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'Coronapasse', a chave para a reabertura na Dinamarca

Homem mostrado o "coronapasse" na Dinamarca por meio do celular - Tom Little/AFP
Homem mostrado o "coronapasse" na Dinamarca por meio do celular Imagem: Tom Little/AFP

07/05/2021 09h29

"Estou impaciente. Tenho saudades do cinema. Estou ansiosa para voltar a ver um filme no telão", confessa Stina que, com seu "coronapasse" na mão, pode desfrutar a reabertura de cinemas, academias e salas de teatro na Dinamarca.

Como em restaurantes, cabeleireiros, ou museus, para entrar no cinema, é necessário apresentar este passaporte de saúde que atesta um teste negativo de menos de 72 horas, uma vacinação, ou uma recuperação recente da covid-19.

"Você faz um teste rápido, que é gratuito, e depois recebe uma passe no celular quando o resultado fica pronto. Você entra e mostra seu passe e sua carteira de identidade", explica Stina, de 30 anos.

No Falkoner, no centro de Copenhague, não há grande afluência de público nesta tarde nublada, mas há alguns filmes novos e a vontade de recuperar o tempo perdido.

"Não me incomoda em nada mostrar o coronapasse. Me sinto segura", comenta Ottilia, uma estudante de 22 anos, comprando os ingressos para uma próxima sessão.

Lançado discretamente no início de março, quando os zoológicos foram reabertos, seu uso foi sendo estendido a cada estágio da flexibilização das restrições sanitárias.

"É um grande sucesso, porque combinou a reabertura da economia com a aceleração dos testes de diagnóstico", estima Lars Ramme, funcionário da Câmara de Comércio Dinamarquesa.

Bares, cafés e restaurantes utilizam-no sem problemas desde 21 de abril.

"Sinceramente, acho que depois de um confinamento de quatro meses e meio, pelo menos em Copenhague, as pessoas fariam qualquer coisa para poder tomar uma cerveja e comer alguma coisa", aponta Mikkel Bjergsø, fundador da popular cervejaria Mikkeler.

Em um de seus pubs, Warpings, ele instalou um estande para que seus clientes sem passe válido possam fazer um teste.

O passe digital está atualmente disponível no aplicativo "Min Sundhed" ("Minha saúde"), mas também há uma versão em papel.

"Por enquanto, o coronapasse é uma boa ideia", diz Carl Kronika, um empresário de 21 anos. "Quando você pensa sobre isso, é um pouco assustador, mas atualmente é a única maneira de sairmos".

"Novo normal"

Medida tem como intuito a reabertura de estabelecimentos, como bares e restaurantes - Tom Little/AFP - Tom Little/AFP
Medida tem como intuito a reabertura de estabelecimentos, como bares e restaurantes
Imagem: Tom Little/AFP

Assim como seus amigos sentados em torno de algumas cervejas, o jovem passa por um teste duas vezes por semana em um dos muitos locais em Copenhague.

No momento em que apenas 12,7% dos dinamarqueses estão totalmente vacinados, o princípio do passe de saúde depende, acima de tudo, dos testes de diagnóstico gratuitos, implantados em grande número por atores públicos e privados.

No centro da capital dinamarquesa, a empresa Copenhagen Medicals transformou uma enorme sala de concertos em um centro de diagnóstico, por onde passam até 3.000 pessoas por dia.

Todos os dias, neste reino nórdico de 5,8 milhões de habitantes, até 500.000 testes podem ser realizados.

"É o novo normal. Anotei na agenda um teste a cada três dias", explica a diretora do cinema Falkoner, Maibrit Dener-Madsen.

Em um país onde a confiança nas autoridades é muito elevada - 67% afirmam confiar no governo, e mais de 90%, nas autoridades sanitárias -, o uso do "coronapasse" teve alguma resistência.

Entre os opositores, o pequeno movimento "Men in Black" percorre regularmente Copenhague, gritando sua insatisfação com as regras sanitárias.

Embora um dinamarquês em cada três considere as restrições exageradas, pouco mais de 10% apoia os protestos, de acordo com um relatório recente da Universidade de Aarhus.

Em suas recomendações, o Conselho de Ética recomenda, no longo prazo, "reduzir progressivamente o uso do coronapasse".