O Brasil é o próximo país a receber a linha PlayStation, o que vai acontecer ainda em 2009 e abrange PlayStation 2, PlayStation 3 e PSP. As palavras são de Mark Stanley, diretor e gerente geral da Sony para a América Latina, em entrevista ao
UOL durante a E3 2009, em Los Angeles. Com isso, o Brasil terá os três consoles da atual geração vendidos oficialmente em seus domínios, sendo o Wii comercializado via importação.
A Sony também vai colocar na mesa de discussão todos os investimentos que fez e está disposta a fazer no Brasil para tentar diminuir a altíssima incidência de impostos sobre os videogames no país. De qualquer forma, a companhia pretende fabricar o PS2 e jogos do console no Brasil, para usufruir desde já os benefícios em forma de incentivos fiscais.
Na entrevista, Stanley falou ainda sobre a PlayStation Network no Brasil, a escolha do responsável pelo console no país e também quanto ao potencial do mercado nacional. Confira:
UOL: Quando a linha PlayStation será lançada no Brasil?Mark Stanley: Toda a linha PlayStation será lançada no Brasil em 2009, ou seja, PlayStation 2, PlayStation 3 e PSP.
UOL: O PlayStation 2 será fabricado no Brasil?Mark: Ainda não foi decidido. O PlayStation 2 poderá ser fabricado no Brasil ou importado.
Fabricar o PS2 no Brasil em Manaus, com apoio da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), seria vantagem porque aliviaria a alta carga tributária que incide sobre os produtos importados. Com os incentivos do Governo, o preço ficaria tremendamente menor.
UOL: O PlayStation 2, se fabricado no Brasil, poderia ser exportado para outros países?Mark: Há oportunidades através do Mercosul para importar o console para outros países da América do Sul com baixa incidência de impostos ou mesmo nenhuma. Isso é algo que com certeza estamos explorando para ver se conseguimos outras oportunidades além do Brasil, tanto para os jogos quanto para o PS2.
UOL: E quanto aos jogos do PlayStation 2?Mark: Os jogos serão fabricados no Brasil também.
UOL: Os preços dos jogos serão menores por serem fabricados no Brasil?Mark: A pirataria é um problema global, mas parte da solução envolve educar o consumidor sobre os benefícios de adquirir o produto original. Porém, parte de nossa responsabilidade é tornar os games mais acessíveis.
Logo, tal qual estamos fazendo com o hardware, fabricar o software no Brasil diminuirá o preço final entre 20% e 30% em relação ao que é praticado atualmente. Este é o nosso objetivo.
UOL: O PlayStation 3 pode se dar bem no Brasil mesmo com os altos impostos?Mark: Esta é a nossa maior preocupação. É muito difícil para nós entrar em um mercado onde a barreira é tão alta. Queremos diminuir essa barreira para dar aos consumidores maior acesso aos consoles - e não apenas aqueles que vendemos, pois estamos trabalhando junto com o Governo para diminuir as barreiras de entrada.
Os altos impostos apenas prejudicam o mercado, já que incentivam o mercado paralelo e ilegal, que traz os consoles de países como o Paraguai. Com uma carga tributária menor, todos ganhariam, do Governo ao consumidor.
UOL: Como está acontecendo esta aproximação entre Sony e o Governo para diminuir os impostos?Mark: A Sony tem uma história diferente no Brasil, de enormes investimentos no país. Temos fábricas de TVs, câmeras, computadores no país, além de 1.200 empregados em Manaus. É uma grande operação no Brasil.
Então eu penso que para os olhos do governo brasileiro, com a Sony entrando no cenário, traz muito mais credibilidade para a questão dos impostos que incidem sobre os videogames.
Outras companhias conversaram com o Governo sem o compromisso de investir no país de fato. E a Sony já fez grandes investimentos, não apenas em eletrônicos, mas software também.
Isso dito, podemos trazer tal argumento à mesa, o que nunca foi feito antes. Esperamos que o Governo seja mais receptivo à discussão.
UOL: Tais conversas já estão acontecendo?Mark: Neste momento estamos conversando com várias partes envolvidas no processo, incluindo Abes (Associação Brasileira de Empresas de Software) e já começamos a falar com o Governo. Estamos tentando enxergar o cenário como um todo antes de avançarmos no processo.
UOL: A Sony já está procurando alguém para o cargo de country manager no Brasil. Como está este processo?Mark: Está indo bem. Já conhecemos vários candidatos e estamos conversando.
UOL: A preferência é por alguém do Brasil?Mark: Sim, claro. Queremos alguém com experiência no mercado brasileiro e conheça bem o mercado local. Até poderia haver alguém de fora que se enquadrasse nesses termos, mas realmente preferimos alguém do Brasil.
UOL: Por que demorou tanto para a Sony chegar ao Brasil? Microsoft e Nintendo já atuam no país faz tempo...Mark: Bem, levou muito tempo para o PlayStation chegar à América Latina, falando de modo genérico. No começo do PlayStation 2 e PlayStation 3 sequer havia oferta suficiente para atender ao mercado norte-americano e outras regiões. Foi aí que o problema começou. A conversa demorou alguns até a companhia montar estrutura suficiente para atender tais mercados.
Sabemos que demoramos para chegar, mas olhando sob uma perspectiva diferente, temos a maior oportunidade agora.
UOL: E sobre a PlayStation Network? Como funcionará no Brasil?Mark: Ainda não temos uma data para o lançamento da PlayStation Network no Brasil e é provável que o console comece a ser vendido antes. Queremos lançar a PSN pouco tempo depois, mas ainda não temos uma data final.
O time por trás da PlayStation Network é uma equipe global, que trabalha com todas as regiões do mundo, então o processo é mais demorado.
UOL: A Sony venderá o PS3 no Brasil enquanto um player de Blu-Ray?Mark: Parte de nossa estratégia é educar o consumidor sobre todos os recursos do PlayStation 3, não apenas enquanto uma máquina para jogar, mas também com recursos de Blu-Ray, conectividade, rede online etc. É algo que fizemos nos EUA e Canadá também.
UOL: Imagine o mercado brasileiro de games dentro de cinco anos. O que você vê?Mark: O Brasil tem todo o potencial para se tornar o principal mercado de games da América Latina. Nos próximos três anos pode igualar o México, atual primeiro colocado, e em cinco anos pode até mesmo ultrapassá-lo.
São 200 milhões de pessoas e o PlayStation é muito popular. Temos uma grande fatia do mercado mesmo sem estarmos atuando nele oficialmente. Não é um mercado no qual estamos acostumados a trabalhar, pois a estratégia é baixar preços. Mesmo assim, o potencial é claríssimo.
UOL: Você já ouviu falar do Zeebo?Mark: Sim, já.
UOL: E qual é a sua opinião à respeito?Mark: É um conceito interessante, mas para o mercado brasileiro pode ser um lançamento complicado, na tentativa de levar o console ao mercado de massa. Vamos ver o que acontece. A Tectoy é uma das parceiras do Zeebo e sempre é interessante ver novos produtos sendo desenvolvidos neste mercado.
Mas eu acho que há muitas barreiras, pois o videogame pode não conseguir muita penetração no mercado.
UOL: Ele é cotado como um competidor do PS2...Mark: Eles querem este mercado porquê é um mercado importante. Há números diferente, mas o PlayStation 2 é muito popular no Brasil - estamos falando de algo entre 3 milhões e 8 milhões de consoles, dependendo da perspectiva. Então, é um belo mercado se você é o Zeebo, não? Como sabemos, o PlayStation 2 é a principal plataforma no Brasil. Logo, o Zeebo "quer pegar a fruta mais baixa da árvore".
Veja todas as
notícias da E3 na cobertura UOL.