Levantadora da seleção reforça luta contra homofobia: "é vontade de mudar"

A levantadora Naiane tem apenas 22 anos. Pela segunda temporada consecutiva, ela faz parte da seleção brasileira. Mas, não é somente para a renovação da seleção de José Roberto Guimarães que ela se torna importante. Como figura pública, ela assume um papel importante para a sociedade.

Naiane tem uma namorada e não esconde isso de ninguém. Em diversas oportunidades, ela declara seu amor pela companheira. Mais que isso, assume um papel de lutar pelas minorias sempre em busca de diminuir o preconceito.

“Acho que pessoas públicas não deviam se limitar em simplesmente vender uma certa imagem. Vai além disso, vai além da minha profissão, além do meu dia a dia, quando a gente traz esses assuntos em questão, é uma questão de humanidade, é a vontade de mudar certas realidades pra que todo mundo viva num lugar seguro, com respeito e onde a felicidade exista pra todos”, disse a atleta.

A vontade de lutar contra injustiças vem de casa. Segundo ela, sua mãe sempre conversou muito com ela e com a irmã sobre assuntos políticos e sociais, sempre questionando e vendo coisas por outro ângulo.

E a levantadora mostra que cumpriu bem o papel passado por sua mãe. Naiane diz nunca ter sofrido com homofobia em sua trajetória, mas, já viu amigos passando por isso.

“Não diretamente comigo (tive casos de homofobia), mas já vi cenas acontecerem e sempre que acontece algo do tipo, eu me manifesto. Não dá para aceitar ‘brincadeirinhas’. Sempre me posicionei, mas já vi de perto coisas acontecerem com meus amigos. Até convivo diariamente com o sofrimento de alguns”, completou.

Outra atitude que incomoda a jovem jogadora é a necessidade que algumas pessoas têm de obrigar as pessoas a revelarem a orientação sexual. Recentemente, durante um festival de música, uma atleta foi filmada beijando sua namorada sem autorização.

“Eu acho um absurdo. Não entendo a intenção de alguém quando tem uma postura dessa. Não cabe mais nos dias de hoje ter certos comportamentos. É completamente invasivo e até contraditório, porque as mesmas pessoa que expõem as outras, são as mesmas que dizem ‘vão cuidar da vida de vocês’. Certas coisas revoltam”, falou.

“Sempre digo que sim (as pessoas deveriam assumir a orientação), mas cada um tem o seu tempo e sexualidade é algo tão pessoal que cada uma fala se achar que deve. Sei que hoje sou mais feliz por viver sem ‘jaulas’, mas, cada um escolhe o que é melhor pra si”, finalizou.

Oportunidade na seleção

Ao falar sobre a seleção brasileira, com quem conquistou o Torneio de Montreux neste mês, Naiane comemorou o momento da carreira.

“Fiquei bem feliz com a convocação, de poder entrar nesse cenário. Espero poder conquistar meu espaço cada vez mais. É super importante jogar esses campeonatos e evoluir profissionalmente”, destacou.

Apesar do título, a levantadora sabe que o time tem muito a melhorar para o ciclo olímpico. “Nosso time tem pouco tempo de entrosamento e precisamos melhorar, claro que isso se ganha no dia a dia. Mas acho que ganhar o campeonato nos trouxe a visão de que temos tudo pra dar certo. O trabalho continua e o foco já é o Grand Prix”, completou.