Análises | Carcassonne Xbox Live Arcade "...por ser mais simples que a versão de tabuleiro, a edição desenhada para o Xbox 360 é amigável."
06/07/2007 da Redação | Um bom aspecto do Live Arcade, o serviço de distribuição de jogos casuais para o Xbox 360, é o fato de a Microsoft não se comprometer apenas em distribuir releituras de títulos clássicos e games que marcaram os fliperamas. Uma vez ou outra, a companhia cede espaço para produções originais, como é o caso de "Small Arms", "Band of Bugs", e, mais recentemente, "Carcassonne".
Aqui a fórmula é simples e lembra - ainda que pouco, é verdade - o esquema visto em "Catan", game de tabuleiro já disponível no mesmo serviço. Inspirado no jogo homônimo que é sucesso na Alemanha desde 2000, quando saiu da cabeça de um professor de música chamado Klaus-Jürgen Wrede, "Carcassonne" convida o jogador a recriar uma fortaleza medieval localizada no sul da França. Como? Unindo peças em um tabuleiro que pode comportar estradas, castelos, fazendas e monastérios.
Estratégia para gente grande
O aspecto "família" não livra "Carcassonne" de sua complexidade. O primeiro desafio é entender os efeitos de cada carta e desmistificar o sistema de distribuição de pontos, mas é para isso que serve o tutorial. Na forma de uma partida tradicional, ele explica cada jogada possível e detalha com eficácia o que é preciso fazer para obter sucesso na criação do seu próprio vilarejo.
Para até cinco jogadores, "Carcassonne" é dividido em 72 rodadas. Cartas são randomicamente distribuídas e devem ser acopladas entre os inúmeros espaços na superfície do mapa. O intuito é formar conjuntos de peças de um mesmo tipo. Existem seis tipos diferentes de cartas: castelo; castelo + defesa; castelo + estrada; estrada; monastério; e, por fim, a mistura ente um monastério e uma estrada. Com exceção da casa de monges, que só é erguida quando se encontra completamente cercada por nove peças, todas as outras cartas são extremamente simples e podem ser colocadas em praticamente todos os cantos do mapa.
É preciso notar, entretanto, que as construções só rendem um número máximo de pontos quando estão devidamente completas e demarcadas por um "seguidor" - tipo de peça cuja função é a de requisitar a posse de cada espaço do mapa. Esses representantes vêm em número limitado, ao passo que o jogador deve administrá-los de modo a recuperá-los posteriormente. Ou seja, ao designar um seguidor para um espaço em construção, ele só lhe será devolvido quando a obra estiver concluída. Castelos e estradas inacabados, conseqüentemente, guardam estas peças indefinidamente e acabam somando pontuações incompletas ao placar.
Fora isso, ainda é preciso tomar muito cuidado com os adversários: em alguns casos, o jogador pode dar um golpe de mestre ao unir sua construção a de seu inimigo simplesmente posicionando-se em um local próximo à obra. Neste caso, os pontos obtidos na hora da edificação ou do término da rodada contam para ambas as partes.
Há ainda a inclusão de um extra no pacote final: a expansão conhecida como "The River". Assim como tantas outras adições, ela altera o jogo tradicional ao exigir que, durante as primeiras quatro ou cinco rodadas, os jogadores construam o rio que será o pontapé para a criação da nova fortaleza. Como o pacote é mal quisto entre os aficcionados pelo jogo, é difícil encontrar partidas online que permitam o uso dessa mecânica. Na verdade, ela não faz falta alguma.
Adaptação competente
Se a mecânica de "Carcassonne" soa complicada, agradeça ao empenho dos produtores da Sierra. Quem já é íntimo do tabuleiro sabe que a curva de aprendizado é acentuada. Nesse aspecto, a versão para Xbox 360 é mais amigável, divertida e gostosa de se jogar - principalmente no que tange aos desafios online, representados aqui por duas modalidades: Ranked e Player Match.
A graça nas partidas online está justamente no fator experiência dos jogadores de carne e osso, aspecto que ficou bem longe da campanha para um jogador. Mesmo oferecendo diversos níveis, o computador geralmente se preocupa demais com as ações alheias e, como bom samaritano, colabora com construções que não têm nada a ver com o seu reino. Por conta disso, as partidas nesta modalidade tendem a ser curtíssimas. Apesar da dificuldade registrada em encontrar salas com participantes ativos, a jogatina em rede é competente e, por si só, justifica a compra do título.
A interface de "Carcassonne" não conspira contra o jogador. O visual do game é condizente com um passatempo que não exige muitas frescuras - os fogos de artifício reproduzidos ao término de uma construção são o efeito mais sofisticado que o jogador encontrará. De resto, o game é bonito e pode ser acompanhado em diferentes níveis de zoom - quanto mais próximo do mapa, no entanto, mais lenta se torna a movimentação. Se não há nada a reclamar do visual, tape os ouvidos para a trilha sonora - ou, melhor dizendo, a única faixa medieval que é reproduzida insistentemente do menu do game até o término de cada partida. A melhor saída é desabilitar o som e conectar um MP3 player ao console. Falando de conquistas, "Carcassonne" não é um exemplo de dificuldade. O Gamerscore se divide entre os diversos modos de jogo e pode ser arrecadado em questão de minutos - com exceção dos 5.000 pontos entre todas as partidas realizadas.
"Catan" faz escola
Prova de que os jogos de tabuleiro podem evoluir nos videogames, "Carcassonne" chega para complementar o excelente trabalho realizado em "Catan", outra adaptação que deu a cara a tapa e se saiu melhor do que os fãs mais acalorados poderiam esperar. A versão para Live Arcade pode pecar na simplicidade - aspecto que deve ser consertado no futuro, já que existe opção para compra de conteúdo no menu -, mas os toques de estratégia e a diversão online justificam o preço de cerca de US$ 10. Fica a torcida para que o próximo deste rol de desenvolvimento seja "The Game of Life" ("O Jogo da Vida", no Brasil), passatempo clássico criado em 1860.
Colaborou Matheus Bourg
Veja também Videoanálise de "Carcassonne"
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