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Fila do pão na Europa ganha novas caras em sinal de crise

Pessoas na fila para receber a refeição de voluntários em Bari, na Itália - Donato Fasano/Getty Images
Pessoas na fila para receber a refeição de voluntários em Bari, na Itália Imagem: Donato Fasano/Getty Images

William Horobin, Alessandra Migliaccio, Jeannette Neumann e Flavia Rotondi

Da Bloomberg

22/05/2020 15h26

Giovanni Bruno, chefe da rede de bancos de alimentos italiana Banco Alimentare, nunca viu uma crise como a provocada pelo coronavírus: não apenas os pedidos de ajuda aumentaram 40%, mas o perfil dos que buscam auxílio mudou.

Voluntários veem novas caras entre o grande número de pessoas que aparecem todos os dias, sem o suficiente para se alimentar. Muitos são trabalhadores e autônomos que até o confinamento do coronavírus sempre puderam ganhar o pão de cada dia.

"As pessoas nos dizem que têm vergonha, nunca precisaram pedir comida antes", disse. "Alguns vão por seus vizinhos que não querem pedir ajuda."

O crescente número de profissionais nas filas para pedir alimentos é um sinal de que as redes de segurança relativamente abrangentes da Europa estão desatualizadas ou falhando em capturar novas classes de pessoas vulneráveis, mesmo com novos e amplos programas de ajuda de emergência. Com a economia em profunda recessão e enfrentando lenta recuperação, isso aumenta o espectro de maior desigualdade de renda em uma região que tradicionalmente tem feito um melhor trabalho para resolver o problema do que os Estados Unidos.

Muitos dos mais atingidos pela parada repentina de atividade são os que não se qualificam para a ajuda que geralmente acompanha um contrato de trabalho permanente. Isso inclui pequenos empresários, freelancers ou trabalhadores temporários que normalmente poderiam contar com uma rotação de empregos em setores como turismo, hotéis e restaurantes.

Na Europa, a taxa de pobreza entre pessoas que trabalham aumentou desde 2008 para perto de 10%. No Reino Unido, metade dos trabalhadores que correm risco de perder o emprego, trabalhar menos horas ou ter o salário reduzido estão em ocupações que ganham menos de 10 libras (US$ 12,36) por hora, abaixo do piso do salário mínimo nacional, de acordo com a McKinsey & Co.