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Divulgação/FIVB

Com bela atuação e Itália abaixo, Brasil atropelou com direito a 25-7 no 3º set

03/11/2010 - 08h14

Brasil "mata" a Itália e fica perto da vaga nas semifinais do Mundial

Lello Lopes
Em Hamamatsu (Japão)

Se a ideia do Brasil era “matar” a Itália, pode-se dizer que a seleção conseguiu até com um certo requinte de crueldade. Nesta quarta-feira, no encerramento da primeira fase do Mundial feminino de vôlei, o Brasil venceu o clássico por 3 sets a 0, com parciais de 25-16, 25-19 e 25-7, e deu um passo enorme rumo às semifinais do campeonato.

ROTINA APÓS BOAS VITÓRIAS

Agora é assim. Em quadra, a seleção brasileira feminina de vôlei atropela. Na saída do jogo, o técnico José Roberto Guimarães dá entrevista elogiando a equipe, mas é interrompido pelas entusiasmadas jogadoras. Elas aproveitam o espaço na TV para mandar recados.

Ao ser questionado sobre o que esperava da segunda fase do Campeonato Mundial, Zé Roberto respondia: "Eu espero...". Não deu tempo. O som de "Murilo, te amo" foi o primeiro recado ouvido. Era a ponteira Jaqueline em declaração ao marido e jogador do Sesi-São Paulo e da seleção brasileira – eleito, aliás, o melhor do Mundial masculino. Em seguida apareceram Sassá, Thaísa, Camila Brait, Fabiana...

E a entrevista de Zé Roberto chegou ao fim. Assim como ocorreu após a convincente vitória por 3 a 0 sobre a Holanda. Desta vez, a interrupção ocorreu após o passeio contra a rival Itália. Nas partidas em que não atuou bem, a festa não ocorreu.

Com o resultado, o Brasil avança à segunda fase com 100% de aproveitamento. A seleção vai jogar agora contra Estados Unidos, Alemanha, Cuba e Tailândia. E apenas uma catástrofe vai tirar a seleção da briga por um lugar no pódio.

Isso porque o grupo também terá Itália, Holanda e República Tcheca. Assim, os resultados do Brasil contra essas três seleções na primeira fase serão computados na segunda. Traduzindo: o Brasil já começa a nova fase com três vitórias.

Por tudo isso, o jogo contra a Itália era considerado fundamental pela seleção. E as meninas prometeram entrar com vibração e alegria em quadra. Foi exatamente isso que aconteceu. No ginásio lotado, com público amplamente favorável ao Brasil, a seleção mostrou um excelente voleibol.

"Foi legal que hoje a gente estava com esse pensamento de matar as italianas. No aquecimento teve uma menina que deu uma bolada na Adenízia. Era o que faltava. A gente falou que ia partir para cima", conta a capitã Fabiana.

Logo no começo do jogo o Brasil mostrou essa vontade assassina. O bloqueio, que falhou no jogo de terça contra Porto Rico, foi responsável por dois dos três primeiros pontos da seleção.

O fundamento funcionou durante toda a partida, principalmente porque o saque brasileiro encaixou bem. A ponteira Piccinini, alvo preferido das sacadoras brasileiras, não estava bem na recepção. Com isso, o ataque italiano ficou frágil. E, se a bola passava do bloqueio, encontrava na líbero Fabi um grande obstáculo para cair no chão.

No ataque, o destaque ficou com Natália. Em seu primeiro Mundial, a ponteira mostra cada vez mais personalidade. Mesmo jogando um clássico contra uma das potências do campeonato, Natália ataca como se estivesse disputando uma partida da Superliga.

Com tudo isso, a Itália só ficou à frente em um único momento do jogo: no primeiro ponto do terceiro set. No restante da partida, só deu Brasil. Na primeira parcial, a seleção fechou em 25-16 após um erro de Del Core.  No segundo, em 25-19, após um ataque de Natália.

Já o terceiro set foi uma verdadeira aula da seleção brasileira. Aproveitando a boa passagem de Natália no saque, a vibração das jogadoras em quadra e a apatia da adversária, o Brasil abriu incríveis 20-5. No final, Jaqueline fechou o jogo em 25-7. Um verdadeiro requinte de crueldade.

"A gente tinha acertado um esquema de jogo. A Fabíola fez um trabalho muito bom no bloqueio. A Sheilla também conseguiu segurar a Ortolani e a Piccinini. O time foi quase perfeito. Fizemos uma partida que vai entrar para a história", elogiou o técnico José Roberto Guimarães.

No lado italiano, a decepção era nítida. O técnico Massimo Barbolini não conseguia encontrar uma explicação para a derrota. "As brasileiras jogaram de uma maneira muito forte. Elas colocaram muita pressão no saque, no bloqueio, na defesa, em tudo. Temos que dizer que hoje o Brasil é mais forte do que a Itália", reconheceu o treinador.

A estreia do Brasil na segunda fase do Mundial será no sábado, em Nagoya, contra a Tailândia. O jogo vai começar às 4h30, no horário de Brasília.

FICHA DO JOGO

BRASIL
Fabíola e Sheilla; Jaqueline e Natália; Fabiana e Thaísa; Fabi. Entraram: Sassá e Joycinha

ITÁLIA
Lo Bianco e Ortolani; Piccinini e Del Core; Gioli e Arrighetti; Cardullo. Entraram: Barcellini, Bosetti, Di Iulio e Rondon

DIRETO DO GINÁSIO

MIRA CERTEIRA
No aquecimento, uma bola de Fabi acertou a cabeça de dois jornalistas que estavam ao lado da quadra.
EM ALERTA
José Roberto Guimarães estava aceso no jogo. O técnico conversou com as jogadoras em praticamente todos os pontos.
PERIGO
Na saída da quadra, torcedores atiravam um pacote para as jogadoras. Um deles, bastante pesado, fez um barulho quando caiu no chão e assustou Thaísa.
NERVOSINHOS
Após a partida, jornalistas italianos ficaram irritados e discutiram com os organizadores por causa da conexão à internet na sala de imprensa.

MELHORES E PIORES

Natália
Cada vez mais confiante em quadra, marcou 25 pontos. Teve mais de 60% de aproveitamento no ataque.
Piccinini
Péssima na recepção e nula no ataque; musa italiana teve uma partida para esquecer.
Thaísa
Fez cinco pontos de bloqueio, sete de ataque e ainda provocou as italianas na rede.
Lo Bianco
Não jogou com passe na mão. Mas não justificou status de melhor levantadora do mundo ao insistir em Piccinini e jogadas de china e variar pouco.

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