Análises | Transformers: The Game PC "... mescla fórmula de muitos games famosos, mas põe a perder com um controle de pouca fluidez."
20/07/2007 da Redação | "Transformers" começou com uma linha de brinquedos feitos pela japonesa Takara (hoje Takara-Tomy) e pela americana Hasbro, cujo conceito eram robôs que se rearranjavam, virando carros e aviões, além de outros objetos. Mas foi com o desenho animado, além de quadrinhos, que os guerreiros de metal ganharam popularidade, se tornando mais um elemento da cultura pop dos anos 80.
Depois de virar um bom jogo para PlayStation 2 em 2004, os Transformers retornam aos joysticks e mouse para a ocasião do blockbuster de Hollywood. Regra em títulos vindos de filmes, a qualidade do jogo não passa do mediana, mas o que deixa triste é a impressão de oportunidade perdida, pois o jogo mescla fórmula de muitos games famosos, mas põe a perder com um controle de pouca fluidez.
Menos que os olhos vêem
"Transformers: The Game" mistura combate, ação veicular e exploração. Tudo é muito rápido e barulhento, como no filme, e essa ação explosiva é sua principal qualidade. Mas o jeito travado e trôpego arruína a experiência. É um estilo similar ao de "Hulk: Ultimate Destruction", em que quase tudo pode ser destruído.
A premissa é a mesma do cinema, mas o roteiro, mínimo, é diferente. Ele conta a batalha entre Transformers do bem e do mal, representados pelos Autobots e os Decepticons. Eles são seres mecânicos dotados de consciência e brigam para encontrar a AllSpark, a fonte de vida dessa raça. O objetivo dos Autobots, chefiado por Optimus Prime, é impedir que o grupo liderado por Megatron ponha as mãos no artefato e transforme todas as máquinas da Terra em seus soldados, dizimando toda a humanidade. De maneira geral, o game complementa o longa, mas a narrativa muda quando se trata de situações que se passam no cinema, provavelmente para não estragar a surpresa.
Na tela inicial, o jogador pode optar pelos episódios dos Autobots ou dos Decepticons. Ao iniciar o jogo de fato, vem à mente títulos como o já citado "Ultimate Destruction", e, por conseqüência, "Grand Theft Auto". Mas isso é mais fachada, pois, apesar de haver liberdade, o jogador tem acesso a uma pequena parte do mapa por vez. Nessa exploração, o intuito é encontrar itens secretos.
Alcançando os círculos verdes, ativam-se as missões essenciais, aquelas que dão prosseguimento ao roteiro. E logo começam a surgir os primeiros problemas: a pouca variedade dos objetivos. Quase tudo se limita a perseguir inimigos, derrotá-los, destruir certas estruturas ou chegar a algum lugar a tempo. As missões alternativas são ainda menos inspiradas.
Metal retorcido
O personagem depende da fase, mas não há muita diferença entre eles, pois todos possuem praticamente os mesmos movimentos. Cada robô tem duas armas de fogo e golpes corpo-a-corpo, que geram até uma seqüência de três ataques. As armas são relativamente potentes, mas quase não servem para infligir danos aos inimigos: os oponentes médios em diante conseguem se defender dos disparos. Nesse caso, o jeito é contar com as mãos, usando repetidamente o mesmo golpe. Outros oponentes requerem que você arremesse objetos, e isso não falta. Se a idéia não é destruir o cenário outra opção é usar parte dele como arma, seja contêineres, grades, postes ou carros. Aliás, algumas situações chegam a ser ridículas, como a dos prédios que praticamente desabam com um mínimo toque. O caos se completa com a chegada das forças humanas, com tiroteio para todos os lados.
Veículos costumam ter papel importante nesse gênero e a regra permanece. A diferença é que ninguém precisa roubar ou comprar os meios de transporte, afinal, você é um Transformer. Com o toque de um botão, os personagens se transformam nos mais variados veículos. No controle dos carros, a inspiração parece ser a série "Burnout", com grande velocidade e destruição para tudo quanto é lado. O tráfego é eliminado com tiros ou com batidas. Os controles são simples e eficientes, não fosse os postes, por exemplo, que praticamente param os veículos mais leves. E irrita que muitas ruas sejam estreitas e alguns obstáculos fiquem nos locais mais impróprios. Também não ajuda muito o fato de o jogo ser escuro.
Na forma humanóide, os controles pioram. O estilo trôpego até pode ser proposital, para tentar passar a impressão de controlar máquinas gigantes, mas a experiência é ruim. A trava de mira não funciona direito e é lento demais para escalar prédios. Mas o que mais irrita é ficar preso num lugar apertado, onde, invariavelmente, a câmera se posiciona num lugar em que não se tem a mínima noção de onde você está.
Autobots rodando e Decepticons lutando
A missão dos Autobots é menos divertida que a dos Transformers do mal. Num jogo baseado em destruição, o jogador é penalizado se causar danos aos humanos. Assim, os objetivos ficam ainda mais repetitivos para a turma de Optimus Prime. O poderoso líder, aliás, é colocado em muitas missões de perseguição, desperdiçando seu poder ofensivo. Os Decepticons se livram dessas amarras, pois a destruição é o seu objetivo. As missões também são mais divertidas e os personagens são variados: Starscream e Blackout, por exemplo, podem voar. Scorponok pode cavar túneis e provocar muito caos.
Mesmo com duas "campanhas", o jogo é curto, com duração de cerca de seis horas. Há itens para coletar, que liberam extras (como imagens na galeria), mas isso não aumenta muito a vida útil. Somente as "skins" que deixam os personagens com o jeitão do desenho animado da época da primeira geração têm alguma coisa de interessante.
A produção de "Transformers: The Game" é caprichada, mas peca em coisas de compreender. Há muitas cenas feitas em computação gráfica esmerada (ainda que bem longe da qualidade do cinema), mas a pouca qualidade da compressão estraga a experiência. Dentro do jogo, há dois momentos. Se os personagens principais ostentam bom nível de detalhes, reproduzindo com bastante fidelidade os modelos do filme, os cenários soam meio genéricos e simplísticos. Mas, no meio da ação desenfreada, isso não deve ser muito notado. As animações da transformação não são perfeitas nem vistosas como no cinema, mas ainda agradam.
A edição para Xbox 360 é a que o melhor visual, seguido de perto pelo PlayStation 3, que tem menos efeitos de luz. O Wii vem a seguir, que perde principalmente nos detalhes do cenário e, por último, o PlayStation 2. A qualidade do PC depende, como sempre, da potência do computador e principalmente da placa de vídeo, mas "Transformers" não é um jogo muito leve. Enfim, a diferença não chega a ser gritante nas plataformas similares e todos eles sofrem com fluxo de tela mais baixo que o desejável. No quesito controle, o PlayStation 3 usa o sensor para comandar os aviões e no Wii se pode fazer gestos para ativar os golpes
No departamento sonoro se destacam as dublagens: os principais atores do filme reprisam seus papéis (não que isso acrescente ganho de interpretação, mas ao menos mantém a autenticidade, nesse caso) e as vozes originais de Optimus Prime e Megatron. A trilha musical e a sonoplastia são básicas. A filosofia é fazer muito barulho.
Mantendo a escrita
A impressão que se tem de "Transformers: The Game" é que poderia ser muito melhor. A história e a mecânica de jogo são rasas, mas tem barulho e ação intensa. Porém, os controles travados arruínam a experiência. Talvez esses defeitos não incomodem aos fãs (ou, ao menos, os toleram), mas quem apenas está procurando por um bom jogo de ação é melhor esperar algo mais consistente.
Veja também Videoanálise de "Transformers: The Game"
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