Europa prepara verão na praia após pandemia
A Europa se prepara para férias de verão interrompidas pela pandemia de coronavírus. O que acontecerá após 15 de junho, o dia teórico da reabertura das fronteiras da União Europeia?
Para milhões de europeus, trata-se de retomar uma vida normal e aproveitar as férias de verão ao sol, uma forma de libertação após meses de confinamento e ansiedade sob a ameaça da pandemia.
Para os países afetados, com economias atingidas pelo vírus e para o qual o turismo é um setor-chave, trata-se, sobretudo, de capturar o lucro inesperado dos visitantes no verão e obter vantagens sobre seus concorrentes europeus.
Ibiza
A Espanha havia estabelecido um dos mais rígidos confinamentos do mundo em 14 de março. Em 15 de junho, não será uma questão de abrir totalmente as fronteiras, já que o país não terá terminado o desconfinamento por fases.
Portanto, os espanhóis continuarão desfrutando por algumas semanas, com exclusividade, da Sagrada Família em Barcelona, ou da Alhambra, em Granada.
O governo definiu 1º de julho como a data para a reabertura de suas fronteiras, a retomada do turismo internacional e o fim da quarentena imposta a todos os recém-chegados desde 15 de maio.
A máscara permanecerá obrigatória nas vias públicas e em locais fechados até que o coronavírus seja "definitivamente derrotado", segundo as autoridades.
Mas os fãs das festas e boates podem ficar tranquilos: como parte de um projeto piloto, turistas de certas nacionalidades (alemães, franceses, escandinavos) poderão viajar para as Ilhas Canárias e Ilhas Baleares durante a segunda quinzena de junho.
Segundo o ministro do Turismo, 6.000 alemães poderão desembarcar em Ibiza e em Palma de Maiorca, a partir de 15 de junho, sob um acordo com as autoridades locais e o operador turístico TUI.
Em meio a cerveja e mojitos em abundância, ainda não se sabe se as máscaras permanecerão obrigatórias no final da noite nas boates.
"Voltem!", mas em quarentena
"Volte, são bem-vindos!", assegurou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, aos turistas estrangeiros.
A Grã-Bretanha nunca fechou suas fronteiras e, portanto, não terá de reabri-las formalmente em 15 de junho.
Desde 8 de junho, o governo impõe, porém, uma quarentena de 14 dias a todos os viajantes que chegam do exterior, incluindo os britânicos, para evitar a importação de novos casos durante o desconfinamento.
Portanto, é improvável que os turistas retornem em massa ao Reino Unido para admirar a Torre de Londres, o Big Ben, o Palácio de Buckingham, ou os tesouros do Museu Britânico.
Para atrair os britânicos, o governo indicou que está trabalhando em acordos bilaterais (e com transporte aéreo!) com os países do Mediterrâneo, em particular para contornar o problema da quarentena.
Segundo o "Sunday Times", Boris pediu ao ministro dos Transportes que encontrasse uma solução antes do final de junho.
Mesmo sem quarentena, o Reino Unido não é, de forma alguma, um destino muito desejável hoje: reservas de hotéis permanecem quase zeradas, exceto por razões profissionais.
Restaurantes e atrações turísticas ainda estão fechados, e apenas parques e jardins estão abertos.
Torre Eiffel de escadas
A França se declarou a favor da reabertura das fronteiras internas da Europa a partir de 15 de junho, sem uma quarentena de 14 dias para os viajantes.
Deixou claro, porém, que aplicará a "reciprocidade" aos países que impõem quarentenas a seus nacionais.
Na França, o principal destino turístico do mundo, com mais de 90 milhões de visitantes estrangeiros em 2019, o governo está concentrado, principalmente, no "motor doméstico" para reiniciar o setor e está prestes a lançar uma campanha chamada "Este verão eu visito a França" (#CetétéjevisitelaFrance).
Assim, os profissionais dificilmente contam com o retorno de turistas estrangeiros, que geralmente representam 40% da receita do setor.
Enquanto isso, Paris, a cidade mais visitada da Europa, recupera lentamente sua aparência normal, com seus terraços e garçons pouco amáveis.
O monumento mais famoso da capital, a Torre Eiffel, será reaberto ao público em 25 de junho, mas o número de visitantes será limitado na esplanada e nos andares.
Inicialmente, a subida será feita apenas pelas escadas e até o segundo andar, com máscara obrigatória. A cúpula será reaberta "em algum momento do verão".
O Museu do Louvre, com sua Mona Lisa, planeja reabrir em 6 de julho.
Cuidado com os lombardos!
Neste verão, o slogan é "Benvenuti en Italia"!
Ainda atordoada pela pandemia, mas ansiosa para se recuperar do trauma e reviver sua economia o mais rápido possível, a Itália reabriu suas fronteiras em 3 de junho.
Esse dia também marcou o retorno da liberdade de circulação entre as 20 regiões italianas, de norte a sul do país.
País europeu mais afetado pelo coronavírus, a Itália também foi um dos primeiros a mostrar claramente seu desejo de atrair turistas estrangeiros.
Quase todos os inúmeros monumentos e locais emblemáticos reabriram em maio: a Basílica de São Pedro, o Coliseu de Roma, a Galeria Borghese, Pompeia, a Torre de Pisa, ou as catedrais de Milão e Florença.
Mas, como os canais de Veneza, onde as gôndolas aguardam clientes, esses monumentos permanecem pouco visitados no momento, talvez por alguns italianos.
Centro tradicional de turismo de massa, a Itália ainda aguarda os estrangeiros, que vão aparecendo gradualmente nas ruas da cidade eterna, com um "gelato" na mão.
Em um país onde o turismo representa 13% do PIB, é imperativo "vender a marca italiana".
Também é necessário se acostumar à ideia de que a Itália, e a rica Lombardia em particular, com sua capital Milão (epicentro da epidemia), possam passar por uma nova onda da COVID-19.
A Suíça e a vizinha Áustria, em particular, aceitaram apenas nos últimos dias e, após forte pressão de Roma, a reabertura de suas fronteiras com o norte da Itália.
Esta é uma decisão importante, já que o Passo do Brennero, no Tirol, é um eixo fundamental de circulação entre o norte e o sul da Europa, principalmente para turistas alemães, que costumavam ir em massa à Itália.
Os italianos da Lombardia, ou do vizinho Piemonte, que desejam ir para a Grécia devem passar por testes obrigatórios, uma ação que Roma gostaria de ver suspensa o mais rápido possível.
O debate também alimenta diferenças nacionais: várias regiões, como a ilha da Sardenha e a região da Campânia (no sul), não gostam nada da ideia de que os lombardos possam se mover livremente em qualquer lugar do país.
"Vamos lembrar disso", disse o prefeito de Milão, Beppe Sala, furioso.
Sem buffet nos hotéis gregos
Independentemente dos turistas vindos da Alemanha, Suíça, França, Itália, ou da vizinha Albânia, a Acrópole e as águas azul-turquesa das ilhas gregas estarão abertas a todos a partir de segunda-feira.
A Grécia reabre suas fronteiras para a maioria dos turistas do continente europeu, mas também de vários cantos do mundo, como Austrália, Japão, Coreia do Sul, China, Israel e Líbano.
Isso exclui o continente americano, cujos voos poderiam ser restabelecidos após 1º de julho.
Visitantes de certas regiões fortemente afetadas pelo coronavírus - como Paris, Madri, Castilla, Catalunha, Lombardia e Piemonte - serão submetidos a um teste sistemático e obrigatório, com uma primeira noite em um hotel fornecido pelas autoridades gregas.
Se o teste for negativo, o viajante terá de ficar confinado por sete dias. Se positivo, a quarentena será imposta sob supervisão de 14 dias.
Os dois principais aeroportos do país, Atenas e Thessaloniki, reabrirão na segunda-feira para voos internacionais. Para os demais, nada muda.
As praias virgens de Creta, Corfu, ou Santorini, são acessíveis por voo doméstico, e as outras ilhas, de barco.
As conexões marítimas para a Itália também serão restabelecidas a partir de segunda-feira, mas os aeroportos regionais, como Mykonos, Paros, ou Santorini, não serão reabertos para voos internacionais até 1º de julho.
As fronteiras terrestres com os Bálcãs também estarão abertas na segunda-feira.
Não haverá restrições dentro do país para visitar os sítios arqueológicos do Peloponeso, ou os mosteiros de Meteora. Os turistas terão acesso a todos os sítios arqueológicos, de Delphi a Olympia, passando pela Acrópole, bem como a todos os museus do país, mas com um sistema de filtros de entrada.
A única desvantagem para os glutões é que os buffets serão removidos nos hotéis.
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