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OPINIÃO

Afinal, por que o vinho do Porto é doce e mais alcoólico?

Imagem: Getty Images
Rodrigo Barradas

Do UOL

10/05/2025 05h30

Porto é provavelmente o vinho doce mais conhecido no mundo. No Brasil, com a herança portuguesa, certamente. Mas por que o vinho do Porto é doce?

O segredo está na interrupção da fermentação alcoólica. Antes que as leveduras transformem todo o açúcar das uvas em álcool, acrescenta-se uma aguardente bem alcoólica.

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Com isso, os microrganismos morrem, e o resultado é, ao mesmo tempo, um vinho doce (pela interrupção da fermentação) e mais alcoólico (pela adição de aguardente).

Peraí, mas e o Porto branco seco?

Pois é, ali em cima eu falei que o vinho do Porto é sempre doce. Mas tem essa exceção, que vai tão bem misturada com tônica e alguma guarnição no portonic. O segredo aqui é adicionar a aguardente próximo do fim da fermentação, quando quase todo o açúcar já virou álcool. O resultado é um vinho mais seco que seus irmãos, embora normalmente ainda tenha um pouquinho de dulçor.

Gato por lebre no copo em Paris

Reportagem em vídeo do Le Parisien juntou, sob anonimato, relatos de garçons que servem habitualmente vinhos mais baratos que os escolhidos pelos clientes quando o pedido é feito em taças. Especialmente se o comensal tiver pinta de turista. Com essa informação, o jornal destacou dois sommeliers para, disfarçadamente, pedir vinhos em copo em restaurantes de áreas turísticas. Um deles chegou até a identificar um "Chablis" de sauvignon blanc (uva que não é utilizada nessa denominação, e sim chardonnay). O link está aqui.

Uma uva: touriga franca

Menos famosa que a touriga nacional, a franca (ou francesa) é, todavia, a variedade mais plantada no Douro, de onde vêm as uvas do Porto. É uma cepa bastante produtiva, que aguenta bem o calor inclemente da região. Tem características de frutas pretas e vermelhas e de flores (como rosas), mas dificilmente é vinificada como varietal, ficando mais restrita a cortes (como no Porto). Também é importante no Dão, e há plantações na Austrália.

SAIDEIRA

Esse eu nunca tomei
A Quinta do Crasto faz, em algumas safras, um varietal de touriga nacional. A descrição do produtor para a de 2019 é a seguinte: 'De cor violeta carregada, apresenta aromas intensos de frutos do bosque em harmonia com suaves notas de especiaria. Na boca inicia com excelente volume, mostrando ser um vinho de estrutura séria, composto por taninos de textura fina e persistente. Um vinho envolvente que espelha muito bem a tipicidade da casta Touriga Franca e que termina com excelente frescura e persistência.' Custa mais de R$ 700 (safras variadas) em sites de lojas.

Esse tava bom
Admito que tenho receio com vinhos espanhóis de monastrell (mourvèdre, em francês). Já topei com muitos excessivamente maduros, cozidões. Mas o Finca Xaconero 2018, feito por Enrique Mendoza em Alicante, foi uma bela surpresa. Frutas pretas frescas (ameixa e amora), flores (rosas), especiarias (canela) e ervas (alecrim), com um toque lácteo (iogurte) e de chocolate. É robusto, mas não pesado, rústico, com leve amargor. Aconselho que seja bebido logo, enquanto mantém o frescor de suco de frutas. Custa R$ R$ 322,90 na importadora Grand Cru.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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