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Andrew Medichini/AP

Seleção brasileira faz a festa após a conquista do tricampeonato mundial na Itália

10/10/2010 - 17h35

Brasil apaga polêmica, vence temida Cuba e fatura o tricampeonato mundial

Roberta Nomura
Em Roma (Itália)

O Brasil foi acusado de perder de propósito para cair em chave mais fácil na terceira fase e evitar Cuba. Neste domingo, a seleção brasileira masculina de vôlei provou que não precisava ‘fugir’ dos caribenhos. Com um convincente 3 a 0 (25-22, 25-14 e 25-22) no lotado Palalottomatica, em Roma, os comandados de Bernardinho deixaram a polêmica derrota para a Bulgária no passado para ratificar a hegemonia no Campeonato Mundial. Agora, são tricampeões.

IMAGENS DO TÍTULO BRASILEIRO

  • Cuba não conseguiu repetir suas boas atuações

  • Bruninho superou uma lesão sofrida na semifinal para ser titular e brilhar na partida decisiva

Ninguém mais venceu a competição nesta década. Campeão em 2002, 2006 e 2010, o Brasil iguala feito da Itália na casa do rival. A Azzurra era a única seleção dona de três títulos consecutivos (1990, 1994 e 1998) e agora divide o posto. A Sérvia completa o pódio ao vencer os anfitriões novamente com casa cheia (12 mil pessoas).

Mesmo frustrados com a derrota da Itália na disputa pelo bronze, o público permaneceu no Palalottomatica. A maioria dos 11.605 presentes aderiu à torcida cubana. No entanto, o Brasil focava outras preocupações. A equipe tinha que superar a ‘maldição’ dos levantadores. Marlon perdeu as duas primeiras fases por causa de uma colite ulcerativa (inflamação crônica intestinal). Agora, era a vez de Bruninho com dores no tornozelo.

O titular foi para o sacrifício e o Brasil entrou em quadra com o roteiro muito bem traçado na cabeça. A principal preocupação em relação ao outro lado da rede era o bloqueio cubano. Mas o Brasil fez mais. Marcou bem as principais armas caribenhas e teve atuação de gala.

A estratégia de iniciar o saque com Murilo tem dado certo. O ponteiro tem um dos melhores serviços do Mundial e logo de cara já complicou a recepção adversária, em repetição do que já ocorrera em outros jogos na competição. Bombardear o jovem Leon foi outra tática mantida e trazida da primeira fase.

O que o Brasil também absorveu bem da etapa em Verona foi a derrota para Cuba. Antes da final, os jogadores brasileiros já advertiam para o forte bloqueio caribenho, o melhor da competição. Sabiam que não podiam enfrentá-lo na força. E foi com categoria e explorando o paredão que o time verde-amarelo abriu confortável vantagem.

A reação adversária aconteceu principalmente quando a defesa brasileira deu espaço para Simon, que teve 100% de aproveitamento em quatro ataques. Mas à seleção brasileira restou administrar para fazer então 1 a 0 (25-22). Ainda na primeira fase, Dante avisou: Cuba na frente do placar é como uma boiada estourada e ninguém segura.

E o Brasil trouxe isso também para a decisão. Não deixou os cubanos comandarem o marcador em nenhum momento. Novamente com boa passagem de Murilo pelo saque, já abriu enorme vantagem (4-0). Principal arma cubana, o bloqueio deixou a desejar. Do outro lado da rede, o time verde-amarelo mostrou como armar um paredão. Fez somente dois pontos efetivos na segunda parcial, mas tocou na maioria das bolas. E o passeio foi ratificado com um 25-14.

OPINIÃO DOS BLOGUEIROS

Bruno Voloch
Brasil provou que fez a escolha 'errada' e arrasou Cuba
Juca Kfouri
A exemplo do que fez ontem a Itália, a seleção simplesmente triturou Cuba

Após um começo de campeonato irregular, Vissotto foi o destaque brasileiro na semifinal contra a Itália e deu o recado. Disse ser decisivo e gostar de jogos assim. Cuba não entendeu. O oposto brasileiro usou a força e soube cravar quando preciso e explorar o bloqueio rival. Dante usou a experiência. O ponteiro atacava com categoria na mão de fora do paredão rival e saia para a comemoração.

Com um jogo muito consistente e uma Cuba irreconhecível, o Brasil encontrou facilidade. Pelo segundo dia consecutivo, o time verde-amarelo  frustrou a numerosa torcida italiana, que termina a competição sem ver seu time no pódio pelo terceiro Mundial consecutivo. E novamente terá que ouvir o hino nacional brasileiro.

FICHA DO JOGO

BRASIL
Bruninho, Vissotto, Murilo, Rodrigão, Lucão, Dante e Mario Júnior. Entraram Theo e Marlon

CUBA
Leon, Leal, Camejo, Simon, Hierrezuelo, Hernandez e Gutierrez. Entraram Cepeda, Bell e Diaz

DIRETO DO GINÁSIO

PODER PERSUASÃO
O levantador Bruninho ainda sentia dores no tornozelo durante aquecimento. Fez caretas e mancou. Mas em conversa com Marlon na rede, confirmou que iria para o jogo após convencer também a comissão.
EDUCAÇÃO
Algoz da Itália, o Brasil voltou a ser vaiado. Mas durante o hino nacional, a torcida italiana demonstrou respeito. As palmas oferecidas a Cuba também foram ouvidas para os brasileiros.
BARBADA
A confiança na vitória por 3 a 0 era tão grande que a delegação sérvia entrou no ginásio no meio da terceira parcial e ficou por lá para receber a medalha de bronze
VOZ DE COMANDO
O capitão Giba agora é reserva, mas foi ele quem comandou os três peixinhos em referência aos três títulos mundiais. No terceiro contou com a ajuda do público para contar até três
SOLIDARIEDADE
Com dores no pé por causa de pisão de Leon, Murilo foi carregado pelo líbero reserva Alan e João Paulo Tavares no início da volta olímpica
FESTA DA COMISSÃO
Não foram os jogadores que festejaram a conquista. A estatística Roberta Giglio foi levantada por Lucão. O médico Álvaro Chamecki e o fisioterapeuta Guilherme Tenius (Fiapo) tiraram fotos sentados no lugar mais alto do pódio
FANFARRA
O presidente da CBV (Confederação Brasileira de Voleibol), Ary Graça, vestiu a camisa comemorativa do título. Depois de tirar foto com toda a equipe, foi ao pódio e deitou no lugar mais alto. Os fotógrafos saíram correndo e se espremeram para não perder o momento
VIRA-CASACA
Não bastasse ter assumido a torcida pelo Brasil contra a Itália, o motorista do ônibus da seleção brasileira ficou com a camisa de Alan durante toda a final. Ele deu a volta olímpica e ainda saiu na foto oficial

MELHORES E PIORES

Vissotto
Depois de um começo de campeonato inconstante, reagiu na reta final e coroou esse momento com a melhor atuação da decisão
Simon
Não conseguiu repetir as grandes atuações de todo o torneio, foi muito bem marcado no jogo e acabou perdendo a confiança
Dante
Foi um dos jogadores mais constantes da partida e conseguiu acalmar o time nos poucos momentos em que Cuba esboçou reação
Hernandez
Um dos destaques do time no Mundial, não brilhou nem mesmo no saque e acabou substituído no último set da decisão

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