Hambúrguer é coisa de tiozão? As pesquisas dizem que sim
Se você é louco por hambúrguer ou por um bom naco de carne no churrasco de domingo, você faz parte do grupo dos tiozões. Pelo menos se vivesse nos EUA.
Por lá, os maiores consumidores de carne bovina no país ou são homens ou pessoas com idade entre 50 e 65 anos.
Uma pesquisa recente publicada pela revista Nutrients concluiu que 12% da população que relata ter uma dieta muito voltada para a carne faz parte dos dois grupos.
E o mais curioso e revelador dos dados apresentados nesta semana: eles consomem metade de toda a carne que chega ao mercado para a alimentação diária.
Os carnívoros inveterados que responderam à pesquisa (entre 10 mil pessoas ouvidas) disseram comer mais de 120 gramas de proteína animal diariamente — ou seja, mais do que o recomendado pelo Departamento de Agricultura dos EUA.
Sim, aparentemente são as gerações mais velhas que ainda giram as engrenagens da tradicional indústria pecuária no país americano.
Não se trata, de todo, de uma novidade no mundo: muitas pesquisas demonstram que as novas gerações em diversos países são as que cada vez menos consomem proteína animal. Principalmente se ela provém de vacas.
Isso principalmente porque a indústria alimentar e agrícola é responsável por um terço de todas as emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial, impulsionadas em grande parte pelo gado que emite metano e necessita de vastas extensões de terra para pastar.
As gerações mais novas — principalmente "Gen-Z" — costumam ser mais ligadas às questões ambientais e essa consciência sustentável pode ter um impacto em suas dietas.
Elas estão causando uma mudança global no consumo de carne nos últimos anos. Cerca de 70% da população mundial está reduzindo o consumo de carne ou a deixá-la completamente fora da mesa.
Isso segundo relatórios da GlobalData, empresa líder em dados e análise que trabalha com 4.000 das maiores empresas do setor do mundo.
Um comportamento que tem tido até mesmo a bênção do papa: na Conferência da Juventude da União Europeia, no ano passado, o pontífice defendeu que os jovens restrinjam carne em seus pratos, que ele chamou de "coisas supérfluas".
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Quero receber"Em algumas áreas do mundo seria conveniente consumir menos carne: isso também pode contribuir para salvar o meio ambiente", afirmou o papa Francisco na ocasião.
Carnes e o efeito estufa
No Reino Unido, um estudo pioneiro conduzido pela Universidade de Oxford identificou em números a diferença entre dietas com alto e baixo teor de carne nas emissões de gases com efeito de estufa.
Se todos os moradores do Reino Unido que comem carne compulsivamente cortassem menos da metade da quantidade, isso faria uma grande diferença: equivaleria a tirar oito milhões de carros das ruas.
A Organização Mundial de Saúde recomenda o consumo de carne de 300 gramas por semana — em países como Argentina, EUA e Brasil, entre os três maiores consumidores do mundo, os números da média passam o dobro facilmente.
Nesse sentido, o estudo de Oxford determina alguns padrões: carnívoros são os que comem mais de 100 gramas de carne por dia — o equivalente a um hambúrguer grande.
Os que têm baixo consumo de carne são aqueles com ingestão diária de 50 gramas ou menos, aproximadamente duas salsichas.
Fazendo as contas rápidas, a pesquisa mostrou que um carnívoro emite no meio ambiente 10,24 quilos diários de gases com efeito de estufa. Os que têm um baixo consumo não passam de 5,37 quilos.
Os consumidores de peixe têm um impacto ainda menor (4,74 kg), muito parecido com os vegetarianos (4,16 kg), mas quase o dobro dos veganos (2,47 kg).
É preciso mais informação
Ainda assim, há uma subinterpretação dos impactos do consumo de carne até entre os grupos da geração Z: 85% dos jovens acreditam que carvão e outras formas insustentáveis de energia são os principais culpados pela crise do clima, atribuindo pouco (ou menos) impacto da pecuária nesse cenário.
A pesquisa realizada na Austrália mostrou que, embora mais engajada ambientalmente, apenas 38% da geração Z associa consumo de carne com as mudanças climáticas.
Para mudar esses números e criar maior consciência do papel da carne nesse panorama, os estudiosos indicam que é preciso fomentar novas pesquisas e disseminação de informações capazes de criar maior consciência do impacto da carne no planeta entre os jovens. Ou talvez apenas começar a chamá-los de tiozões.
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