Como o Instagram foi de vilão a aliado dos desfiles nas semanas da moda
Hoje em dia é quase impossível pensar que houve um tempo em que o Instagram não era bem-vindo nas salas dos desfiles mais disputados no qual pouquíssimas pessoas tinham acesso durante as semanas de moda. O estilista Tom Ford chegou a proibir a filmagem de suas apresentações.
Desde o lançamento do aplicativo, que recém completou 10 anos em outubro, essa lógica se inverteu totalmente e, hoje, vemos marcas, designers e pessoas da indústria da moda trabalhando para produzir conteúdos para o Instagram.
A evolução da rede social junto com o mercado da moda foi o assunto do talk "As fashion weeks por streaming" que rolou durante o Immersive Talks, da BRIFW (confira a cobertura completa do evento por Nossa) comandado por Cassio Prates com a participação de Larissa Gargaro, gerente de Parcerias Estratégicas de Moda e Beleza no Instagram para a América Latina.
Das fotos quadradas à era dos vídeos
Larissa resume bem a trajetória da ferramenta nesses 10 anos: "O Instagram foi do lugar onde a gente postava fotos de gato e sushis cheias de filtros, com molduras e era só isso, para ser um lugar onde estamos conectados com pessoas que a gente ama, celebridades e artistas do mundo inteiro, marcas, onde a gente faz compras, se politiza, aprende, ensina e dá risada".
De blogueiras aos criadores
Outro entrave aconteceu entre a indústria fashion e o Instagram nos primeiros anos do aplicativo: as blogueiras de moda. Se questionava se essas pessoas substituiriam as editoras de moda e outros profissionais da área:
Na verdade, antigamente, muita gente tinha preconceito e não considerava como uma profissão, achava que não tinha relevância. Editores de moda, revistas, influencers e creators são complementares e, dentro do ecossistema do Instagram, os influencers e os creators são a grande força por trás"
Larissa Gargaro
Ela compara os criadores de conteúdo com mini canais de TV. "Antigamente, se você estava sem nada para fazer, ligava a TV e ficava zapeando os canais. Hoje em dia, você fica rolando o feed do Instagram e consome o conteúdo de creators, é como se fosse um mini canal. As pessoas precisam entender que ser influencer e ser criador é uma profissão, sim, e é extremamente relevante", diz."Tem muita gente fazendo conteúdo de extrema qualidade tanto nos segmentos de moda beleza e diversos outros".
Reels, a menina dos olhos do Instagram
Foto quadrada, foto vertical, álbuns, Stories, IGTV, Melhores amigos e Reels. O Instagram já passou por muitas atualizações e a ferramenta do momento é Reels, lançado oficialmente em 5 de agosto de 2020.
"Falando de moda, ela é a evolução de uma tendência que a gente já estava vendo acontecer há alguns anos. Aquela foto de look tirada com uma câmera profissional, mega editada, perfeita, impecável... as pessoas não respondem mais a isso. Elas querem ver o look que foi claramente feito com o celular, seja uma foto no espelho ou com o timer. As pessoas se engajam mais com essas fotos porque elas geram uma identificação na seguidora, a possibilidade de realizar isso na casa dela, com os looks e com o estilo dela", explica Larissa.
"O Reels é exatamente isso, ele é cru. Claramente feito com o celular, tem uma edição que pode ser tosca, mas ela é fantástica, com as pessoas fazendo graça com as pequenas situações do cotidiano, inclusive no conteúdo de moda e beleza. Ele tem começo, meio e fim em até 30 segundos. O Reels é muito mais do que ficar pulando e trocando de look, não é só isso", acrescenta.
Toda a ativação de looks da 25ª edição do SPFW foi feita pelo Reels. Totalmente digital, as apresentações podem ser assistidas no IGTV, que dão acesso aos perfis das marcas onde é possível comprar produtos através da ferramenta Shopping.
"No Reels, se você é uma marca, é muito importante entender que o que funciona é a linguagem nativa dele, não é aquele vídeo conceito em preto e branco, de making of, o vídeo que vai bombar é aquele que tem uma pegada divertida ou útil ou inspiradora. A Balmain faz isso muito bem", explica Larissa.
Filtros, IGTV, Live e Stories
Quando apresenta um desfile, a Dior já tem filtros de realidade virtual prontos com os acessórios-chave da coleção. Você pode usá-lo para colocar o bucket hat, as joias, a make daquele desfile.
"O que a gente tem visto é que o efeito da realidade virtual é uma maneira de dar uma vida mais longa para o desfile, ele não vai morrer no dia da passarela, vai ter uma vida útil mais longa porque vai ter os filtros para as pessoas usarem em casa e se sentirem parte daquele desfile, daquela coleção de alguma forma", diz Larissa.
O IGTV tem storytelling, tem começo, meio e fim, é uma apresentação, às vezes, é o próprio desfile. Já a live é o aqui e agora, tem que ter interação. Na última temporada de moda, por exemplo, um modelo comandou a live da Balmain mostrando os bastidores e a reação de Olivier Rousteing minutos antes de entrar na passarela, trazendo um olhar para quem estava assistindo em casa que não se veria em nenhum outro lugar.
No pré-desfile de seu verão 2021, a Versace apostou no poder dos Stories para gerar expectativa antes da apresentação. A divulgação do desfile contou com sticker de contagem regressiva, que é essencial para acompanhar um evento com hora marcada.
Instagramável
Hoje, é quase impossível pensar em um desfile, uma campanha, uma ação que não passe por uma ferramenta do Instagram.
"Você não andar ao lado da tecnologia para democratizar a moda, para democratizar seu produto, você está perdendo, não está otimizando seu tempo, sua equipe e sua criatividade. Já que as pessoas usam o Instagram para se informar, se inspirar, para dar risada e para aprender coisas, elas usam também para comprar. Rolar o feed é o novo passear no shopping", conclui Larissa.
Confira o talk completo e outras conversas que rolaram nesta segunda (09) na BRIFW:
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