O que é o huitlacoche, o milho "estragado" tão apreciado pelos mexicanos
O milho há milênios faz parte da alimentação básica de grande parte da América Latina - está repleto de nutrientes como carboidratos, vitaminas e fibras.
Mas faltam-lhe dois elementos nutricionais cruciais: os aminoácidos lisina e triptófano, que fazem parte de uma lista de 20 substâncias deste tipo essenciais ao organismo.
Nosso corpo fabrica 11 desses aminoácidos, o que significa que precisamos buscar os nove restantes em nossa dieta.
Não é muito fácil - ovos, peixes e carnes contêm esses nove aminoácidos essenciais, mas muitos outros alimentos, não.
E, para sobreviver, temos misturado curiosamente o que comemos, ainda que ao longo dos tempos isso não tenha sido feito de forma tão consciente assim.
E os mexicanos encontraram uma maneira curiosa de fazê-lo.
'Beleza' surpreendente
Para usar o milho como forma de completar o consumo de aminoácidos, eles lançam mão de uma "iguaria": o huitlacoche, que nada mais é do que uma espiga contaminada pelo fungo Ustiligo maydis, uma praga que ataca milharais em todo o mundo.
Mas se o fungo provoca pavor em fazendeiros ao redor do mundo, no México a reação é bem diferente quando as espigas doentes e deformadas são encontradas.
Isso porque o huitlacoche não é apenas um alimento para os menos privilegiados - ele é servido pelos melhores restaurantes.
Espigas infectadas custam até 50% a mais que as saudáveis.
"O aroma é maravilhoso. Cheira à terra", diz o chef mexicano Lalo García.
"É assombroso que a terra siga produzindo este tipo de beleza", explica ele à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"Quando você olha para o huitlacoche, você não imagina que ele tenha um sabor tão intenso".
Segundo gastrônomos, o gosto se assemelha ao de trufas negras combinadas com cogumelos shitake e notas mais defumadas.
Mas a "magia" acontece quando o milho apodrecido é degustado com tortilhas de milho. Isso porque nem o milho saudável ou doente contêm os nove aminoácido essenciais. Juntos, porém, fazem um par perfeito.
Mas os mexicanos não são os únicos a encontrar combinações que proveem os nove aminoácidos.
Os britânicos, por exemplo, fazem isso comendo feijões brancos com molho de tomate sobre torradas. Os indianos, com arroz e lentilhas.
Ou seja: criamos combinações de legumes e grãos, em todo o planeta.
Instintivamente, convertemo-nos em nutricionistas.
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