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Arábia Saudita se prepara para receber um milhão de peregrinos em Meca

Peregrinos voltam a Meca depois de dois anos de pandemia - AFP
Peregrinos voltam a Meca depois de dois anos de pandemia Imagem: AFP

da AFP, em Meca, na Arábia Saudita

04/07/2022 09h55

A grande peregrinação anual a Meca, o hajj, volta a encher as ruas da cidade sagrada do Islã na Arábia Saudita a dois dias de seu início e após dois anos de restrições devido à pandemia de covid-19.

Um milhão de fiéis muçulmanos chegarão ao reino do Golfo para esta grande peregrinação, que é um dos cinco pilares do Islã. Entre eles, haverá 850 mil pessoas do exterior pela primeira vez desde 2019.

"É uma felicidade absoluta", disse à AFP Abdel Qader Jeder, um peregrino sudanês. "Quase não consigo acreditar que estou aqui. Estou aproveitando cada momento", acrescentou.

Em 2021, para limitar a propagação do vírus, apenas 60 mil residentes da Arábia Saudita foram autorizados a participar do evento. No ano anterior, apenas 1 mil fiéis tiveram acesso permitido, contra 2,5 milhões de muçulmanos de todo o mundo em 2019.

Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita em 2020: participação foi limitada durante a pandemia - Abdel Ghani Bashir / AFP - Abdel Ghani Bashir / AFP
Peregrinos muçulmanos usam máscaras no Grande Mesquita em cidade sagrada de Meca da Arábia Saudita em 2020: participação foi limitada durante a pandemia
Imagem: Abdel Ghani Bashir / AFP

O regresso dos peregrinos estrangeiros este ano é uma alegria para hotéis, restaurantes e comércios da região, que estiveram privados de rendimentos durante duas temporadas. Nas principais vias da cidade, localizada no oeste do país, cartazes com mensagens de boas-vindas foram colocados.

O hajj consiste em cinco dias de rituais que devem ser realizados dentro e ao redor de Meca por todos os muçulmanos em condições de fazê-lo, pelo menos uma vez na vida.

Prestígio e legitimidade

As duas principais peregrinações muçulmanas, o hajj e a umrah, aportam normalmente cerca de US$ 12 bilhões (R$ 63,9 bilhões) por ano para a Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo. Mas também dá certo prestígio e legitimidade aos líderes do país.

O hajj deste ano será uma oportunidade para o príncipe herdeiro, Mohamed bin Salman, mostrar sua gestão do país, dez dias antes da primeira visita do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Acusado pelos americanos de ter aprovado o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi em 2018 e criticado por abusos aos direitos humanos, o jovem príncipe introduziu mudanças importantes no reino conservador nos últimos anos.

Muçulmanos rezam ao redor da Kaaba em Meca, na Arábia Saudita: locais de oração deverão ser higienizados múltiplas vezes ao dia - AFP - AFP
Muçulmanos rezam ao redor da Kaaba em Meca, na Arábia Saudita: locais de oração deverão ser higienizados múltiplas vezes ao dia
Imagem: AFP

Longe dos shows em Riad e das praias mistas de Jidá, as autoridades permitiram no ano passado que as mulheres fizessem a peregrinação a Meca sem serem acompanhadas por um parente do sexo masculino. Num momento em que as infecções por covid-19 voltam a aumentar, a aglomeração de um milhão de pessoas não é isenta de riscos.

As autoridades sauditas, que haviam anunciado em junho que a máscara não era mais obrigatória na maioria dos espaços fechados, especificaram que seria obrigatória na Grande Mesquita, ao redor da Caaba, uma estrutura quadrangular preta em direção à qual os muçulmanos oram.

Este ano, o hajj está reservado a pessoas vacinadas com menos de 65 anos. Os peregrinos que chegam do exterior também têm que apresentar resultado negativo de um teste de PCR realizado 72 horas antes da viagem.

Peregrinos voltam à Meca aos milhões pela primeira vez este ano desde a covid-19 - AFP - AFP
Peregrinos voltam à Meca aos milhões pela primeira vez este ano desde a covid-19
Imagem: AFP

A Grande Mesquita será "limpa 10 vezes ao dia, por mais de 4 mil trabalhadores e mais de 130 mil litros de desinfetante serão usados em cada operação", disseram as autoridades.

Desde o início da pandemia, a Arábia Saudita registrou mais de 795 mil infecções por coronavírus e 9 mil mortes em uma população de cerca de 34 milhões.

E outro desafio será a temperatura em uma das regiões mais quentes e secas do mundo. Algumas partes do país já registraram temperaturas em torno de 50º C.