Coleção de estilista ironiza o estereótipo romântico imposto às mulheres
Bruna Ignatowska saiu de Vitória, no Espírito Santo, e começou sua carreira como designer de moda em Londres, Inglaterra. Na Universidade de Westminster, a brasileira criou sua primeira coleção que, segundo ela, reflete o feminismo presente em grande parte da sua vida.
A partir da reflexão sobre esse assunto, Bruna criou peças usando uma visão cômica e irônica sobre sua paixão pelo "feminino" e romântico na mulher, concepção vista por ela como um estereótipo criado por homens e imposto às mulheres na sociedade patriarcal em que cresceu.
"Eu queria que fosse sobre algo que eu me identificasse, mas que não fosse um conceito supermirabolante que ninguém pudesse entender ou poder se identificar", conta ela ao Nossa, citando ainda sua vida amorosa como um dos gatilhos para essa linha de pensamento.
Rosas, babados, corações e bonecas retratados em suas roupas, combinados com cores não vistas no dia a dia e na exploração diversas técnicas de cortes, passam essa mensagem.
"Exagero" dessas informações, que podem ser considerados bregas, criam o resultado buscado por ela — que já ganhou a atenção da cantora Duda Beat, publicações como a Vogue Itália e The Face e os holofotes na passarela da Semana de Moda de Londres.
"Muito do kitsch é sobre objetos que involuntariamente são considerados de mau gosto pela elite cultural e acredito que como designer de moda um dos meus papéis é explorar noções de 'gosto' e desafiar aquilo que é visto como 'bonito' e 'aceitável' na moda", opina a brasileira. "Eu queria elevar essa estética ao fazer roupas seguindo padrões de alta-costura e criando esse contraste entre a inspiração e o produto final".
Bruna buscou referências em cartões e propagandas do Dia dos Namorados de diferentes épocas, vestidos e rendas vitorianas, a dupla artística Eva and Adele, o filme "Os Contos de Hoffmann" (1951), musas como Jayne Mansfield e sua mansão icônica The Pink Palace, e ate no próprio círculo de amigas.
"Penso que grande parte da minha intenção com a coleção foi dizer às mulheres que suas experiencias como mulher, com sua feminilidade e sua vida amorosa pertencem a elas mesmas e são validas. Por isso, é possível se identificar com minha coleção da sua própria maneira", reflete.
Da perspectiva como designer de moda, a brasileira, que recorreu ao uso de novas tecnologias como a máquina de corte a laser e máquinas de bordado digital para criar sua coleção, enxerga o futuro da moda além do que é comercial na indústria.
"Meu objetivo era que, quando a coleção estivesse pronta, ela fosse uma experiencia visual e sensorial fora do comum comparado a outros desfiles e ao mesmo tempo questionasse a moda contemporânea ao mostrar quantas possibilidades a moda oferece quando não se procura seguir tendencias comerciais".
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