Análises | Spider-Man 3 PC "... não faz mais que copiar o antecessor direto e, pior, em determinados momentos está até inferior."
11/05/2007 da Redação | Se o PlayStation 2 e o Wii receberam uma versão menor do jogo baseado no filme mais caro feito até hoje - "Homem-Aranha 3" -, os videogames de nova geração e os computadores ficam com um título que é "herdeiro direto" das duas versões feitas para os videogames da geração passada. No entanto, "Spider-Man 3" para PC, Xbox 360 e PlayStation 3 não faz mais que copiar o antecessor direto e, pior, em determinados momentos está até inferior. No computador, há a agravante de o teclado e mouse não ser ideal para jogar - e o game é muito pesado.
Sendo assim, o estilo de jogo é o mesmo, ou seja, na pele do Homem-Aranha (ou sob sua identidade como Peter Parker), o jogador patrulha os bairros de Manhattan para enfrentar seus arquiinimigos e um sem-número de criminosos. Resumindo, a fórmula é a mesma de "Grand Theft Auto" - ação e exploração num mapa extenso -, com a diferença que o protagonista é dotado de super-poderes (e não precisa ficar roubando carros para ir de um canto a outro da cidade).
Operação belezura
Naturalmente, o visual está melhor que em "Spider-Man 2" - afinal, é o mínimo que se espera, pois a principal edição deste game foi lançada para a geração passada de videogames. Assim, a cidade está mais populosa que nunca, e engarrafamentos são comuns nas principais avenidas. Só faltou os transeuntes terem um mínimo de inteligência, pois eles continuam andando incólumes em meio a explosões e brigas ferozes.
A cidade parece bonita numa visão panorâmica, mas, de perto, percebe-se que tudo é meio simples e genérico. O resultado depende da resolução e os efeitos que ligar nas opções, mas, no geral, o título é pesado e a maioria das configurações não permite ligar muitos dos efeitos e detalhar mais o visual.
Em relação à modelagem dos personagens, há um abismo entre o Homem-Aranha e os coadjuvantes. O visual do herói é excelente e está próximo da versão para cinema, mas as figuras humanas têm algo que incomoda. Muitos parecem ter os olhos esbugalhados. Apenas J. J. Jameson e Mary Jane escapam dessa sina. Em grande parte das configurações, o desempenho fica muito abaixo do ideal.
A sonoplastia é apenas básica (aliás, a cidade é silenciosa demais), mas a trilha sonora tem requinte, pois vêm da trilha original do cinema. Muitos dos astros do filme também reprisam seus papéis no game, casos de Tobey Maguire como o Homem-Aranha e J. K. Simmons como J. J. Jameson, mas isso não repercute num resultado excepcional. Bruce Campbell (protagonista de "Uma Noite Alucinante") faz novamente a narração. Ele tenta ser engraçado, mas as piadas não funcionam.
Livre para voar
No Xbox 360 e no PlayStation 3, o melhor momento é usar a teia para passear pela Manhattan virtual. No entanto, o teclado e o mouse não se adequam a esses controles. Sem a mesma velocidade dos videogames, a sensação de liberdade se perder. À medida que vai usando a teia para passar de prédio em prédio, a habilidade (que se chama web swing) evolui cada vez mais.
Quando estiver zanzando sem compromisso pela cidade, a câmera errática não chega a incomodar, mas nas corridas e nos combates, muitas vezes você não consegue visualizar o alvo dentro da tela. É fácil ficar desorientado quando grudar na parede ou no teto e isso também dificulta chegar onde você quer.
Lutando contra o tédio
No mapa, há várias missões, atividades e erradicação ao crime (há um sistema de guia para encontrar facilmente a localidade desses itens). Os primeiros representam o principal exercício do herói. Cada um dos ícones representa um arco de história, cujo foco é a luta contra um dos arquiinimigos do Homem-Aranha. Os vilões vêm tanto do filme, como Duende Verde e o Homem-Areia, mas também dos quadrinhos, que é o caso de Escorpião, Lagarto e Rei do Crime, por exemplo. Entra também no caldeirão algumas figuras originais concebidas para o game, como Arsenic Candy. Ao mesmo tempo, o aracnídeo também tem que cuidar de seu trabalho no jornal Daily Bugle e seu namoro com Mary Jane. No total, são dez histórias independentes, reunindo 42 missões.
Assim, as missões ficam organizadas, mas o enredo fica todo quebrado, sem uma linha mestra. Mas pior ainda é o conteúdo da missão, que é muito repetitivo. É basicamente uma alternância entre combates e atividades cotidianas de um herói, como salvar reféns, evitar catástrofes e desarmar bombas. As lutas são acéfalas: basta eleger um botão de ataque e usar o reflexo aranha (deixa a ação lenta) a toda hora para acabar com a maioria dos oponentes.
O reflexo também serve para desviar automaticamente dos ataques (quando um ícone surgir sobre o inimigo, basta apertar o botão correspondente) e com isso fica mais fácil enfrentar os chefes. O único problema é que eles têm muita energia, e isso prolonga desnecessariamente a luta. No fim das contas, os combates ou são ridículos (pois não é necessária nenhuma estratégia para a maioria dos inimigos) ou frustrantes (quando há uma concentração grande) ou entediantes (os chefes demoram para morrer). O traje negro aumenta o poder do Homem-Aranha, mas não consegue salvar as cenas de luta.
Reflexos de aranha
De tempos em tempos (e nas lutas contra os supervilões), aparecem eventos de reação rápida, que são similares às cenas de demonstração, mas cuja evolução depende do jogador pressionar o botão ou direcional como aparece na tela. A inspiração vem claramente de "God of War", mas a realização está muito aquém deste.
Em geral, as habilidades do herói melhoram ao terminar as missões - você não precisa mais comprá-las. As atividades extras, como corridas, salto de prédios e desamamento de bombas, também não empolgam. Já a erradicação ao crime, é um pouco melhor. Existe também uma série de ícones escondidos, cuja coleção rende recompensas.
Três é menor que dois
"Spider-Man 3" para PC não tem as mesmas qualidade da versão para Xbox 360 e PlayStation 3: para rivalizar em termos e visual, é necessário uma configuração muito alta, e nem mesmo o passeio por Manhathan é satisfatório. Os combates são ruins, e as missões, pouco interessantes. No fim das contas, a Activision ainda está devendo um jogo que esteja a altura do Homem-Aranha. Quem chegou mais perto foi "Spider-Man 2" para consoles.
Veja também Videoanálise de "Spider-Man 3"
| | |