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Leilão para comprar vila romana de R$ 3 bi com mural de Caravaggio fracassa

Júpiter, Netuno e Plutão, de Caravaggio, pintado em 1597 - Wikimedia Commons
Júpiter, Netuno e Plutão, de Caravaggio, pintado em 1597 Imagem: Wikimedia Commons

da ANSA, em Roma

19/01/2022 10h40

Terminou sem ofertas o polêmico leilão de uma vila que contém um mural de Caravaggio (Michelangelo Merisi, 1571-1610) nesta terça-feira (18) na Itália. O lance inicial para comprar o palácio em Roma onde está a obra era de 471 milhões de euros (cerca de R$ 3 bilhões) e uma nova tentativa de negociação deve ser realizada em abril a um preço menor.

"Júpiter, Netuno e Plutão (ou alegoria da criação alquímica)" é o único mural do tipo de Caravaggio no mundo e está dentro do Casino dell'Aurora, na Villa Ludovisi, em Roma, sendo um palácio monumental de 2,8 mil metros quadrados distribuídos em seis andares. O local ainda possui um incrível jardim e é considerado um dos mais belos da capital italiana.

O caso do leilão vem de uma briga de família entre os herdeiros do príncipe don Nicolò Boncompagni Ludovisi, que era proprietário do local e morreu em 2018. Além do mural, o Casino dell'Aurora tem cinco salas com afrescos de Guercino (Giovanni Francesco Barbieri, 1591-1666) e estátuas, esculturas e colunas de diversos artistas.

A Villa Aurora, mansão cujo teto tem uma histórica pintura de Caravaggio - Reprodução/Youtube - Reprodução/Youtube
A Villa Aurora, mansão cujo teto tem uma histórica pintura de Caravaggio
Imagem: Reprodução/Youtube

A Superintendência Especial de Arqueologia, Belas Artes e Paisagens de Roma solicitou, entre outros pontos, que fossem feitas obras de melhorias e restauração do local para tornar o patrimônio em um museu. A estimativa é que essas obras custarão cerca de 11 milhões de euros (R$ 64 milhões), em valor que será deduzido do valor final da compra.

Porém, o próximo leilão poderá ser realizado de maneira diferente, já que ainda existe a cláusula de que a "compra está sujeita à condição suspensiva de não exercício do direito de preferência pelo Estado". Por conta disso, diversas organizações e membros da sociedade civil fizeram um abaixo-assinado virtual endereçado ao ministro da Cultura, Dario Franceschini, e ao premiê italiano, Mario Draghi, para que o Estado faça valer o direito e bloqueie a venda para um investidor privado.

"Usemos os fundos europeus para proteger o que é nosso. Usemos os fundos do PNRR [Plano Nacional de Retomada e Resiliência, que usa fundos europeus para a retomada pós-pandemia] para salvar a Villa Aurora. Sem a criatividade, a vida fica triste, a cultura não é colocada entre as coisas importantes, parece que um passado esplêndido não serve mais. O lucro serrou os homens de um presente privado de horizontes", dizem os organizadores do abaixo-assinado.

A lista de possíveis compradores bilionários é mantida em segredo, mas a mídia italiana especula que entre os nomes estão o empresário Bill Gates e o sultão de Brunei, Hassanal Bolkiah.