Com frio de lascar, é hora dos vinhos encorpados: veja quais os melhores

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Não sei como está o tempo onde você lê esta newsletter, mas aqui em São Paulo, de onde escrevo, tá um frio de renguear cusco (como se diz no estado ainda mais frio do qual provenho). O que eu acho ótimo. Afinal, em 2024 e 2023, foi difícil abrir aquelas garrafas de vinhos mais encorpadões, que a gente associa ao inverno. Hoje está fácil.
Mas o que é um vinho encorpado? Taí um negócio que eu acho difícil de definir, mas todo mundo sabe o que é. É aquele que dá uma sensação de peso, de "boca cheia". E que acompanha muito bem a maioria das comidas que a gente associa ao inverno.
Essas regras não valem sempre, mas alguns elementos ajudam a determinar se um vinho terá bastante corpo: a casta, onde é produzido (quanto mais quente, mais corpo), nível de taninos, passagem por madeira, teor alcoólico e açúcar residual (nos quatro últimos, quanto mais desses elementos, mais corpo).
Algumas das uvas tintas conhecidas por produzirem vinhos encorpados são a cabernet sauvignon, a tannat, a syrah, a merlot, a malbec, a mourvèdre, a nebbiolo, a aglianico. Mas tudo depende de onde e como o vinho é feito.
Alguns tintos célebres que têm bastante corpo são o Amarone, os cabernets da Califórnia, alguns grandes de Bordeaux, Châteauneuf-du-Pape, Douro, Priorato, Barolo, Taurasi, Cornas e chega porque a lista é grande.
Algumas boas combinações de comida

- Bordeaux (margem esquerda): Cordeiro assado
- Bordeaux (margem direita): Carne bovina grelhada (como um filé mignon)
- Amarone: Carnes cozidas lentamente, queijos maduros
- Cabernet da Califórnia: Valem as dicas para Bordeaux
- Châteauneuf-du-Pape: steak au poivre, carnes com ervas mediterrâneas
- Douro: Arroz de pato
- Priorato: Carnes de caça
- Barolo: Ragus, pratos densos com cogumelos ou trufas
- Cornas: Coq au vin
- Taurasi: Porco assado (partes mais gordas. Lombinho com abacaxi não vale)
Agora, sinceramente, eu combinaria qualquer um desses vinhos com qualquer um desses pratos. Dificilmente me daria mal.
Mas o prato mais associado ao inverno pede outra coisa

Aquele fondue que faz sucesso entre namorados nesses dias frios pede um branquinho ácido e seco, que ajude a cortar a gordura queijosa que envolve as vítimas espetadas no garfo. Com um pouco mais de contestação dos amigos, uso o mesmo raciocínio para feijoada, que acho uma delícia com espumantes bem ácidos. Não estou sozinho nessa escolha.
Já o cassoulet, que adoro, acho que vai bem com um tinto meio rústico, como os clássicos do sudoeste da França, alguns uruguaios ou mesmo os gaúchos que não acham que refinamento e alvenaria são sinônimos (um cabernet da Vallontano, por exemplo, iria bem). E, falando nisso, tento, por razões afetivas, sempre emparelhar um vinho gaúcho com minha comida favorita de inverno: a sopa de cappelletti (ou, melhor ainda, de agnolini).
SAIDEIRA

Esse tava bom
O Piedra Roja cabernet sauvignon 2021 é produzido pela vinícola orgânica Odjfell para a importadora Santo Vino. Do terroir clássico do Vale do Maipo chileno, o vinho tem notas de groselha preta, amora, café e um pouco de menta. Tem bom corpo e taninos bem integrados. Começou meio fechado no copo, mas foi expandindo os aromas com alguns minutos de contato com o ar. Custa R$ 212 no site da importadora.

O barato da semana
O Juan Carrau Tannat costuma ser uma boa introdução à tannat, que os uruguaios poliram para afastar sua tradicional rusticidade. Mas, como o próprio nome da cepa indica, mantém os taninos presentes. Produzido na região de Canelones, colada em Montevidéu, tem aromas de ameixa seca e vai bem com um churrasco despretensioso. Está R$ 71,90 na Amazon (comprando pelo link, o UOL ganha um percentual). Comprar
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