Análises | Overlord Xbox 360 "...basta pensar em uma mistura de 'Fable' com 'Pikmin' para se ter uma idéia do que esperar..."
20/07/2007 da Redação | Nos games, encarnar um vilão pode ser tão divertido quanto ser o mocinho. E embora já estejamos acostumados com a inversão de papéis em jogos com temas contemporâneos, o mesmo não acontece com muita freqüência nos títulos de temática medieval ou fantasiosa. "Overlord" se diferencia por colocar o jogador no papel de uma espécie de rei maligno todo-poderoso, capaz de invocar criaturas semelhantes às do filme "Gremlins", 1984. Obviamente, não é uma referência à versão fofa e inofensiva dos bichos.
Quem manda é você
Após um tutorial enfadonho, jogador começa a descobrir que parte da experiência em "Overlord" se resume à exploração de cenários. O jogo se passa em um mundo medieval/fantástico, habitado por humanos, elfos, "hobbits", unicórnios e criaturas afins. Contudo, em vez de levar tal universo a sério, ele é altamente satírico e faz piadas com muitos filmes e jogos do gênero.
As criaturas podem ser invocadas em determinados pontos dos cenários - geralmente perto de portais que o levam de volta para sua torre. Aliás, seu objetivo principal é adquirir objetos e ferramentas espalhadas pelo mundo, com a ajuda de suas criaturas servas, para reformar tal a torre e tornar-se o ser mais cruel do mundo.
Embora existam quatro raças de criaturas, cada qual com suas próprias características - todas endemoniadas, para aumentar a diversão -, inicialmente o jogador terá acesso apenas ao tipo básico: o branco, capaz de realizar tarefas como empurrar certos objetos ou destruir cercas. Com o progresso no jogo, o tipo vermelho aparece, que extingue fogueiras e possui um ataque de longa distância; o verde é capaz de eliminar plantas venenosas e surpreender inimigos; e o azul revive criaturas mortas e entra em contato com a água. Além disso, conforme a evolução, pode-se invocar um número cada vez maior de demônios simultâneos.
As criaturas são, inclusive, responsável por grande parte das gargalhadas proporcionadas por "Overlord". Suas risadas histéricas, movimentos rápidos e desengonçados e as piadas que permeiam toda a ação geram um humor negro incontestável.
No começo tudo é fácil e divertido. Na versão para Xbox 360, por exemplo, movendo o direcional analógico esquerdo, o jogador controla seu grupo de criaturas. Apesar de a câmera permanecer focada no lorde, ela se afasta para manter os demônios dentro de seu campo de vista. Também há opção de manter o gatilho R pressionado para ordenar que as criaturas ataquem ou saqueiem. E quando falamos em atacar, entenda qualquer coisa que estiver no caminho, sejam carneiros saltitantes, plantações de abóboras, móveis de madeira, etc. A confusão é geral. Se ainda assim o jogador quiser participar da bagunça, poderá realizar ataques e magias.
Após algumas horas, a graça em ver as criaturas fazendo todo o serviço sujo se perde. Algo que pode ser sentido já de cara quando existem apenas os "gremlins" brancos. Tudo se torna muito automático. Com a aparição das outras criaturas, o jogo ganha um forte elemento estratégico.
Como cada criatura possui seus próprios pontos fortes e fracos, o jogador deve separá-los em grupos diferentes para realizar certas tarefas. Por exemplo, em determinado momento é preciso usar a espécie vermelha para garantir a segurança da espécie branca, enquanto estes giram uma manivela para abrir uma passagem. Contudo, a frustração aumenta na mesma proporção que a estratégia, devido aos controles pouco eficientes. Embora seja possível separar os demônios por raça, algo imprescindível durante a aventura, muitas vezes um grupo se separa, fazendo com que as criaturas fiquem perdidas pelo cenário. Para piorar, algumas podem morrer em determinados obstáculo, como a água, em sua tentativa de reuni-las novamente.
Perdido na floresta
O pior problema de "Overlord", no entanto, é a total ausência de um mapa. O jogo possui ambientes imensos e labirínticos, nos quais estão espalhados portais, pontos para a invocação de criaturas, personagens que lhe propõe tarefas (as famosas "quests") e mais. Além do que, é um jogo completamente aberto, exigindo que o jogador volte em certos locais diversas vezes. Sem um mapa ou bússola, pode-se gastar mais tempo perambulando pelo mundo, na tentativa de encontrar o local exato para a realização de determinada tarefa, do que jogando de verdade.
Apesar da ampla quantidade de tarefas, a linearidade predomina, pois muitas vezes o jogador só consegue cumprir um objetivo após resolver outro previamente. Ocasionalmente, há chefes para enfrentar, que seguem a tradicional fórmula de descobrir um ponto fraco para vencer.
Seja no PC ou Xbox 360, tecnicamente, trata-se de um jogo muito competente. Os cenários são belíssimos e extremamente ricos em detalhes. Você viajará por campos floridos, florestas sombrias, casas de hobbits, vilas movimentadas, masmorras e mais. O visual possui um estilo muito parecido com o de "Fable", mas com um toque cômico. Apesar de um pouco duras, as animações são engraçadas. Valorizando ainda mais o amplo universo do jogo, a trilha sonora orquestrada é mais do que adequada, e acompanha muito bem os momentos de ação e exploração.
Como é bom ser mau
Apesar de sua mecânica de jogo singular, basta pensar em uma mistura de "Fable" com "Pikmin" para se ter uma idéia do que esperar deste aqui. Não bastasse a combinação interessantíssima de "Overlord", que conta com elementos de jogos de ação, RPG e estratégia, o humor negro faz o título um dos mais engraçados do momento. No entanto, a parte de exploração é altamente frustrante e enfadonha - problema este que poderia ser resolvido com um mapa.
Veja também Videoanálise de "Overlord"
| | |