Análises | Touch the Dead Nintendo DS "Embora tenha a vantagem de ser mais prática, (...) peca pela repetitividade..."
23/05/2007 da Redação | Ambos são jogos de tiro. Os dois têm zumbis como inimigos. Eles apostam na atmosfera de terror. Um é o clássico "House of the Dead", da Sega, e o outro, "Touch the Dead", que parece querer imitar tudo do primeiro. Embora tenha a vantagem de ser mais prática, o game distribuído pela Eidos peca pela repetitividade e pelo sistema ruim de recarregamento de munição.
A caneta não é mais forte que a pistola
Tal e qual o clássico da Sega, "Touch of Dead" é um "game de pistola", um estilo que não evoluiu desde "Virtua Cop", com mais de 15 anos de estrada. Ou seja, é um tipo de título em que o jogador apenas mira e atira; o deslocamento é automático e segue uma rota pré-determinada, ainda que em certos momentos se possa escolher alguns caminhos.
Mas, em vez de usar um controle em forma de pistola, o game para Nintendo DS tem os tiros guiados pela caneta. Basta tocar no local desejado para atirar. Naturalmente, a precisão é bastante alta e, para dificultar, a produtora fez com que os inimigos sejam ou numerosos ou resistentes. Outros usam movimentos pendulares para não serem pegos.
Assim, o game exige algumas estratégias, como descobrir os pontos fracos de cada inimigo. Geralmente, a cabeça costuma ser o local mais sensível, mas há tipos que morrem com alguns tiros bem dados no peito, nos braços, na barriga ou nas pernas. Já os ratos e morcegos vêm em bandos, e é preciso investir em precisão para não ficar em maus lençóis.
Disparar contra esses feiosos é até divertido (ainda mais com boa dose de sangue e desmembramentos teatrais), mas isso não dura muito, pois não há muita criatividade no percurso do personagem Rob Steiner. É simplesmente uma sucessão de andar e enfrentar um bando de inimigos, quase sempre de um tipo só. O game cria pequenas variações com caminhos alternativos, que são acionados ao acertar em certos objetos, como interruptores. Em outras cenas, aparecem setas, e o jogador escolhe qual caminho quer seguir. Quase sempre existe uma alternativa boa e outra ruim. Seguindo o primeiro caminho, encontra-se suprimentos e até mesmo melhoramentos de armas e extras. Os chefes, em geral, exigem uma dose maior de estratégia.
Um minuto, por favor
O ponto de discórdia do sistema de "Touch the Dead" é o sistema de recarga de munição. No caso, é preciso arrastar um ícone de balas de um canto a outro na tela. Além disso, acontece uma animação de recarga, período em que você está completamente vulnerável. O problema disso é que não há técnica que possa evitar ficar em perigo (até existe, mas se trata da exploração da mecânica de troca de armas), ou seja, se você fez a recarga em um momento inoportuno, você sofrerá as conseqüências. Num game em que a movimentação é livre, a responsabilidade por ativar a recarga em momento ruim é apenas do jogador, mas não é esse o caso. Ou seja, você só pode evitar esses "erros" numa segunda oportunidade (isso também vale na hora de saber o caminho "certo" nas bifurcações) e, às vezes, existem lugares nas quais é praticamente impossível passar sem um arranhão.
Existem quatro armas. Você começa com uma pistola, cuja munição é infinita. Quando o game começar a ficar mais desafiador (não há ajuste de dificuldade), o jogador ganha a espingarda, que é mais potente e causa danos num raio muito maior. A partir desse ponto, o destino do jogador praticamente depende da quantidade de munição desta arma (elas são encontradas em caixas e armários). Sem ela, é quase impossível enfrentar os inimigos, pois eles ficam fortes e numerosos. Depois, você obtém um pé-de-cabra, inútil, e a submetralhadora, outro equipamento potente. Dependendo do caminho, você encontra "upgrades", que melhoram o desempenho dos equipamentos, como um recarregamento mais rápido.
Além de a campanha para um jogador ser curta, não há muitos incentivos para jogar novamente. Vale experimentar o modo cooperativo, mas também não prolonga muito a diversão.
Com sérias restrições orçamentárias
A história é quase inexistente. O jogador sabe que o nome do protagonista é Rob e que sua cela na penitenciária estadual Ashdown Hole se abriu, sem razão aparente. Ao sair, ele percebe que o local está infestado de criaturas horríveis. Durante o decorrer da aventura, não aparece mais nada sobre sua vida. Ou seja, tudo é mesmo apenas um pretexto para o festival de carnificina.
Tudo lembra um filme B, mas o visual pobre em "Touch of Dead" nada tem a ver com a estética das produções de baixo orçamento. Não se trata de estilo, mas a conjunção de hardware limitado (o Nintendo DS não é muito "sofisticado") e técnicas que não suprem essa deficiência. O resultado são cenários simples e texturas muito quadriculadas. No entanto, alguns monstros têm boa modelagem. Mas como aparecem aos montes, acabam ficando desgastados.
Se o som dos tiros não soa nada potente, ao menos, o fundo musical em tom contínuo, sombrio, típicos dos filmes de terror, causa certo suspense. De resto, tem muito grunhido dos inimigos quando eles ameaçam ou caem em decorrência dos ataques.
Aponte e mate
Apesar de simples, "Touch the Dead" deve agradar aos órfãos de "games de pistola", pois o gênero se encontra em extinção e, portanto, com poucas alternativas. No entanto, os jogadores ocasionais devem perder logo o interesse, visto que tudo vira uma rotina muito rapidamente, repetindo as mesmas situações e inimigos.
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