco a sete dias e, segundo Ricardo, são quatro vezes mais nutritivos do que o pão francês.
O pão deve ser uma boia salva-vidas no momento de fome".
Antes do Pão do Povo, Ricardo tocava o Marmita Solidária. Durante oito meses, preparou 20.000 refeições na cozinha de casa para distribuir com a ajuda de cinquenta voluntários.
"Coloquei a minha capacidade intelectual, técnica e organizacional à disposição da sociedade. A gente encontra nas ruas pessoas há dois dias sem comer. Não é só o pão que as impactaria. Nos momentos em que o pão acaba, eles pedem para pegar os farelos da caixa. Tudo impacta".
A expectativa de Ricardo é que, até o fim do ano, sejam entregues de 800.000 a 1 milhão de pães no total.
Como ajudar
Com apenas R$ 50 é possível fabricar cem pães. Para ajudar, os interessados podem fazer um depósito de qualquer valor na conta bancária do projeto:
Instituto de Pesquisa da Cozinha e da Cultura Brasileiras
Banco Santander
Agência - 1717
Conta corrente - 13000787-2
CNPJ - 31.721.081/0001-42
Pix
31721081000142
Aqueles que desejam doar insumos ou se tornarem voluntários podem entrar em contato pelo telefone (11) 99595-9962.
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