UOL Esporte Vôlei
 
17/11/2008 - 07h49

Consolado com mudança, Escadinha pede tempo para renovação da seleção

Rodrigo Farah
Em Piracicaba (SP)
A derrota na final das Olimpíadas de Pequim para os Estados Unidos marcou o fim de uma era para o Brasil no vôlei masculino. Símbolo de raça e empenho do time nacional, o líbero Escadinha tem voz ativa na renovação da equipe. E é exatamente por isso que o jogador pede paciência para as mudanças que serão realizadas na seleção verde-amarela, soberana no circuito mundial durante boa parte dos últimos oito anos.

Alberto Estevez/EFE
O ídolo Escadinha marcou época na seleção brasileira de vôlei masculino
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"A renovação será normal, temos de dar tempo ao tempo. Essa molecada que está chegando ainda precisa ser lapidada. O Brasil tem jogadores para se manter no pódio pelo menos nos próximos vinte anos. A gente não sabe se o Brasil continuará ganhando, mas precisamos esperar", comentou o líbero, lembrando das conquistas consecutivas da seleção desde 2001, como o ouro olímpico de Atenas-2004 e o hexacampeonato da Liga Mundial.

De volta ao São Bernardo/Santander depois de permanecer quatro anos na Itália defendendo o Piacenza, Escadinha elogiou a evolução do esporte dentro do país e destacou o aumento nos investimentos realizados por empresas privadas, o que melhorou o nível da Superliga, segundo o atleta.

O jogador de 33 anos ainda aproveitou a situação para reiterar que a prata em Pequim não pode ser vista como uma derrota pelos brasileiros, apesar de admitir que a seleção esteve longe de apresentar seu melhor nível de jogo na China. Confira os principais trechos da entrevista:

UOL Esporte - Quase três meses após as Olimpíadas é possível fazer uma análise mais fria do que aconteceu em Pequim. Em sua opinião, o que seleção brasileira fez de certo e errado na competição?
Escadinha:
Não fizemos uma boa Olimpíada, e os Estados Unidos sim. Essa foi a grande diferença. O atleta precisa fazer por merecer pra ganhar o título, o que não aconteceu conosco. Não jogamos bem todos os jogos e, principalmente, a final. Apesar de tudo isso, os Estados Unidos foram melhores e mereceram o ouro.

UOL Esporte - Se pudesse voltar no tempo, você mudaria algo na preparação da seleção brasileira?
Escadinha:
Não, não mudaria porque aconteceu o que tinha que acontecer. Fizemos o máximo, mas esse máximo acabou sendo não suficiente para derrotar os Estados Unidos.

UOL Esporte - Houve alguma diferença no clima da seleção brasileira pré-Atenas para o da seleção pré-Pequim?
Escadinha:
Acredito que não, pois a preparação foi a mesma, e a concentração também. No fundo, não podemos pensar na medalha de prata como uma derrota. Sempre falo que durante oito anos a bola bateu na trave e entrou para nós. Na Liga Mundial e nas Olimpíadas, ela bateu na trave e acabou não entrando. Isso pode acontecer com qualquer um em qualquer esporte.

UOL Esporte - Desde o fim das Olimpíadas de Pequim, a seleção masculina tenta iniciar um novo ciclo. Como você acha que deve ser feita a renovação o time brasileiro?
Escadinha:
A renovação será normal, temos de dar tempo ao tempo. Essa molecada que está chegando ainda precisa ser lapidada. O Brasil tem jogadores para se manter no pódio pelo menos nos próximos vinte anos. A gente não sabe se o Brasil continuará ganhando, mas precisamos esperar. Da mesma forma que eu cheguei ontem, outros aparecerão hoje ou amanhã.

UOL Esporte - O vôlei pode sofrer drásticas mudanças a partir do ano que vem com as novas regras, como a permissão da invasão da linha central e a inscrição de dois líberos. Como você encara essas mudanças?
Escadinha:
Será válido se no fim for bom para o vôlei. Mas é preciso pôr em prática todas as mudanças para ver. É preciso sentir na pele primeiro, não dá pra falar antes de testar. Em relação aos dois líberos pode ser uma boa. Quando se joga um esporte coletivo sempre tem competição dentro da equipe e isso também pode acontecer. Porém, se for para o bem do vôlei, será válido.

UOL Esporte - Você ficou quatro anos no exterior [Itália] e voltou agora para o voleibol brasileiro. Que mudanças percebeu no vôlei dentro do país?
Escadinha:
Melhoraram bastante as coisas por aqui. Algumas empresas investiram mais e conseguiram repatriar bons jogadores. Pelo tempo que fiquei no Piacenza, pude perceber que não é fácil competir com o mercado europeu. No caso do São Bernardo, é uma equipe que está investindo bastante. Além de mim, eles trouxeram de fora o Marlon, que estava na Itália também, e o Bob, que estava na Coréia. Os outros times também fizeram o mesmo e, por isso, acredito que esta será uma das melhores Superligas de todos os tempos. Ainda podemos trazer mais jogadores, e eles virão apenas com investimentos, mas eu sei que competir com o Euro é complicado.

UOL Esporte - O São Bernardo teve um bom início na Superliga, com três vitórias e uma derrota. Como você vê o futuro da equipe na competição?
Escadinha:
Ainda estamos criando uma identidade. Já podíamos estar fazendo uma "final" de turno, mas é assim, aos poucos. O time está crescendo, e isso é o principal. Até o fim ainda pode evoluir bastante.

UOL Esporte - Algumas pessoas o chamam de Serginho e outras pelo apelido de Escadinha. Por qual nome prefere ser chamado?
Escadinha:
Sou mais conhecido por Escadinha mesmo, mas não tem problema nenhum em me chamar de Serginho. Para mim, tanto faz.

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