Análises | Tomb Raider: Anniversary PC "... reconta a aventura original com visual moderno e principalmente com controles mais amigáveis."
08/06/2007 da Redação | "Tomb Raider" foi um dos jogos mais marcantes de sua geração. Não apenas por apresentar aquela que se tornaria a principal musa dos videogames - Lara Croft, que ganhou uma intérprete à altura na estampa de Angelina Jolie nos dois longas-metragens feitos para o cinema -, mas por ser um dos primeiros games a trazer um grande mundo em 3D, que foi possível graças ao amadurecimento no uso dos gráficos tridimensionais.
À época, surpreendeu com uma mecânica que parecia recriar em três dimensões a ação de plataformas do clássico "Prince of Persia" - por ironia, as reinterpretações desse antigo game feitas pela Ubisoft, a começar por "Sands of Time", viria a superar "Tomb Raider" no começo dos anos 2000. Agora, dez anos depois, reconta a aventura original com visual moderno e principalmente com controles mais amigáveis. Mas isso apenas escancara que a dificuldade do jogo está mesmo nos labirintos e nos quebra-cabeças.
Um outro Tomb Raider
"Tomb Raider: Anniversary" pode ser considerado um jogo de ação de plataformas, só que em 3D. Para avançar pelas fases, o jogador é lançado em ambientes de topografias complexas e cheios de armadilhas. Há também elementos de tiroteio, mas é muito menos importante e interessante que os desafios da geografia, ainda que, nesta reinterpretação, tenham acrescentado alguns truques extras. Embora a história seja igual ao original, e as fases tenham as mesmas localidades-chave, a construção dos desafios é praticamente nova.
Lara Croft é membro da aristocracia inglesa, mas seus interesses passam longe de um chá as cinco da tarde em companhia de madames. Sua paixão é a arqueologia, mas seus métodos de exploração a sítios e ruínas antigas são amplamente heterodoxos, objeto de crítica de seus pares. Um dia, Croft é contactada por Jacqueline Natla, uma executiva que lhe pede para trazer um artefato misterioso que está na tumba de Qualopec, no Peru. Naturalmente, há muitas reviravoltas e isso a levará também à Grécia e ao Egito.
Arrumando-se para a festa
A evolução mais aparente nos dez anos que separam "Anniversary" do "Tomb Raider" original são os gráficos. O primeiro game foi lançado quando o PSOne tinha menos de dois anos de estrada, enquanto o remake sai numa época de plena maturidade do PlayStation 2 e das placas de ponta dos PCs. Em poucas palavras, se trata da recriação do pioneiro usando a tecnologia de "Tomb Raider Legend".
Assim, os ambientes "quadradinhos" da época, deram lugar a espaços mais naturais. Os cenários dão impressão de ser mais vastos, e os belos efeitos de luz (é possível enxergar feixes luminosos que entram pelas frestas, tornando evidentes as partículas suspensas no ar) trazem o clima que o primeiro game jamais poderia oferecer.
Mas quem mudou mesmo foi a protagonista, que sofreu uma verdadeira intervenção cirúrgica digital. Se antes Lara Croft era um pouco atarracada e teve suas tranças retiradas por limitações técnicas, agora exibe enorme elegância em suas proporções de manequim. O seu modelito clássico ganhou texturas e pequenos detalhes fazem a diferença: quando ala sai da água, seu corpo parece molhado.
Já a trilha sonora não evoluiu tanto, mas continua eficiente com músicas incidentais que completam o clima de exploração em lugares solitários e remotos. A dubladora da protagonista consegue aliar sensualidade e elegância, e também certa arrogância, tudo compatível com a personalidade da heroína. E o sotaque inglês só faz destacar essas qualidades.
Princesa da Pérsia
No entanto, as maiores mudanças talvez tenham acontecido na controlabilidade. Esqueça o estilo "tanque" do original, lento e que trazia controles relativos (colocar para os lados para virar e frente para andar e correr). Agora, em plena era dos direcionais analógicos, os comandos são ágeis e diretos, tal e qual "Tomb Raider Legend". Lara corre, pula, nada, se dependura, rola e atira com muito mais rapidez.
E alguns novos truques da última aventura também aparecem, e representam uma novidade em relação ao game de dez anos atrás. Trata-se da corda com gancho e do salto em 45 graus, por exemplo. Esse objeto permite a personagem se dependurar em certos lugares, e também derrubar partes do cenário. Naturalmente, há novos desafios que usam esses movimentos.
As partes de tiroteio são desinteressantes como o original, com raras exceções. Aqui também foram acrescentadas novidades, como a possibilidade de fazer um desvio à la "Matrix", ou seja, toda vez que um inimigo vier para cima de você, e se ativar o desvio quando a tela ficar embaçada, a esquiva acontece em câmera lenta. Ainda, se conseguir dar um tiro no momento em que as duas retículas se juntam, o dano aplicado ao inimigo será devastador, reduzindo, assim, o tempo de combate. Não que os enfrentamentos sejam difíceis, pois você pode facilmente vencer a maioria dos animais selvagens pulando a atirando ao mesmo tempo.
Ainda que a câmera ainda seja um problema pela pouca versatilidade, o jogador tem menos razão para criticar os controles. O game está muito mais amigável: os "checkpoints", por exemplo, geralmente estão na divisa área para outra, em intervalos relativamente pequenos, ou seja, se você morrer - e isso deve acontecer muito -, tem que refazer apenas um curto trecho (a parte chata é que o "loading" é comprido). Mesmo assim, o jogo continua difícil como o original.
Para quem tem garra
Mesmo nas primeiras fases, a solução dos quebra-cabeças não é nada óbvia. Quase tudo é tentativa e erro. Toda vez que chegar numa nova área, será preciso verificar os acessos e as armadilhas, tentar imaginar uma rota e bater pernas, pular e fazer cambalhotas. Os locais que Lara explora são verdadeiros labirintos, sem nenhum mapa dentro do jogo para ajudar. Sendo assim, definitivamente, não é um título apropriado para jogadores casuais ou aqueles que se frustram fácil. Mas, esse é daqueles games que, quando um quebra-cabeça é finalmente resolvido, traz uma sensação de satisfação.
"Tomb Raider: Anniversary" traz um conteúdo bastante grande. Parte da longevidade do game se deve à sua dificuldade, pois, a não ser que seja um jogador realmente inspirado, é difícil resolver os desafios das plataformas com poucas tentativas.
Presente para os fãs
"Tomb Raider: Anniversary" é uma homenagem à altura do seminal game de 1996. O enredo continuou o mesmo, mas toda disposição de fases foi refeita, sendo praticamente um novo jogo. Gráficos atualizados e controles mais ágeis trazem a mesma dinâmica de "Legend". O espírito do original foi respeitado: mesmo com alguns recursos amigáveis, os quebra-cabeças continuam difíceis. Além da alta qualidade, há mais um motivo para comemorar o aniversário da série: o game está a venda por preços módicos (US$ 20 no PS2 e US$ 30 no PC, nos EUA).
Veja também Videoanálise de "Tomb Raider: Anniversary"
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