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O jogo por trás do jogo. Com Jamil Chade e Julio Gomes


Futebol sem Fronteiras #40: Ingleses 'cancelam' Abramovich. Como fica o Chelsea?

Do UOL, em São Paulo

11/03/2022 15h47

Duas das figuras mais influentes - e controversas - do futebol europeu nos últimos tempos estão sob um cerco cada vez maior. Roman Abramovich, oligarca russo com ligações com Vladimir Putin, e Nasser Al-Khelaïfi, magnata qatariano vinculado ao governo do seu país, estão na mira das autoridades. A reviravolta na situação de ambos influencia diretamente Chelsea e Paris Saint-Germain, que estão, respectivamente, sob comando de cada um deles.

No podcast Futebol sem Fronteiras #40 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade conversaram sobre os efeitos que Chelsea e PSG devem sentir por conta dos últimos acontecimentos com seus líderes.

No caso de Abramovich, o governo do Reino Unido congelou os bens do bilionário nesta quinta-feira (10). A medida faz parte de uma série de sanções impostas pelas autoridades britânicas a magnatas russos ligados a Putin, por conta da invasão à Ucrânia e à guerra na região. A punição afetou diretamente o Chelsea, que está proibido de contratar jogadores e até mesmo de vender ingressos. O processo de venda do clube também foi interrompido.

"Fico só imaginando como a torcida do Palmeiras não gostaria que isso tudo tivesse acontecido antes", brincou Jamil, referindo-se à derrota do Verdão para o time londrino na final do Mundial de Clubes da Fifa, em fevereiro. "Certamente estaríamos falando de outro time e esse Chelsea abalado por tudo o que está acontecendo não chegaria com a mesma capacidade de reação e de concentração", comentou.

Jamil explicou que as punições impostas pelos Estados Unidos e diversos países europeus atingem cerca de 850 magnatas russos. Esta elite econômica tem fortes ligações com o governo Putin, e atingir diretamente alguns de seus apoiadores mais poderosos seria parte de uma estratégia para minar o líder da Rússia. Como Abramovich faz parte deste rol, seus bens foram congelados - e o Chelsea também sente os efeitos dessas medidas na pele.

"Estamos no meio de uma guerra, que se transformou no centro de todas as atenções militares, políticas, diplomáticas, mas também econômicas. Qual é o objetivo do Ocidente neste momento? Sufocar o governo Putin e a economia russa para obrigá-lo a mudar de ideia, ou pelo menos puni-lo pela invasão da Ucrânia", disse Jamil.

Julio questionou por que o governo britânico só se incomodou agora com a fortuna de Abramovich, cuja origem gera suspeitas há muitos anos. "É uma cara-de-pau dos ingleses cancelar o Abramovich agora. A imprensa inglesa pergunta há 18 anos 'quem é esse cara? De onde vem o dinheiro dele?'. Essas perguntas foram feitas por tanto tempo que 'normalizou-se' o Abramovich. O Putin resolveu fazer uma guerra e agora a Inglaterra está preocupada com o dinheiro do Chelsea? Com a compra do Newcastle pela ditadura do governo da Arábia Saudita está tudo certo. A dinheirama que entra no Manchester City de Abu Dhabi também está tudo certo, assim como vários dinheiros 'esquisitos' que fazem da Premier League o maior campeonato de futebol do mundo", observou o colunista do UOL.

Com as sanções a Abramovich, Jamil mostrou como o Chelsea viu sua vida ficar de pernas para o ar. Grosso modo, não pode entrar dinheiro no clube londrino. "O governo britânico foi obrigado a fazer uma licença especial para que o Chelsea continue a funcionar. Porém há algumas condições. A primeira delas: o Abramovich não pode vender o Chelsea. O clube também não pode mais vender ingressos para o restante da temporada, vender jogadores e direitos de televisão, fazer novos contratos. Você congela o ativo, mas mantém a operação", destacou.

O correspondente internacional e colunista do UOL também estranhou a demora do governo britânico para agir com relação a Abramovich. "Há um estrangulamento real que vai atingir o clube. Eu nunca havia ouvido falar de uma torcida de braço dessa proporção usando o futebol. É novo, mas hipócrita. Levou 15 dias para ser feito", disse. Julio acredita que o conflito se encerrará em breve, e logo o processo de venda do Chelsea será retomado. "A esperança é que acabe logo essa guerra e que tenha um desfecho rápido. Algo me diz que as coisas voltarão ao normal e Abramovich vai vender o Chelsea", completou.

Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também a polêmica em torno de Nasser Al-Khelaïfi. O Ministério Público da Suíça pediu a prisão do presidente do PSG, suspeito de participar de um acordo corrupto para que a beIN Media, companhia pertencente ao empresário qatariano, ganhasse os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030.

Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 15h no Canal UOL.

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