Análises | Supreme Commander PC "...é um game de estratégia em tempo real para gente grande..."
06/04/2007 da Redação | Após jogar "Supreme Commander", a sensação é a de que, comparado a ele, os outros jogos de estratégia em tempo real são simplesmente pequenos demais. Idealizado por Chris Taylor, responsável "Total Annihilation", e considerado o sucessor espiritual deste, o game não é para apreciadores casuais do gênero, tamanha a complexidade e dimensões que uma batalha pode alcançar.
Guerra infinita
Ambientado em um futuro distante, "Supreme Commander" não tem ares de superprodução, tampouco uma apresentação elaborada ou um enredo cinematográfico. A campanha single-player traz seis missões para cada uma das três facções, mas não existe uma condução envolvente da trama, o que já começa a deixar claro que o foco é realmente o multiplayer.
O game possui quatro níveis tecnológicos e as diferenças entre as facções, que são compostas quase que totalmente por unidades robóticas, só vêm à tona nos mais avançados. Diferentemente de outros jogos do gênero, não há um vilão definido, já que United Earth Federation, Cybran Nation e Aeon Illuminate lutam por seus próprios interesses. Na pele do comandante, o objetivo é colocar fim ao conflito conhecido como "Guerra Inifinita".
Mas não pense que as missões são enfadonhas ou cansativas: é comum cada uma delas consumir horas, pois conforme um objetivo é cumprido, uma nova área do mapa é revelada, expandindo o campo de batalha em uma escala nunca antes experimentada em um game de estratégia - o terreno pode chegar a incríveis 81 quilômetros quadrados, com diversos fronts.
Como no contexto proposto por "Supreme Commander" a humanidade descobriu uma forma de transformar energia em massa, estes são os únicos recursos naturais. A grosso modo, a energia vem de geradores e usinas, enquanto para obter a massa é preciso construir extratores em certos pontos espalhados pelo mapa. Logo, você pode imaginar que a disputa pelos tais pontos dá um tom feroz à estratégia.
Proporções colossais
Os jogadores que conhecem "Total Annihilation" sabem que Chris Taylor adora colocar várias coisas acontecendo ao mesmo tempo no mapa. Em "Supreme Commander", a situação se repete, mas pelo menos é possível colocar ordens em fila, para construções ou unidades, pressionando a tecla Shift. Você pode, por exemplo, determinar a construção consecutiva de vários edifícios, ordenar o alistamento unidades entremeado por pesquisas tecnológicas, e por aí vai.
Uma das novidades mais bem-vindas, ainda mais em se tratando de mapas tão extensos, é o sistema de transporte de unidades. Normalmente, os RTS exigem um trabalho manual cansativo para colocá-las em carregadores aéreos que a levem de um lugar a outro, mas aqui este processo pode ser automatizado, bastando definir a rota e ordenar que a unidade dirija-se até o centro de embarque.
São medidas que poupam tempo considerável e dão ao jogador uma folga maior para concentrar-se nos fronts, sem ter que voltar sua atenção à base a todo o momento, para construir ou pesquisar algo. Na verdade, todo o componente estratégico de "Supreme Commander" está mesmo na porção militar, já que praticamente cada unidade, se bem explorada, pode determinar uma função importante na batalha.
Por isso, o jogo pode afugentar os iniciantes, mas, ao mesmo tempo, ser extremamente gratificante aos persistentes. É recompensador observar os pontos fracos do adversário e conseguir bombardear com sucesso suas fontes de energia, por exemplo, ou então investir em mísseis nucleares e, porque não, dedicar-se ao expoente tecnológico do game, as unidades experimentais, colossos de destruição. O fato é que o jogo deixa em aberto possibilidades para todos os perfis possíveis de estrategistas, fazendo valer a pena o esforço para planejar e conseguir a vitória.
Mas, voltando às unidades experimentais, elas são uma atração à parte: o Aeon Galactic Colossus, que faz valer o seu nome, é uma verdadeira máquina de guerra; Cybran Monkeylord, por sua vez, é uma espécie de tanque armado com laser; já o UEF Fatboy consiste em uma fábrica móvel com um resistente escudo de energia. Leva muito tempo e dinheiro para construir as unidades, mas vale a pena para observar o são capazes de fazer quando entram em ação.
Um monitor não é o bastante
Terminada a campanha single-player (ou mesmo antes), você vai querer partir logo para o multiplayer, pois ainda que a inteligência artificial consiga estabelecer embates interessantes, inclusive no skirmish, o jogo é tão aberto, dinâmico e cheio de possibilidades que é simplesmente "humano" demais. É raro uma partida que não dure horas - até porque oito pessoas podem participar-, pois são comuns ataques, contra-ataques e mudanças táticas que prolongam a disputa e tornam a experiência de jogo extremamente gratificante.
"Supreme Commander" tem provavelmente um dos níveis de zoom mais impressionantes entre os RTS, permitindo visualizar todo o mapa - no nível máximo, chamado de "estratégico", as unidades são representadas por ícones e, embora leve algum tempo até conhecer cada um deles, é um método que funciona. Com dois monitores, torna-se possível utilizar um para nível estratégico de zoom, enquanto o outro fica no campo de batalha; mas, à medida que nem todos os usuários dispõem de dois monitores, há a alternativa de utilizar o recurso de tela dividida.
A princípio, os gráficos de "Supreme Commander" não chamam muita atenção, mas merece destaque o trabalho de modelagem da Gas Powered Games, que fez cada unidade do jogo não apenas detalhada nas texturas, mas realista nas dimensões. No entanto, é claro que isso só pode ser notado com o nível de zoom mais próximo da ação. Mesmo com centenas de máquinas de guerra digladiando-se, efeitos de partículas e outros requintes visuais entram em cena. É bonito, mas pesa - até mesmo para os PCs mais modernos -, a ponto de compensar, em certas situações, reduzir os detalhes gráficos em nome de uma boa performance.
Supremo
"Supreme Commander" é um game de estratégia em tempo real para gente grande, não no sentido de idade, mas em relação a ir a fundo nas possibilidades estratégicas, avaliando o papel de cada unidade e estrutura dentro de diferentes panoramas, um grande exercício para os puristas do gênero. É um jogo pesado, com ótimos gráficos, mas o single-player está presente mais para servir como aperitivo para as partidas online. Logo, só vai valer mesmo a pena se você se você preferir enfrentar adversários de verdade.
Veja também Videoanálise de "Supreme Commander"
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