Com bela atuação e Itália abaixo, Brasil atropelou com direito a 25-7 no 3º set |
Se a ideia do Brasil era “matar” a Itália, pode-se dizer que a seleção conseguiu até com um certo requinte de crueldade. Nesta quarta-feira, no encerramento da primeira fase do Mundial feminino de vôlei, o Brasil venceu o clássico por 3 sets a 0, com parciais de 25-16, 25-19 e 25-7, e deu um passo enorme rumo às semifinais do campeonato.
Agora é assim. Em quadra, a seleção brasileira feminina de vôlei atropela. Na saída do jogo, o técnico José Roberto Guimarães dá entrevista elogiando a equipe, mas é interrompido pelas entusiasmadas jogadoras. Elas aproveitam o espaço na TV para mandar recados.
Ao ser questionado sobre o que esperava da segunda fase do Campeonato Mundial, Zé Roberto respondia: "Eu espero...". Não deu tempo. O som de "Murilo, te amo" foi o primeiro recado ouvido. Era a ponteira Jaqueline em declaração ao marido e jogador do Sesi-São Paulo e da seleção brasileira – eleito, aliás, o melhor do Mundial masculino. Em seguida apareceram Sassá, Thaísa, Camila Brait, Fabiana...
E a entrevista de Zé Roberto chegou ao fim. Assim como ocorreu após a convincente vitória por 3 a 0 sobre a Holanda. Desta vez, a interrupção ocorreu após o passeio contra a rival Itália. Nas partidas em que não atuou bem, a festa não ocorreu.
Com o resultado, o Brasil avança à segunda fase com 100% de aproveitamento. A seleção vai jogar agora contra Estados Unidos, Alemanha, Cuba e Tailândia. E apenas uma catástrofe vai tirar a seleção da briga por um lugar no pódio.
Isso porque o grupo também terá Itália, Holanda e República Tcheca. Assim, os resultados do Brasil contra essas três seleções na primeira fase serão computados na segunda. Traduzindo: o Brasil já começa a nova fase com três vitórias.
Por tudo isso, o jogo contra a Itália era considerado fundamental pela seleção. E as meninas prometeram entrar com vibração e alegria em quadra. Foi exatamente isso que aconteceu. No ginásio lotado, com público amplamente favorável ao Brasil, a seleção mostrou um excelente voleibol.
"Foi legal que hoje a gente estava com esse pensamento de matar as italianas. No aquecimento teve uma menina que deu uma bolada na Adenízia. Era o que faltava. A gente falou que ia partir para cima", conta a capitã Fabiana.
Logo no começo do jogo o Brasil mostrou essa vontade assassina. O bloqueio, que falhou no jogo de terça contra Porto Rico, foi responsável por dois dos três primeiros pontos da seleção.
O fundamento funcionou durante toda a partida, principalmente porque o saque brasileiro encaixou bem. A ponteira Piccinini, alvo preferido das sacadoras brasileiras, não estava bem na recepção. Com isso, o ataque italiano ficou frágil. E, se a bola passava do bloqueio, encontrava na líbero Fabi um grande obstáculo para cair no chão.
No ataque, o destaque ficou com Natália. Em seu primeiro Mundial, a ponteira mostra cada vez mais personalidade. Mesmo jogando um clássico contra uma das potências do campeonato, Natália ataca como se estivesse disputando uma partida da Superliga.
Com tudo isso, a Itália só ficou à frente em um único momento do jogo: no primeiro ponto do terceiro set. No restante da partida, só deu Brasil. Na primeira parcial, a seleção fechou em 25-16 após um erro de Del Core. No segundo, em 25-19, após um ataque de Natália.
Já o terceiro set foi uma verdadeira aula da seleção brasileira. Aproveitando a boa passagem de Natália no saque, a vibração das jogadoras em quadra e a apatia da adversária, o Brasil abriu incríveis 20-5. No final, Jaqueline fechou o jogo em 25-7. Um verdadeiro requinte de crueldade.
"A gente tinha acertado um esquema de jogo. A Fabíola fez um trabalho muito bom no bloqueio. A Sheilla também conseguiu segurar a Ortolani e a Piccinini. O time foi quase perfeito. Fizemos uma partida que vai entrar para a história", elogiou o técnico José Roberto Guimarães.
No lado italiano, a decepção era nítida. O técnico Massimo Barbolini não conseguia encontrar uma explicação para a derrota. "As brasileiras jogaram de uma maneira muito forte. Elas colocaram muita pressão no saque, no bloqueio, na defesa, em tudo. Temos que dizer que hoje o Brasil é mais forte do que a Itália", reconheceu o treinador.
A estreia do Brasil na segunda fase do Mundial será no sábado, em Nagoya, contra a Tailândia. O jogo vai começar às 4h30, no horário de Brasília.
BRASIL Fabíola e Sheilla; Jaqueline e Natália; Fabiana e Thaísa; Fabi. Entraram: Sassá e Joycinha ITÁLIA Lo Bianco e Ortolani; Piccinini e Del Core; Gioli e Arrighetti; Cardullo. Entraram: Barcellini, Bosetti, Di Iulio e Rondon |
MIRA CERTEIRA No aquecimento, uma bola de Fabi acertou a cabeça de dois jornalistas que estavam ao lado da quadra. | EM ALERTA José Roberto Guimarães estava aceso no jogo. O técnico conversou com as jogadoras em praticamente todos os pontos. |
PERIGO Na saída da quadra, torcedores atiravam um pacote para as jogadoras. Um deles, bastante pesado, fez um barulho quando caiu no chão e assustou Thaísa. | NERVOSINHOS Após a partida, jornalistas italianos ficaram irritados e discutiram com os organizadores por causa da conexão à internet na sala de imprensa. |
Natália Cada vez mais confiante em quadra, marcou 25 pontos. Teve mais de 60% de aproveitamento no ataque. | Piccinini Péssima na recepção e nula no ataque; musa italiana teve uma partida para esquecer. | ||
Thaísa Fez cinco pontos de bloqueio, sete de ataque e ainda provocou as italianas na rede. | Lo Bianco Não jogou com passe na mão. Mas não justificou status de melhor levantadora do mundo ao insistir em Piccinini e jogadas de china e variar pouco. |
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