Análises | Shrek the Third PC "... é daqueles títulos que se joga apenas uma vez, em poucas tacadas."
15/06/2007 da Redação | Hoje, a lógica da indústria cultural é a sinergia. Toda vez que um "blockbuster" nos cinemas está em produção, salvo raras exceções, existe uma "linha de frente" preparando terreno para a estréia nos cinemas. São produtos de todos os tipos, e os games têm uma função destacada, visto o tamanho do mercado.
Acontece que, muitas vezes, games assim são lançados tendo em vista apenas no retorno financeiro, e não raramente resultam em títulos ruins. Não chega a ser o caso do jogo baseado na animação "Shrek Terceiro", que aposta numa fórmula que garante o mínimo de diversão.
A fórmula em questão é a de "God of War", famoso título para PlayStation 2 que traz lutas de tirar o fôlego. Mas apenas uma ínfima parte foi transposta para "Shrek the Third", que apostou na simplicidade (ou foi resultado de uma produção apressada, o que também é bem provável).
Deus da luta para baixinhos
A história é a mesma do cinema. O ogro Shrek precisa salvar o reino de Tão Tão Distante, encontrando o legítimo herdeiro do trono. Mas o Príncipe Encantado também está de olho na coroa e arma um golpe para tomar o poder. O jogo usa uma linguagem interessante para contar a história: além de usar animações tradicionais, também simula um teatro de bonecos.
"Shrek Terceiro" é um jogo de ação com foco nos combates, tendo também um pouco de exploração, coleta de objetos, brincadeira de plataformas, quebra-cabeças e minigames. Todos os elementos são bastante simples, e não devem satisfazer usuários acostumados a títulos mais sofisticados.
O sistema de luta é bem simples: há um botão para golpes fracos e outro para ataques fortes (no Wii, os movimentos de combate são feitos chacoalhando os controles). É possível acumular força ao manter pressionado o botão da ofensiva pesada. Não há nenhuma seqüência complicada.
Na verdade, o jogador pode avançar usando apenas o botão de golpe fraco, mas, como isso é muito repetitivo (como se as lutas já não fossem maçantes o suficiente), é melhor tentar usar os movimentos de misericórdia, que ao menos tentam ser engraçados. Eles acontecem quando você derruba ou tonteia os oponentes. Nesse estado, basta apertar o botão correspondente. Assim, no caso de estar controlando Shrek, ele faz rodopiar o inimigo, o amassa com seu peso ou utiliza algum outro recurso de seu arsenal. Há também um jeitos de fazer "decolar" os adversários e pegá-los no ar. Assim, eles podem ser arremessados contra outros oponentes, por exemplo.
O estilo do ogro
Variando os golpes, o medidor de estilos aumenta, o que faz melhorar os prêmios ao derrotar os inimigos. Normalmente, se ganha apenas algumas almas (usadas para acionar os golpes especiais), mas melhorando o estilo, os espíritos aparecem em maior quantidade e até algumas moedas podem ser liberadas.
Os especiais são de dois tipos: um deles, que usa uma parte do medidor (são três partes no total), serve para tontear os oponentes; o segundo, que só pode ser usado por Shrek e Fiona, e gasta todo o medidor, deixa a tela fique devagar, facilitando a ação do jogador. Como se o game já não fosse muito mamão com açúcar (como dito, é voltado para jogadores mais novos), pois a energia vital se recupera com o tempo.
Além do casal de ogros, dependendo da fase, o jogador controla o Gato de Botas, o Burro Falante, Artur e a Bela Adormecida. Há uma pequena diferenciação em cada um deles (o Gato salta duas vezes e a Bela tem o poder de planar, por exemplo), mas como o combate é a principal característica do game, todos se assemelham muito neste aspecto.
A progressão do game é totalmente linear, e a exploração consiste em destruir todos os objetos que vir pela frente (às vezes, estão escondidos em locais fora de vista). Os outros elementos também são simples, como a ação de plataformas e os quebra-cabeças. Os minigames são insossos.
A produtora perdeu uma boa chance de incluir um modo de história com dois jogadores, pois esse é um tipo de game que pais e filhos podem jogar juntos. Existe um multiplayer apenas para os minigames, mas, como eles não têm graça nenhuma (com exceção da peça cujo objetivo é destruir torres), a modalidade acaba tendo pouco valor.
Tudo verde
Entre as plataformas, a edição para Xbox 360 é a que tem o melhor visual, pois tem alta resolução, texturas mais detalhadas e bons efeitos de luz. Isso, em certa medida, também vale para o PC. Já o game para Wii disfarça com algumas luminosidades, enquanto o PlayStation 2 e o PSP estão desprovidos desses efeitos. De maneira geral, não se trata de um visual com uma grande qualidade, mas representa bem o mundo de "Shrek Terceiro".
O problema está nas animações e no fluxo de tela. O jogo "tropeça" sem motivo aparente (é difícil encontrar mais de três inimigos por vez). Os movimentos parecem um pouco desconjuntados. Os controles também deixam a desejar, como na hora de fazer os golpes de finalização, cuja ativação parece demorada.
A trilha sonora é de qualidade, lembrando a do filme, e os efeitos sonoros são competentes. Já a dublagem é inconsistente. O game não conta com os astros do original, como Mike Myers, Cameron Diaz, Eddie Murphy e Antonio Banderas. Os seus substitutos soam muito parecidos em algumas cenas, mas em outras se perdem completamente, criando uma experiência caótica. O humor não funciona.
Simplicidade
A experiência que "Shrek the Third" oferece é bem simples, talvez em função de seu público-alvo mais jovem. É até divertido dar as pancadas no começo, mas a repetição desgasta rapidamente o game. Enfim, é daqueles títulos que se joga apenas uma vez, em poucas tacadas. Se há um atrativo, é o preço sugerido, de R$ 69,90 para a edição para PC, a única disponível no Brasil.
Veja também Videoanálise de "Shrek the Third"
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