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México reclama de apropriação cultural em coleções da Zara e Anthropologie

Carta da Secretaria de Cultura do México compara criação de artistas locais com roupas vendidas por fas-fashion - Reprodução
Carta da Secretaria de Cultura do México compara criação de artistas locais com roupas vendidas por fas-fashion Imagem: Reprodução

29/05/2021 09h22

O governo mexicano exigiu explicações das marcas de roupas Zara, da Espanha, e Anthropologie e Patowl, dos Estados Unidos, por usarem elementos culturais de povos indígenas em suas coleções, alegando "apropriação cultural indevida", informou a Secretaria de Cultura nesta sexta-feira.

A instituição enviou cartas às três marcas, solicitando-lhes que esclarecessem publicamente "com que fundamentos se privatiza uma propriedade coletiva" pertencente a povos indígenas do estado de Oaxaca, e a indicar quais serão "os benefícios com que serão retribuídas as comunidades criadoras".

"Trata-se de um princípio de consideração ética, que, local e globalmente", obriga a chamar a atenção e discutir "um tema inadiável como a proteção dos direitos dos povos originários, que, historicamente, permaneceram invisíveis", assinalam as cartas, datadas de 13 de maio e assinadas pela secretária de Cultura, Alejandra Frausto.

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Imagem: Reprodução

No caso da Zara, propriedade da empresa espanhola Inditex, a reclamação se refere ao chamado vestido Midi com cinto, que leva elementos da cultura mixteca. Em relação à Anthropologie, a peça acusada de indevida é o short bordado Marka, que contém detalhes referentes à cultura e identidade do povoado mixe de Santa María Tlahuitoltepec. A Patowl, por sua vez, confeccionou camisetas estampadas de sua coleção Tops como "uma cópia fiel" da indumentária tradicional do povo zapoteca da comunidade de San Antonino Castillo Velasco, detalhou a secretaria.

Nas cartas, Alejandra convida as marcas a trabalharem de forma respeitosa com as comunidades, sem prejudicar "a identidade e a economia dos povoados", e seguindo "um comércio justo", que trate com igualdade criadores indígenas, empresários e designers.

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Imagem: Reprodução

Em novembro passado, o México apresentou a mesma queixa à designer francesa Isabel Marant, que pediu desculpas ao governo do país e a uma comunidade indígena de Michoacán. Em 2019, a Secretaria de Cultura protestou junto à empresa de Carolina Herrera, estilista venezuelana radicada nos Estados Unidos, por ter copiado bordados coloridos típicos da comunidade de Tenango.

As espanholas Rapsodia — também da Inditex — e Mango foram igualmente apontadas por terem se apropriado de desenhos do México, que, com 56 grupos étnicos, possui uma importante riqueza artesanal, incluindo têxteis e bordados.