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A salvo do coronavírus, ilhas do Pacífico hesitam em retomar o turismo

Ilha de Monuriki, em Fiji - KhufuOsiris/creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/deed.en
Ilha de Monuriki, em Fiji Imagem: KhufuOsiris/creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0/deed.en

11/05/2020 09h44

Ao fechar suas fronteiras, as nações do Pacífico Sul conseguiram evitar a epidemia de coronavírus, mas suas economias entraram em colapso. Agora, enfrentam uma decisão difícil: manter as barreiras ou permitir que os turistas retornem, com a ameaça à saúde que representam?

Governos de todo o mundo já planejam o fim do confinamento e das restrições que provocaram consequências catastróficas aos empregos e à economia.

Mas no Pacífico Sul, o debate entre saúde e economia é especialmente complicado.

A maioria dos arquipélagos impediu a propagação do vírus que aniquilaria instantaneamente suas capacidades sanitárias.

Doze países insulares não registraram nenhum caso de COVID-19 porque fecharam imediatamente suas fronteiras para impedir a importação do coronavírus. Fiji é uma exceção, com 18 contágios, mas as autoridades esperam que a epidemia seja contida.

O impacto econômico foi desastroso para todos estes países que são altamente dependentes do turismo. Para alguns, a renda procedente do turismo representa 50% do PIB.

Zero renda

As companhias aéreas paralisaram desde o início da crise e, sem turistas, a hotelaria entrou em colapso.

Em Vanuatu, segundo a imprensa, 70% dos empregos relacionados ao turismo desapareceram. E os países pobres do Pacífico não têm um banco central comum que possa liberar planos de ajuda regional.

Alguns sugeriram a ideia de incluir essas ilhas na "bolha", da qual fazem parte australianos e neozelandeses, um espaço comum onde os cidadãos dos dois países não teriam que respeitar a quarentena. Mas a iniciativa não encontrou consenso.

"Existe um grande risco se a COVID-19 chegar aos países das Ilhas do Pacífico que atualmente não são afetados", disse a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, depois de uma reunião com o colega australiano Scott Morrison.

Nas Ilhas Cook, no entanto, a ideia da cooperação é incentivada.

"Acreditamos que pequenos redutos como o nosso, atualmente livres do vírus, poderiam interagir com outros países da região na mesma situação, adotando as precauções máximas", argumentou o executivo de turismo desse arquipélago, Halatoa Fua.

Ansiedade

Muitos habitantes dessas ilhas sofrem de diabetes ou problemas cardíacos, o que os torna particularmente vulneráveis em caso de contaminação.

Na ausência de voos diretos para a Austrália e Nova Zelândia, o ministro do Turismo de Palau, F. Umiich Sengebau, considerou que seria melhor criar um espaço comum com Taiwan.

"É uma ideia engenhosa que devemos considerar com um país como Taiwan, que fez um ótimo trabalho ao administrar a epidemia de COVID-19", disse ele.

Mas em outras ilhas do Pacífico a questão do turismo está longe de ser uma prioridade.

"Por enquanto, a prioridade do governo das Ilhas Salomão é concluir a preparação para a epidemia e repatriar cidadãos", disse um porta-voz do primeiro-ministro Manasseh Sogavare.

O secretário de Saúde das Ilhas Marshall, Jack Niedenthal, considerou prematuro discutir o estabelecimento de uma área segura.

"O simples fato de dizer 'talvez' pode gerar ansiedade entre a população, algo que ninguém precisa", disse.