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Tecido "molhado" que cola ao corpo e revela curvas é sensação na moda

Di Petsa Imagem: Divulgação/Louiza Vradi

Gustavo Frank

De Nossa

14/10/2020 04h00

A artista grega Dimitra Petsa é uma das estilistas em ascensão no mundo da moda. O motivo por trás do destaque para as suas peças é a reinvenção do visual do tecido e como ele se adapta no corpo: como se quem o vestisse tivesse sido encharcado por um balde de água.

Não só as semanas de moda na Europa estão obcecadas por ela, as celebridades já a adotaram também como uma das queridinhas para editoriais de fotos. Aqui, podemos citar a modelo Gigi Hadid, que posou com um dos seus "vestidos molhados" enquanto ainda estava grávida, e o clã das irmãs Kardashian.

"Significa muito para mim que musas como elas sintam uma conexão não só com nossa estética visual, mas também com a nossa filosofia", conta Di Petsa em entrevista a Nossa.

Gigi Hadid | Di Petsa Imagem: Divulgação
Kardashian's | Di Petsa Imagem: Divulgação

Origem do conceito

Campanha da coleção de Di Petsa Imagem: Louiza Vradi

A filosofia citada pela estilista nasceu enquanto cursava a pós-graduação em moda na Central Saint Martins, em Londres, e consiste no fato de que as roupas parecem estar encharcadas de suor ou urina, mas, na verdade, estão secas.

"Nosso objetivo na moda é permitir que as pessoas se molhem sem vergonha", explica. "E, dessa forma, criar belos trabalhos que possam inspirar outras pessoas a considerar a natureza como algo nosso. São nossos próprios fluidos corporais, é como se fosse uma água benta".

A técnica por trás do trabalho para deixar com que o tecido pareça estar molhado é guardada a sete chaves pela profissional, que o desenvolveu durante os seus estudos sobre o tema.

Campanha da coleção de Di Petsa Imagem: Louiza Vradi

"O processo para tornar essa aparência 'molhada' utilizável envolveu performances comigo e meus amigos. Para isso, molhamos os tecidos e os colocamos em nossos corpos para ver como cairia naturalmente nas silhuetas", relembra.

Ela cita ainda a primeira experiência artística que a empurrou para esse conceito, quando fez xixi em si mesma, com as calças, em um metrô lotado de Atenas.

"Estava muito interessada em saber como nossas emoções estão conectadas aos fluidos em nossos corpos: a tristeza está conectada às lágrimas, a excitação ao fluido vaginal e o nervosismo ao suor".

O fluido corporal feminino como inspiração

O intuito de Di Petsa é questionar os estigmas sobre a umidade e o corpo feminino como um todo, reforçando as silhuetas de diferentes tipos de mulheres, e normalizar o que ainda é visto de forma censurada pelo público geral, como os mamilos, por exemplo.

"Queremos que quem vista essas roupas não sinta vergonha, mas conforto", conta a artista. "Abraçando, assim, os próprios fluidos corporais, sem quaisquer tabus, e a si mesma naturalmente".

A teoria da umidade busca subverter a ideia de que deveríamos ter vergonha dos fluidos corporais naturais ao narrar novamente seu contexto físico e filosófico".

Música, moda e fotografia

"Self-Birth", curta performático de Di Petsa Imagem: Reprodução

Tendo feito a sua primeira graduação em Design e Prática de Performance e, após a pós-gradução em Moda, Di Petsa decidiu que poderia juntar todas as artes em uma só.

A partir disso, nasceu o "Self-Birth", um curta em vídeo que combina práticas de moda de alta-costura, desenvolvimento têxtil com performance, sustentabilidade e cinema.

"Como artista, estou muito envolvida em todas as atmosferas do meu trabalho", pontua. "É algo muito pessoal para mim, É por isso que sempre participo também entre os performers, explorando a minha vulnerabilidade e expressão corporal".

"Nossos fluidos corporais, água filtrada através de nossos corpos, água corporal. Água benta, Água do mar.
Se você chora em público você deve esconder
Se você suar em público, deve escondê-lo
Se você amamentar em público, deve ocultá-lo.
E nossa umidade nos consome e nos oprime,
se transforma em rios e chuva,
oceanos escurecidos".

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