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Reportagem

Novo documentário aborda misterioso desaparecimento de inglesa no Caribe

No final da manhã de 8 de março de 2021, o telefone tocou na sede da Guarda Costeira, na ilha de St. Thomas, no Caribe.

Do outro lado da linha, estava o americano Ryan Bane, de 44 anos, relatando o desaparecimento de sua namorada, a inglesa Sarm Heslop, de 41, do barco no qual eles moravam, então ancorado a menos de 100 metros de uma das praias da vizinha St. John, uma das ilhas que fazem parte da Ilhas Virgens Americanas.

Mas, segundo o americano, o desaparecimento da namorada havia ocorrido quase dez horas antes, ainda de madrugada, por volta das 02h30 da manhã, quando ele despertou e deu por falta dela no barco.

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Imagem: Reprodução

Desde então, quatro anos e meio depois, apenas duas coisas aconteceram neste intrigante e revoltante caso.

Ou melhor, não aconteceram: nunca mais a inglesa foi vista - nem tampouco o seu corpo encontrado -, e o americano Ryan Bane jamais prestou depoimento à polícia, mesmo tendo sido a última pessoa a estar com a vítima, o que automaticamente o transformaria em principal suspeito.

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Suspeito nunca foi ouvido pela polícia

E segue assim até hoje, para total indignação da família e dos amigos de Sarm Heslop, a velejadora inglesa que desapareceu misteriosamente no Caribe, e ninguém sabe como, muito menos por quê?

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Mas tudo indica que pelo menos uma pessoa sabe responder estas duas perguntas.

O problema é que esta pessoa é o próprio principal suspeito, o namorado de Sarm, que após vender o barco e voltar para os Estados Unidos, segue livre em seu país, e se negando a prestar qualquer depoimento à polícia.

E o mais revoltante: ele pode fazer isso, porque, legalmente, aos olhos da justiça americana, não existe investigação em curso sobre Ryan Bane, para indignação ainda maior dos parentes e amigos da inglesa desaparecida, a quem só restou denunciar os absurdos deste caso, o que eles vêm fazendo dia após dia nas redes sociais, sem, contudo, nenhum resultado prático.

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Mas agora, ao menos, com um forte aliado.

Documentário busca respostas

No mês passado, a rede britânica BBC, uma das maiores emissoras de TV do mundo, exibiu um documentário que ela mesma produziu, chamado Missing in Paradise: Searching for Sarm ("Desaparecida no Paraíso: a Busca por Sarm", em português, mas não disponível para o Brasil), no qual ouviu pessoas que participaram das buscas e investigações sobre o desaparecimento da inglesa, com exceção do principal protagonista daquela história: o namorado dela - que, tal qual sempre fez com a polícia, se negou a ser entrevistado.

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Agora, o mesmo documentário será exibido nos Estados Unidos, pela BBC americana, e espera-se que isso, de alguma forma, ajude a pressionar para que Ryan Bane seja finalmente ouvido pela polícia, embora, na prática, isso seja pouco provável.

Ele falou pela primeira vez

Após a exibição na Inglaterra, o documentário da BBC produziu ao menos um efeito prático: levou Bane a se manifestar nas suas redes sociais.

Foi a primeira vez que o americano se pronunciou sobre o caso, embora não tenha dito nada de útil, já que ele apenas repetiu o que disse à polícia no dia do desaparecimento da namorada - mas, na ocasião, sem permitir que o interior do barco fosse inspecionado.

Ou seja, que ela "deve ter caído no mar, enquanto ele dormia, e foi levada pela correnteza", embora o barco do casal estivesse ancorado em uma baía tranquila e muito perto da praia.

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Suspeito critica a investigação

Bane também criticou a investigação, dizendo que ela contém muitos "buracos", mas não incluiu nisso o fato de ele ter impedido a vistoria do barco e se negado a prestar depoimento à polícia.

Também nada disse sobre as contradições entre os horários da sequência dos fatos que ele relatou à polícia naquele dia, e os que o documentário apurou - há diferenças significativas entre eles.

Tampouco deu explicação alguma para o fato de ter levado mais de dez horas para informar a Guarda Costeira sobre o desaparecimento da namorada, o que é uma peça chave neste caso - por quê ele demorou tanto para fazer aquilo que deveria ter sido sua primeira atitude?

"Só queriam apontar um culpado"

"No começo, nós buscávamos a Sarm. Agora, buscamos apenas respostas", diz no documentário uma das amigas da inglesa, já há muito conformada com a morte da vítima (embora seu corpo jamais tenha sido encontrado), e indignada com o pouco caso do namorado e a inépcia da polícia das Ilhas Virgens, que na ocasião apenas aceitou o argumento do advogado de Ryan Bane de que ele, sendo americano, tinha o direito de permanecer calado, a fim de não criar provas contra ele próprio, com base na Quinta Emenda da Constituição dos Estados Unidos.

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"A polícia das Ilhas Virgens não buscava uma investigação realmente séria, mas apenas apontar um culpado e dar o caso por encerrado", diz, também no documentário, o advogado do americano, tentando explicar por que seu cliente não permitiu que o interior do barco fosse vistoriado no dia do suposto desaparecimento dela - o que, para os parentes de amigos da inglesa, foi uma atitude que visava esconder provas de um assassinato.

Desaparecimento ou homicídio?

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"Não queremos apenas que Ryan Bane preste depoimento, mas também que a polícia reclassifique o caso, de simples "desaparecimento", como está até hoje, para "homicídio", como tudo leva a crer foi o que fato aconteceu com minha filha", diz, também no documentário, a mãe de Sarm, que desde aquele dia de março de 2021, vive a angústia de não saber o que aconteceu com a filha.

"Só queria saber a verdade, já que não posso ter ela de volta. Eu imploro para que Ryan Bane conte o que sabe", diz a mãe da inglesa misteriosamente desaparecida no Caribe, quase cinco anos atrás - uma história revoltante e misteriosa, cujos detalhes podem ser conferidos clicando aqui ou assistindo um vídeo também recém-lançado sobre este intrigante caso - clique aqui para assisti-lo.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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