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14/08/2007 - 16h51

Levantador Ricardinho critica grupo por sua saída da seleção

Da Redação
Em São Paulo
Em entrevista coletiva nesta terça-feira, o levantador Ricardinho criticou a postura de seus companheiros na seleção brasileira de vôlei. Em Maringá, no Paraná, o ex-capitão do time nacional promoveu o lançamento do livro sobre sua carreira, intitulado "Levantando a Vida".

Henri Jr./Agência Estado
Ricardinho no lançamento do livro sobre sua carreira: "cicatriz ainda está aberta"
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O último capítulo do livro, segundo o levantador, seria sobre a conquista do ouro no Pan-Americano, medalha que Ricardinho considera ter sido "arrancada" de seu peito. O jogador se emocionou durante a entrevista (que foi transmitida ao vivo por um canal de TV a cabo), e precisou enxugar as lágrimas.

Nos Jogos do Rio, os atletas fizeram uma homenagem ao levantador, lembrando um pacto que havia sido feito e estabelecia a união do grupo até as Olimpíadas de Pequim-2008. Para Ricardinho, o acordo não existe mais.

"Esse pacto foi quebrado a partir do momento que eles deixaram eu sair daquela sala", afirmou. O levantador se apresentou no Rio de Janeiro um dia depois do restante da equipe, alegando problemas com o tráfego aéreo. Ao chegar, no sábado, dia 21 de julho, participou de uma reunião com o grupo, durante a qual foi dispensado por Bernardinho.

O ponto de vista crítico do levantador sobre a postura passiva de seus colegas foi citado pelo técnico como uma aprovação. "Me chamaram de autoritário, mercenário e nepotista. Se a minha atitude tivesse sido tão injusta e incorreta, os outros jogadores teriam aceitado numa boa?", disse Bernardinho, após a conquista da medalha de ouro no Pan.

Capitão do grupo desde a aposentadoria de Nalbert, o levantador sempre liderou o grupo, como porta-voz dos jogadores e responsável por levar as reivindicações referentes a prêmios e folgas, por exemplo, até a comissão técnica e a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Com isso, ele esperava que os colegas se manifestassem durante a reunião antes do Pan.

Ricardinho fez questão de dizer que deixou de discutir questões de premiação com a confederação em 2005. Contudo, ele acredita que uma decisão relacionada ao prêmio do Pan-Americano pode ter piorado o "desgaste" apontado por Bernardinho como causa do corte do atleta.

"Foi feita uma votação entre os jogadores, com o dedo levantado, como se faz na escola, e a maioria decidiu não dividir o prêmio com a comissão. E eu levei essa decisão para eles. Acho que isso pode ter influenciado no meu corte", disse.

O levantador também deu sua versão sobre a polêmica em relação ao prêmio por ter sido eleito o melhor jogador da Liga Mundial, encerrada pouco antes do Pan. Ele afirmou que não teria como ficar com todo o valor. "Esse dinheiro não vem para a minha conta. A FIVB (Federação Internacional de vôlei) passa pra CBV, que faz a divisão. Desde 2002 foi assim".

Sobre as chances de retorno à seleção, Ricardinho diz que a possibilidade existe, mas ainda é preciso tempo para resolver melhor a situação. "Tem volta sim, mas o Bernardinho precisa dar uma explicação publicamente, se ele quiser, ou entre quatro paredes. A cicatriz, neste momento, está aberta", ressaltou.

"Na reunião, o Bernardo expressou o que sentia. Disse que tinha um desgaste muito grande com as minhas cobranças, meus pedidos, que não eram meus, mas dos jogadores. Ele expôs tudo de uma forma muito agressiva. Não deveria ter feito daquela forma, diante do grupo, com a família que a gente construiu. Ele disse que não me suportava mais", acrescentou.

Ricardinho afirmou ainda que a "família Bernardinho", da qual fez parte, era uma "ilusão". "Para mim, pessoalmente, essa família não existe. Foi uma fantasia criada ali dentro e que eu não acredito mais."

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