Casal se separa em mochilão para descobrir o prazer de viajar sozinho
Priscilla Bittencourt Delevali, de 34 anos, e Henrique Delevali de Almeida, 36, começaram a namorar na época de faculdade, se casaram em 2013 e, em 2018, deram início a um mochilão de volta ao mundo sem data para terminar.
Após percorrerem juntos diversos países da Europa, da África e da Ásia, os dois chegaram à Índia e, lá, resolveram se separar momentaneamente, para que cada um seguisse viagem sozinho.
O casal teve a ideia de tomar esta iniciativa após ouvir relatos afirmando que o turismo solitário pode ser extremamente prazeroso e enriquecedor.
Também percebemos que viagens em casal muitas vezes nos colocam em uma zona de conforto. Por termos a companhia um do outro, a gente acaba, talvez, se conectando menos com as pessoas que conhecemos na estrada", explica Priscilla.
Para ela, pôr do sol no deserto
Ao se despedir de Henrique, Priscilla foi para um ashram (centro onde as pessoas se dedicam a práticas como meditação e ioga) da cidade da Rishikesh.
"Fiquei sete dias por lá, na beira do rio Ganges", relata ela.
Foi um dos momentos mais incríveis para mim, de bastante introspecção e em que pude refletir sobre muitas coisas da minha vida".
Depois de deixar o ashram, a brasileira subiu em ônibus e trens sozinha para explorar alguns dos mais famosos destinos da Índia.
Ela se embrenhou na mítica região do Rajastão, para conhecer cidades históricas como Jaipur e Jaisalmer.
Nos arredores desta última localidade, fez um passeio no deserto para ver um pôr do sol que está entre os mais famosos da terra dos marajás.
Já na pitoresca cidade de Bundi, ao se sentar em um parque para descansar, Priscilla foi abordada por um grupo de meninas locais. "Algumas delas falavam um pouco de inglês e me convidaram para ir até o lugar onde moravam. Entrei nas casas e conheci as avós e os pais de uma delas. Fui muito bem tratada. Conversamos, tiramos fotos, fizemos vídeos e brincamos. Foi um momento muito especial".
Para ele, templo dos ratos
Enquanto isso, Henrique também visitava interessantes lugares espirituais, também na Índia.
Ele foi, por exemplo, a Amritsar, cidade sagrada para o sikhismo. Lá, ele conheceu o fantástico Templo Dourado e se ofereceu para lavar pratos na cozinha de um centro religioso que distribui comida gratuitamente para as pessoas.
Depois disso, pisou no que certamente é um dos atrativos turísticos mais exóticos da Índia: o templo de Karni Mata, situado no Rajastão e onde fiéis veneram ratos — que, no local, circulam livremente pelo chão, entre altares e no meio das pernas de pessoas orando.
Segundo a crença hinduísta, os roedores do templo são descendentes de Karni Mata, uma mulher que viveu no século 14 e que teria sido uma encarnação de uma deusa chamada Durga, de enorme importância para os hindus. É por esta razão que os bichos são cultuados ali.
E o detalhe é você tem que entrar no templo descalço. Tive que ficar torcendo para não pegar alguma doença", brinca o brasileiro.
"E, ao mesmo tempo, é muito interessante ver até onde vai a fé das pessoas".
Reencontro no Taj Mahal
Curiosamente, o caminho dos dois se cruzou, por acaso, na cidade de Agra, onde está o Taj Mahal — considerado um dos monumentos mais românticos do mundo, já que foi construído pelo imperador Shah Jahan em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam.
Henrique e Priscilla visitaram juntos o cartão-postal e, no dia seguinte, voltaram a se separar, para continuar com suas jornadas individuais.
Outras célebres cidades indianas como Nova Délhi e Udaipur também foram desbravadas por Henrique ou Priscilla (ou por ambos).
Aprendizado
Quando anunciaram a decisão em seu perfil no Instagram (@pandaspelomundo), entretanto, os dois lidaram com reações negativas. "Alguns seguidores nos criticaram, geralmente com comentários machistas, dizendo que o Henrique não deveria permitir que eu viajasse sozinha", lembra Priscilla. "Mas a grande maioria das pessoas nos apoiou".
Para o casal, estas viagens solitárias permitiram que cada um deles explorasse os destinos em seu próprio tempo, dando uma carga mais contemplativa à jornada. E os aprendizados foram muitos.
"Após tantos anos, nós dois já havíamos até esquecido como era viajar sozinho", reflete Henrique.
Nestas viagens sem companhia pelo país, tivemos que aprender a nos virar sozinhos. Foi uma decisão muito saudável para a gente como casal. Com esta separação, acabamos nos aproximando mais ainda".
Ao todo, o casal ficou separado por três semanas e, hoje, a dupla ainda se encontra na estrada, em uma praia do Camboja, totalmente juntos de novo.
Mas ambos não descartam realizar novas separações momentâneas em viagens no futuro. "Vamos sempre buscar momentos em que cada um possa se reconectar consigo mesmo", diz Henrique. "Preservar nossa individualidade é muito saudável".
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