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Pernambuco em 72 horas: curta Porto de Galinhas, Carneiros, Recife e Olinda

A igreja de Dom Bosco, em Olinda. Ao fundo, a cidade de Recife Imagem: Getty Images

Felipe van Deursen

Colaboração para Nossa, de Porto de Galinhas

28/11/2020 04h00

Então você conseguiu folga, vai aproveitar um feriadão ou descolou uma promoção de passagem e resolveu ir a Pernambuco? Veja como aproveitar o melhor do estado em apenas três dias. Dá para conhecer bastante coisa, tomar um banho de cultura, história, gastronomia e muita praia.

Este guia vai ajudar você, com sugestões de roteiro para um dia de giros culturais e históricos em Olinda e Recife e dois dias de praia e natureza, um em Porto de Galinhas e outro na praia dos Carneiros.

Mas que fique claro: 72 horas são só o começo. Prepare-se para querer voltar.

Olinda

Ruas de Olinda, em Pernambuco Imagem: Getty Images

Um conjunto de igrejas barrocas que ficam de costas para o mar esverdeado e reverenciam a mais importante delas, a Sé de Olinda, no alto do morro. Um casario colonial com ateliês, cafés e muita música, cercado por coqueiros e remanescentes de Mata Atlântica (o que é um refresco bem-vindo no calor). O centro histórico de Olinda é um clássico que, apesar das ladeiras, pode ser percorrido a pé.

Como o tempo é curto e a cidade tem um batalhão de igrejas, escolha sabiamente. A mais suntuosa é o Mosteiro de São Bento, cujo altar de madeira barroco é revestido com 28 quilos de ouro. A construção começou em 1586, mas o prédio foi destruído pelos holandeses durante as batalhas com os portugueses em Pernambuco. O novo mosteiro ficou pronto em 1759. Repare nas tribunas laterais, com dosséis dourados, no Cristo Crucificado, no coro, e nos detalhes do teto, que mostra São Bento iluminado.

O Convento de São Francisco, o primeiro da ordem franciscana no Brasil (1585), é um conjunto que inclui a Igreja Nossa Senhora das Neves e três capelas. O claustro tem 16 painéis de azulejo portugueses que mostram a vida do santo. Na sacristia há mais azulejos e mobiliário de jacarandá.

Olinda, em Pernambuco Imagem: Getty Images

Cansou de tanta igreja? Pausa para o almoço. Olinda tem uma boa oferta de restaurantes típicos.

O mais famoso é o estrelado Oficina do Sabor (r. do Amparo, 335, Amparo), com vista para a parte baixa de Olinda e para os prédios de Recife. A especialidade do chef César Santos é o jerimum com diversos recheios, como camarão ao molho de maracujá (R$ 168), que serve duas pessoas. Destaque também para o charque à moda do chef (com purê de macaxeira, farofa de jerimum e cheiro-verde, R$ 104) e a carne de sol pernambucana (com os mesmos acompanhamentos. R$ 128). Deixe espaço para a sobremesa, mas, se no seu bolso houver mais espaço do que dinheiro ou se o tempo estiver apertado, troque o almoço pelas comidinhas de rua.

No Alto da Sé, há disputadas barracas de tapioca, além de feirinhas de artesanato, onde é possível experimentar algumas das bebidas típicas do Carnaval de Olinda, como pau do índio, licor à base de cachaça.

Lá do lado, tome rumo para a Sé. Bem menos esplendorosa do que São Bento e São Francisco, ela compensa pela localização. No pátio lateral fica a famosa vista de Olinda, com a fantástica composição de igrejas, árvores e mar.

Sombrinha de frevo em Olinda Imagem: Getty Images/iStockphoto

Por que vale a pena voltar

Porque com tempo você explora outras igrejas, como a da Misericórdia, ou volta ao Mosteiro de São Bento e fica até meio-dia para assistir ao canto gregoriano dos monges. Sem contar os outros charmes espalhados pelas ladeiras do centro histórico. A Unesco não tachou Olinda como patrimônio da humanidade à toa.

Recife

Praia de Boa Viagem, em Recife Imagem: Getty Images/iStockphoto

Se você começou o dia em Olinda, aproveite a distância de apenas 5 quilômetros do Alto da Sé e vá para a ilha do Recife Antigo, local de nascimento da capital pernambucana.

Ligado ao resto da cidade por algumas pontes, inclusive a Maurício de Nassau, a primeira de grande porte do Brasil, o bairro tem um importante conjunto arquitetônico. Na Rua do Bom Jesus ficam algumas atrações, como o Centro Cultural Judaico, que abrigava a sinagoga mais antiga das Américas, e os museus Paço do Frevo e Embaixada dos Bonecos Gigantes de Olinda.

Marco Zero de Recife Imagem: Getty Images/iStockphoto

A rua tem seus atributos do lado de fora também. Em 2019, a revista americana "Architectural Digest" a colocou entre as mais bonitas do mundo. Ali ao lado fica a Praça do Marco Zero, com museus como Caixa Cultural e vista para o Parque das Esculturas de Francisco Brennand (acessível de barco a partir da praça).

Caso você opte por explorar Recife pela manhã, dá tempo para fazer o passeio de catamarã pela Bacia do Pina (formada pela confluência de quatro rios), o Palácio do Campo das Princesas (sede do governo estadual) e a Casa da Cultura de Pernambuco, uma antiga prisão transformada em mercado de artesanato.

Bairro de Pina, em Recife Imagem: Getty Images/iStockphoto

Por que vale a pena voltar?

Porque você só arranhou a superfície. Forte das Cinco Pontas, Capela Dourada e Pátio de São Pedro são algumas de tantas outras atrações. O Museu Cais do Sertão - Luiz Gonzaga e o Centro do Artesanato de Pernambuco se destacam na zona portuária revitalizada.

Sem contar o Instituto Ricardo Brennand, a Oficina de Cerâmica Francisco Brennand e a praia de Boa Viagem, que ficam mais distantes do Recife Antigo, muito difíceis de encarar em um giro de tiro curto como esse.

Em todo caso, dá para conhecer algumas das principais atrações de Recife e Olinda em um dia e, se você preferir trocar a independência de rodar sozinho pelo conforto de uma excursão, há roteiros que abarcam ambas as cidades.

O city tour da Luck Receptivo sai por a partir de R$ 70. Vale lembrar que, por serem destinos recheados de história, ter a companhia de um bom guia de turismo, explicando (e divertindo), pode melhorar e muito a experiência.

Porto de Galinhas

Porto de Galinhas, em Pernambuco Imagem: Getty Images/iStockphoto

Apesar dos encantos de Recife e Olinda, é a vila de Porto de Galinhas, em Ipojuca, que funciona como motor do turismo no estado. A 58 km da capital e com uma das melhores estruturas hoteleiras do Brasil, Porto de Galinhas é o típico destino "família", com praias tranquilas, água quentinha e até cavalos-marinhos.

Dá para conhecer os principais atrativos em um dia, especialmente contratando um bugue, meio de transporte divertido e prático para turistas. Um roteiro comum sai do centrinho, vai até a praia de Muro Alto, ao norte, e termina no Pontal de Maracaípe, ao sul.

A Praia de Muro Alto tem resorts luxuosos, como o Nannai, mas o nome não é uma alusão aos condomínios que se espalham cada vez mais pela região. O "muro alto" é o próprio arrecife característico da costa pernambucana ("uma notável barreira de arenito", como descreveu Charles Darwin, ao avistá-la).

Mais ao norte, onde a praia é conhecida como Camboa, não há estrutura de serviços, mas ela é bem mais tranquila. A vista para o porto de Suape pode ser uma agressão à paisagem ou um contraste interessante. Depende do seu ponto de vista.

Pontal de Maracaípe é uma das mais belas praias da região. No estuário do rio de mesmo nome há passeios de jangada para observar os mangues e a fauna local. Por um momento, parece não haver nada interessante. Mas é só calibrar a vista por alguns instantes e logo aparecem caranguejos-uçás, garças-brancas, maçaricos.

Porto de Galinhas Imagem: Getty Images/iStockphoto

É um banho de silêncio e contemplação, interrompido apenas pelas piadas dos jangadeiros, afiados, pelas revoadas de jandaias, estridentes e coloridas, e pelos cavalos-marinhos, que provocam interjeições e cliques quando os guias os capturam para exibi-los (calma, é só para a foto, depois ele voltam à água).

Por fim, a praia de Porto de Galinhas em si. Com passeios de jangada até as piscinas naturais (R$ 30 por pessoa), restaurantes na areia e um centrinho com lojas, bares e restaurantes, é um dos destinos mais populares do Brasil.

Dá para casar o passeio de bugue com as jangadas no mangue. O roteiro de Muro Alto a Maracaípe custa em torno de R$ 250 para quatro pessoas e o passeio pelo mangue sai por R$ 30 por pessoa.

Porto de Galinhas, em Pernambuco Imagem: Getty Images/iStockphoto

Por que vale a pena voltar

Para curtir o pôr do sol com calma no Pontal de Maracaípe, ver outras praias, como Serrambi, fazer a trilha dos escravos no mangue e curtir uma piscina no hotel - porque nada com um descanso após outro descanso.

Praia dos Carneiros

Praia de Carneiros, em Pernambuco Imagem: Getty Images/iStockphoto

Talvez a praia mais bonita do Pernambuco continental (afinal Fernando de Noronha pertence ao estado), ela fica no município de Tamandaré e concentra muitos atributos do que se espera de um paraíso litorâneo brasileiro: areia branca e fofa, mar cristalino, calmo e cheio de peixinhos, coqueirais, piscinas naturais e uma capela colonial. Tudo abraçado por um estuário imponente, de um lado, e uma barreira de arrecifes de arenito, do outro. Carneiros é tudo isso.

O grande porém é o acesso principal. Ele se dá por meio de uma área particular, que tem grandes restaurantes que cobram taxa para usar a estrutura. Para driblar isso, você pode entrar pelos acessos públicos (há três deles mais para o norte, sentido Recife, perto da igrejinha dos Carneiros), ou caminhar cerca de 5 quilômetros pela areia, a partir da praia de Tamandaré.

Praia dos Carneiros: para prolongar o passeio Imagem: iStock

No fim das contas, se a ideia é apenas passar o dia e fazer o passeio de catamarã, é mais prático pegar um passeio que já inclui as duas coisas.

Você entra tranquilo, usufrui a boa estrutura dos bares da praia, visita os belos bancos de areia na foz do rio Formoso, pode tomar um banho de argila em uma prainha do outro lado do rio (atividade não recomendada pelos guias em tempos de covid-19) e termina visitando o cartão-postal dos Carneiros, a capela de São Benedito, igrejinha do século 18 que se transformou em um endereço concorrido para casamentos. Ela não abre para visitação, apenas para quem paga pelos serviços do sítio onde a capela fica localizada.

Caso você não faça questão do passeio de catamarã ou do banho de argila, a distância da capela até os restaurantes que controlam o acesso principal é de apenas 1,4 quilômetro pela areia. É só ficar atento à maré.

Praia de Carneiros, em Pernambuco Imagem: Getty Images/iStockphoto

Por que vale a pena voltar

Bem, isso se você for do tipo que gosta de um isolamento maior e não faz questão de muita estrutura. As excursões de outras cidades enchem a praia, então só quem se hospeda lá ou chega muito cedo consegue aproveitá-la mais vazia.

Carneiros tem resorts e pousadas, que também cobram o acesso à praia para quem não for hóspede. Caso você queira ficar mais perto dos Carneiros, mas gostaria de mais opções de restaurantes, comércio e algum programa para a noite, cogite se hospedar em Tamandaré e conheça outras praias do município, como Campas e do Gamela, e faça o passeio de lancha até a Ilha do Gamela.

Onde se hospedar

Para conhecer Recife, Olinda, Porto de Galinhas e Carneiros em apenas três dias, a melhor opção de hospedagem é Porto de Galinhas.

Vista panorâmica de Recife Imagem: Getty Images/iStockphoto

Ela fica no meio do caminho, a 53 quilômetros dos Carneiros e a 58 quilômetros do Marco Zero, em Recife. Menos de uma hora de viagem, se o trânsito colaborar.

Além disso, Porto de Galinhas tem uma rede hoteleira de respeito. Há uma ótima oferta de hotéis à beira-mar, como Vivá, Serrambi, Solar e Armação (mais família) ou Nannai e Kembali (para casais). Para quem quer uma pegada mais jovem, tem o Porto de Galinhas Resort & Spa.

Porto de Galinhas ainda oferece algumas centenas de pousadas para diversos gostos e bolsos.

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