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Arlindo Grund: "Meu diferencial é a coragem de ousar no que poucos fariam"

Arlindo Grund reflete sobre consultoria de moda nas redes sociais, estilo próprio e o futuro da moda em entrevista exclusiva a Nossa - Divulgação
Arlindo Grund reflete sobre consultoria de moda nas redes sociais, estilo próprio e o futuro da moda em entrevista exclusiva a Nossa
Imagem: Divulgação

Gustavo Frank

De Nossa

18/10/2020 04h00

Provavelmente a sua primeira memória de Arlindo Grund vai vir das cenas do reality show "Esquadrão da Moda" em que o apresentador rasga as calças legging com estampa de onça das participantes. É uma referência, mas não a completa.

O recifense desbrava o mundo da moda há bons anos, desde a consultoria — como o que já o conhecemos pelo programa exibido na SBT — até o styling de campanhas editoriais.

Seu currículo inclui ainda aulas de produção para catálogo comercial de moda e para editorial de moda no Istituto Europeo di Design (IED), além de palestras, que hoje migram para as suas redes sociais, onde seus seguidores pedem por conselhos dos looks.

"Acredito que a minha visão mais empática pode contribuir para que muitas pessoas se sintam à vontade para me perguntar sobre dicas de moda, entre outras coisas, no Twitter ou Instagram", opina ele em entrevista a Nossa.

Arlindo Grund define seu estilo como: "provocativo, dramático, criativo e esportivo" - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Arlindo Grund define seu estilo como: "provocativo, dramático, criativo e esportivo"
Imagem: Reprodução/Instagram

A procura por dicas, que facilmente podem ser encontradas no Twitter se pesquisado por "Arlindo Grund", são formas de nortear as pessoas sobre as suas próprias personalidades.

"Eu me considero uma pessoa que estuda a moda e suas vertentes, além das possibilidades que ela pode oferecer enquanto ferramenta de comunicação não verbal", pontua. "Dicas de moda podem nortear dentro daquilo que você se propõe a compartilhar enquanto mensagem, impressões e imagem".

Quando questionado sobre como a sua personalidade é moldada através do que veste, Arlindo define seu DNA na moda como "provocativo, dramático, criativo e esportivo": Já as suas inspirações estão em todos os lugares, "desde a natureza a um bloco de concreto, até pessoas famosas e anônimas".

"Sou uma pessoa que gosta de provocar, de instigar o questionamento. Costumo usar aquilo que poucas pessoas ou quase ninguém usa. Ou se usa a mesma peça, a maneira como eu combino sempre fica diferente", diz.

Meu estilo é para mim, enquanto consultor e gestor de imagens, mas eu pratico muito a empatia para solucionar as questões relacionadas às demandas dos meus clientes".

A empatia está na moda?

Arlindo Grund fala sobre a sua relação com a moda nas redes sociais - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Arlindo Grund fala sobre a sua relação com a moda nas redes sociais
Imagem: Reprodução/Instagram

Ao mesmo tempo em que a tecnologia abre portas para a troca de aprendizados, é sede também para os haters. Os comentários maldosos não prendem a atenção de Arlindo, que sugere a empatia como uma tendência para entrar na moda.

"O ser humano gosta do julgamento, mesmo em tempos que precisamos ser mais empáticos", diz. "Procuro não ler os comentários quando não estou bem. Mas no geral tenho uma interação boa com meus seguidores, porque eles já entendem a minha maneira de ser e comunicar".

Ele diz ouvir ainda "muito sobre o seu estilo", mas reforça como o que veste é, acima de qualquer coisa, uma ferramenta de auto expressão.

"Claro que eu ainda escuto muito sobre o meu estilo, mas ele me representa, me deixa seguro e confiante", destaca. "Além de agregar à minha imagem e marca pessoal".

Esse é o meu diferencial, a coragem de ousar naquilo que poucos arriscariam".

O que é "cafona"?

No bate-papo, o que não poderia ficar de fora seria uma rápida consultoria de moda. Enquanto as pochetes e papetes voltaram como tendência e fizeram muita gente remoldar o pensamento sobre o "brega", pergunto a Arlindo o que é considerado "cafona".

O consultor de moda desacredita no estigma de cafona e valoriza o estilo próprio de cada um - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
O consultor de moda desacredita no estigma de cafona e valoriza o estilo próprio de cada um
Imagem: Reprodução/Instagram

A pergunta é respondida com outro questionamento: "O que é cafona para você?".

"Acho tão engraçada a palavra cafona", continua. "Ela carrega um peso enorme em relação a estilo, mas aquilo que eu não gosto pode ser exatamente o que você ama, então a visão de cafona hoje é bem diferente, exatamente pelo simples fato de você respeitar a vontade e o olhar do outro".

Fugindo das tendências do what-to-wear, Arlindo comenta: "Nada é mais cafona do que você se tornar uma vítima da moda sem personalidade. Virar uma máquina de consumo. Isso é muito cafona".

"Um processo de readaptação de todos os lados"

Moda deverá "acolher" mais pessoas no futuro, na opinião de Arlindo Grund - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Moda deverá "acolher" mais pessoas no futuro, na opinião de Arlindo Grund
Imagem: Reprodução/Instagram

As aspas acima são usadas pelo consultor para definir sobre o tão falado "futuro da moda". Para ele, assim como houve um processo para adaptar o que era físico ao digital, a retomada vai exigir criatividade para fazer o efeito vice-versa.

"As marcas precisarão criar experiências sensoriais para atrair o público às suas lojas físicas de novo", opina. "A moda é feita por pessoas, e como nós temos essa capacidade de adaptação, em todos os sentidos, ela consequentemente irá se enquadrar a essa nova maneira de fazer negócios e vendas".

"Moda é uma maneira de se expressar socialmente", diz o consultor - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
"Moda é uma maneira de se expressar socialmente", diz o consultor
Imagem: Reprodução/Instagram

O conforto, visto nas passarelas e dentro de casa durante a pandemia do coronavírus, é a grande promessa na opinião de Arlindo.

"Muitas pessoas usam moletons com casacos na volta ao trabalho, roupas de dormir mais sofisticadas, camadas de tecidos para proteger. Tudo isso está relacionado ao conforto. Então as pessoas vão continuar essa procura, buscando encontrar novas formas do que acolhe e conforta".

Por fim, ele ressalta também a busca por uma pluralidade na moda, além da diversidade de corpos, gêneros e vontades.

"Moda é uma maneira de se expressar socialmente", conclui. "Isso faz com que criadores se instiguem a produzir roupas para todas as pessoas, independentemente de padrões, sejam eles estéticos, visuais ou experimentais".

Tradutor: Com fãs e haters, Arlindo Grund no estilo próprio: "Tenho coragem de ousar" "Virar uma máquina de consumo. Isso é cafona", diz Alindo Grund, do Esquadrão da Moda