Flor é coisa só de mulher? Já passou da hora de rever esse conceito

"Nunca vendi tanto", comenta um amigo produtor de plantas. "Bati o faturamento histórico da empresa", me diz uma colega, dona de uma floricultura tradicional no interior de São Paulo.
Desde maio desde ano fatídico, não teve pandemia capaz de parar a descoberta de milhões de pessoas presas em casa: plantas são ótimas companheiras de isolamento. Pra qualquer pessoa, em qualquer idade, não importa o gênero ou a orientação sexual.
Você pode dizer que as vendas têm sido impulsionadas pelo Dia das Mães, o que, de fato, pesa muito, especialmente nas orquídeas. Não acredito que existam plantas "de menino" ou "de menina", mas é certo que as orquídeas têm muito apelo junto ao público feminino — embora existam, proporcionalmente, mais homens orquidófilos do que mulheres.
Num papo com amigos, muitos comentam que suas mães gostam de plantas, mas assim como o público amante das verdinhas rejuvenesceu, também ficou mais urbano e diversificado nos últimos anos.
Mesmo assim, com a proximidade do Dia dos Pais, muita gente trava: pode dar flor? Pode. Tá aqui sua aprovação, assinada e carimbada. Vai ser feliz no meio de primaveras, embaixo das raízes da Vanda, abraçando Kalanchoe e torcendo pra flor-de-maio abrir os botões.
Corre aproveitar a temporada das espécies de frio, como jacinto, narciso, tulipa e Cymbidium, não perde as floradas da orquídea-pipoca ou da Coelogyne cristata, que são passageiras e lindas.
Prepara a câmera pro esplendor dos ipês carregados, coloridos, um mais festivo que o outro, desde que são mudas magrelas e valentes.
E pensa em presentear com o que der na telha, vale buquê de rosas, terrário com Phalaenopsis, bonsai de cerejeira arrebatando os corações. Planta bonita, saudável e em plena florada vai sempre roubar a cena, mesmo que seu mimo chegue por delivery.
Tirem os sapatos, andem descalços na grama, tomem sol embaixo dos jasmins, sintam o perfume dos roseirais e admirem as flores das suinãs e mulungus, das paineiras e congeias, vendo cada cacto se tingir de cor ao abrir caminho entre os espinhos pra beleza das flores. Nem que seja por uns poucos instantes.