HISTÓRIA

O palito é nosso

Invenção norte-americana, o picolé virou especialidade brasileira: quando o calor aperta, lá está ele nas praias

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A invenção do picolé surgiu por acidente, pelas mãos de Frank Epperson, um garoto norte-americano de 11 anos. No inverno de 1905, ele preparou um refrigerante feito com soda em pó e água, combinação popular na época

Por engano, o menino esqueceu a mistura na varanda de casa durante a noite, com um palito dentro. Na manhã seguinte, encontrou-a congelada
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Em 1923, Epperson patenteou o produto, batizado de "Eppsicle ice pop", que mais tarde mudaria para "Popsicle". Os direitos foram vendidos em 1925 para uma companhia de Nova York, que popularizou a guloseima
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No Brasil, os picolés apareceram na década de 1940, com a vinda da empresa U.S.Harkson para o Rio. À época ela estava instalada na China e saiu de lá diante de uma ameaça de guerra com o Japão
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Nas bandas de cá, a pioneira adotou o nome Sorvex Kibon. Carrinhos azuis e amarelos passaram a circular pelas praias.
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Os dois primeiros lançamentos, o Chicabon e o Eskibon, são produzidos até hoje
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"De todos os lugares do mundo, foi no Brasil onde o picolé mais se adaptou", considera o chef Francisco Sant'Ana, da Escola Sorvete.
Segundo ele, a facilidade e o baixo custo de produção fizeram com que o produto vingasse por aqui. "O primeiro emprego na comunidade é de vendedor de picolé, que começa vendendo sacolé", diz
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Além disso, o sucesso passa pela nossa relação com as frutas das estações - embora, com o tempo, o produto tenha passado a ser mais industrializado
Como não há lei para regulamentar o sorvete de palito, hoje um picolé de limão comum pode ter apenas cerca de 3% da fruta. "O restante é água, saborizante e açúcar. Ficou mais fácil e barato comprar um pó e misturar", explica o chef
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Há alguns anos, foi a vez dos 5 minutos de fama das paletas, tradicionais no estado de Michoacán, México. Maiores que o picolé comum e recheadas, elas tiveram um boom no Brasil
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Mas não demorou para o hit derreter. Quando a novidade passou, muitas paleterias fecharam ou viraram sorveterias comuns para sobreviver. O picolé, por outro lado, segue como queridinho nacional
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Publicado em 01 de março de 2022.
Reportagem: Larissa Linder

Edição: Juliana Sayuri e Eduardo Burckhardt

Design: Carol Malavolta

Imagens: iStock e divulgação