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Coronavírus pode alterar Liga das Nações de vôlei: "Quadro é de apreensão"

Brasil foi vice-campeão da Liga das Nações de vôlei feminino em 2019; EUA levaram o título - Visual China Group via Getty Images/Visual China Group via Getty Images
Brasil foi vice-campeão da Liga das Nações de vôlei feminino em 2019; EUA levaram o título Imagem: Visual China Group via Getty Images/Visual China Group via Getty Images

Carolina Canossa

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/03/2020 10h29

A ameaça trazida pelo coronavírus, que já causou a suspensão ou o adiamento de diversos eventos ao redor do mundo, também pode provocar mudanças drásticas no calendário do vôlei. Segundo torneio de seleções mais importante da temporada, atrás apenas da Olimpíada de Tóquio, a Liga das Nações (Volleyball Nations League, ou VLN, em inglês) está mantida neste momento, mas pode ser adiada. A possibilidade de cancelamento só ocorreria em um caso extremo, o que é improvável no momento.

"Estamos monitorando, sobretudo na FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Esta semana todos os países que participam da VNL estão fazendo um painel para entender a situação", afirmou Marco Túlio Teixeira, membro do Comitê de Administração da FIVB e vice-presidente da Confederação Sul-americana de Vôlei (CSV), em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

De acordo com o dirigente, a situação deve ficar mais clara nos próximos dias. "Acredito que de 15 a 20 de março teremos um quadro melhor, mas hoje a VNL está mantida. A FIVB está trabalhando para monitorar o quadro e entendendo a dificuldade de cada país. Hoje mesmo a situação está melhor", explicou. O tamanho do torneio faz com que o cancelamento seja uma possibilidade que só aconteceria em caso de a epidemia se agravar muito e está praticamente descartada. "É uma logística grande", complementou.

A opção de mudar as datas esbarra na própria possibilidade de a Olimpíada de Tóquio, atualmente prevista para ser realizada de 24 de julho a 9 de agosto, sofrer mudanças. Criada em 2018 para substituir a Liga Mundial e o Grand Prix, a Liga das Nações tem sua disputa feminina programa para ocorrer de 19 de maio a 5 de julho no feminino e 22 de maio a 5 de julho no masculino. "O quadro é de apreensão, temos que ficar esperando", destacou Teixeira.

A maior preocupação está na movimentação das delegações de países que estão no epicentro da crise, caso de China, Itália, Irã, Japão e Coreia do Sul, já que o regulamento da disputa prevê cinco semanas de jogos em sedes diferentes. Uma possibilidade, inclusive, é que os integrantes destas seleções sejam submetidos a uma quarentena com isolamento de 15 dias para descartar a possibilidade de estarem infectados. Como o coronavírus é altamente contagioso e pode ser transmitido de forma assintomática, a medida evitaria que alguém espalhe o vírus antes mesmo de saber que tem a doença.

Ao todo, cinco etapas da fase classificatória da VNL feminina estão previstas para serem jogadas na China, uma na Itália, uma na Coreia do Sul e uma no Japão, além da fase final, programada para a cidade chinesa Nanquin. A seleção feminina tem partidas programadas para a Coreia do Sul na quinta semana do torneio e também receberá jogos em Cuiabá (MT) e Brasília (DF) nas duas primeiras semanas de disputa.

No masculino, serão, a princípio, três etapas na China, duas no Japão, uma no Irã e uma na Itália, país para o qual também está programada a disputa do título, na cidade de Turim. A seleção brasileira joga a quarta semana da fase de classificação no Irã e receberá adversários em Brasília (DF) e Campo Grande (MS) respectivamente na segunda e na quinta semana de disputas. A questão das sedes, especialmente das finais, é o que menos preocupa a FIVB, de acordo com Teixeira. "Existe um plano B para os locais. O problema maior está na participação das equipes", afirmou.

Através de um comunicado, a FIVB se pronunciou de forma oficial:

"A principal preocupação da FIVB é a saúde e o bem-estar de todos os nossos atletas, oficiais e fãs. A FIVB está monitorando o surto de coronavírus muito de perto e a cada hora. Esta é uma questão global muito veloz e estamos em consulta regular às autoridades nacionais e globais, incluindo o Comitê Olímpico Internacional e a Organização Mundial da Saúde, para determinar qualquer impacto potencial nos próximos eventos da FIVB. Caso seja necessário fazer alguma alteração em nosso calendário de competições, alertaremos todas as partes interessadas da FIVB na primeira oportunidade".

JOGOS NA PRAIA E INDOOR JÁ FORAM ADIADOS

A menor logística demandada pelo vôlei de praia fez com a que FIVB agisse mais rápido na modalidade, adiando o torneio quatro estrelas de Yangzhou (China), válido pelo Circuito Mundial, de abril para o segundo semestre, e cancelando o torneio três estrelas de Bandar Abbas (Irã), que ocorreria esta semana, e de quatro estrelas de Siming (China), que seria realizado de 29 de abril a 3 de maio.

Partidas dos Campeonatos Italiano, Coreano e até da Champions League também sofreram modificações, com alterações de data e mando. No Japão, a final do campeonato local foi realizada com portões fechados para minimizar o risco de infecção.