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Cervejaria artesanal prova que a Serra Gaúcha não vive somente dos vinhos

Garrafas das produções da Cervejaria Guarnieri, na Serra Gaúcha - Divulgação
Garrafas das produções da Cervejaria Guarnieri, na Serra Gaúcha Imagem: Divulgação

Bruno Calixto

Colaboração para Nossa

20/02/2021 04h00

Luís Paulo Guarnieri tem um ótimo trabalho pela frente. Como cervejeiro-chefe da Guarnieri, na Serra Gaúcha, ele pretende criar uma cerveja de sabor único no mundo.

Mas antes, precisa se tornar ainda mais conhecido, já que a cervejaria da família está rodeada de vinícolas, colada ao Vale dos Vinhedos, famoso pelo enoturismo.

Nosso melhor público é a turma do vinho, porque eles entendem de alguns dos conceitos, já ultrapassaram a fase pré-conceito. A união faz a força", diz.

Desde 2012 no mercado, a Guarnieri é uma das cervejarias mais antigas do Rio Grande do Sul. Atualmente produz cerca de dez variedades em sua fábrica, instalada entre Farroupilha e Garibaldi.

Fica numa fazenda de 20 hectares que, de uns meses para cá, vem recebendo turistas diariamente, que se espalham pelo jardim onde cabem, com distanciamento seguro, aproximadamente 600 pessoas.

Clima de tranquilidade no espaço da Cervejaria Guarnieri, na Serra Gaúcha - Divulgação - Divulgação
Clima de tranquilidade no espaço da Cervejaria Guarnieri, na Serra Gaúcha
Imagem: Divulgação

Um verdadeiro espaço de lazer aliado ao consumo de cerveja artesanal, e, melhor, sem a cobrança de entrada.

No melhor estilo tap house, são dez torneiras com diferentes estilos de cerveja. Para acompanhar tanta variedade, pizzas e sanduíches. Nada complicado demais para não tirar o foco da bebida.

A bebida é servida em copo de plástico, mas dá para comprar um de vidro e levar para a casa depois. "Este não corre o risco de quebrar". O preço varia de R$ 10 a R$ 25, entre 300 e 500 ml.

IPA Cachorro Ovelheiro - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
IPA Cachorro Ovelheiro
Imagem: Reprodução/Instagram

Safra de cerveja

A mais pedida é a Cachorro Ovelheiro, uma cerveja de estilo IPA, portanto feita com muito lúpulo e trazendo bastante amargor, e também extremamente aromática, com notas de maracujá.

"O beer geek brasileiro gosta de IPA. Elas eram muito amargas, de doer os dentes, mas depois de passar seis anos nos EUA, aprendi que o amargo pode dar lugar a algo mais agradável, por causa do lúpulo usado. Trouxe de lá. Mas é caro, para fazer mil litros de cerveja custa R$ 6 a R$ 7 mil. O cachorro ovelheiro é um personagem do Sul do Brasil, ele morde as ovelhas e gosta de sangue. Então o jeito é matar o cão", conta.

As torneiras da tap house da Cervejaria Guarnieri, em plena Serra Gaúcha - Divulgação - Divulgação
As torneiras da tap house da Cervejaria Guarnieri, em plena Serra Gaúcha
Imagem: Divulgação

Malte e muitos, mas muitos pacotes de lúpulo do mundo inteiro. Este é o cenário que o visitante encontra na Guarnieri. De um lado, uma fila de tanques de aço inox para a fermentação. Do outro, um gramado a perder de vista, um convite para um dia de sol com um copo de cerveja em punho.

"Lúpulo tem safra, igual vinho. Cada um tem seu aroma e sabor", ressalta Luís Paulo. "A torra e o tempo de torra do malte é o que determina o sabor da cerveja. São a base para dizer se temos uma bebida com notas de chocolate ou caramelo."

A Scottish Ale (Thor) tem malte com notas de caramelo, como se fosse um biscoito. Outro destaque ali é a Stout Los Cuervos, com notas de chocolate e café. Tem até cerveja envelhecida em carvalho, de 2014.

O melhor feedback é o segundo copo", avisa o cervejeiro.

Mercado aquecido e uma aposta

A história da Guarnieri começou um ano antes da fábrica, num pub aberto no Centro de Bento Gonçalves para comercializar a cerveja da marca.

"Produzíamos 500 litros por mês na época do bar, agora são dez mil", conta.

Retirada de chope da Cervejaria Guarnieri em evento de 2019 - Divulgação - Divulgação
Retirada de chope da Cervejaria Guarnieri em evento de 2019
Imagem: Divulgação

Considerando a distribuição geográfica, uma pesquisa do Sebrae, em parceria com a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), revelou que Rio Grande do Sul (20%) é o estado que concentra a maior quantidade de cervejarias independentes, seguido por São Paulo (18%), Minas Gerais (13%), Rio de Janeiro e Santa Catarina (ambos com 11%).

O Brasil já conta com mais de 1.200 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Ano passado, o mercado das cervejas cresça 14% ao ano até 2023, segundo dados da Global Craft Beer Market, entidade que monitora o mercado das cervejarias.

Antes de criar a sua cerveja inédita, Luís Paulo Guarnieri segue apostando nos estilos tradicionais. E ainda arrisca um palpite:

2021 é das lagers, são as mais fáceis de beber, sem tanta complexidade."